Menos participantes no Dia do Emigrante na Expoeste

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Houve festa animada para celebrar a diáspora, apesar de só terem participado 300 emigrantes. Há alguma preocupação com a continuidade desta celebração pois são cada vez menos os que vêm participar neste convívio

No palco houve palavras dos autarcas e de responsáveis da Associação Regional Caldense

Na quarta-feira, 7 de agosto, foi assinalado o Dia do Emigrante nas Tasquinhas. O evento perdeu o fulgor de outros anos, facto que o edil caldense atribuiu à pandemia. “No ano passado retomámos a iniciativa em moldes idênticos e tivemos uma participação abaixo das nossas expetativas de 400 e poucas pessoas”, disse Vítor Marques que, por isso, e como “contamos com um número ainda menor, de 300 emigrantes, decidimos fazer apenas um lanche”. Números estes bem abaixo do habitual milhar que se registava nas edições, antes do Covid.
O presidente crê que esta diminuição se deve a novos fluxos da emigração, no entanto afirmou que a autarquia “quer continuar a acarinhar os emigrantes. Muitos contribuíram para a economia local”. Na sua opinião, atualmente “continua haver muito emigração mas há viagens regulares e as video-chamadas também permitem uma maior aproximação”.
Jorge Ventura, da Associação Regional Caldense (ARC) acha que a celebração tinha “muito menos pessoas e só soubemos do programa com oito dias de antecedência. Foi muito em cima da hora!”. Antes era sempre no dia em que a Rebeca cantava e era quase sempre “no final das tasquinhas”. Na sua opinião continua a ser importante esta comemoração pois nos EUA, “ainda temos muitos emigrantes que são originários de todo o concelho”. Com a abertura de fronteiras, este emigrante crê que hoje se emigra mais para os restantes países da Europa. “Tenho uma neta que vem estagiar para as Caldas pelo segundo verão consecutivo”, disse o dirigente cuja familiar estuda Arquitetura e Design de Interiores.
Joaquim Januário, 80 anos, está emigrado nos EUA há 55 anos. Na sua opinião, a Festa do Emigrante deste ano “está mesmo muito pobre… Estamos muito desapontados!”. Este emigrante deixou bem claro que preferia que tivesse sido feito o almoço-convívio, como era habitual nos anos anteriores. “Acho que o ambiente era mais bonito”, disse.

Joaquim Januário já se divide entre os EUA e as Caldas

Joaquim Januário vive no estado de Nova Iorque e dedicou a sua vida à construção civil. “Neste momento já me divido entre as Caldas e os EUA” e diz que a sua família acaba por manter a ligação com terras lusas pois continuam a vir passar as férias à região.
“Tenho lá três filhos, nove netos e um bisneto!”, disse orgulhoso o emigrante que recebeu parte familiares há bem pouco tempo para passar as férias de verão. “Os restantes também hão-de vir”, esclareceu Joaquim Januário que gosta que a sua família tenha ligação à região de onde é natural.
Na sua opinião hoje há muito menos emigração portuguesa para os Estados Unidos que agora “é originária de outros países”.
Também Maria Coutinho, de 69 anos, veio festejar o Dia do Emigrante. A conviva que agora vive nas Caldas esteve durante várias décadas nos EUA e estava a gostar de celebrar aqueles que partiram da sua terra natal em busca de uma vida melhor.
“Para mim, a festa está muito boa!”, referiu a emigrante que trabalhou perto de Nova Iorque, tendo-se dedicado às limpezas de casas.
A emigrante, que tem família nos dois lados do Atlântico, considera “muito importante” continuar a celebrar com esta festa- convívio dedicada aos que vivem ou viveram na diáspora.

O casal Belarmino e Dora Figueiredo já vieram há 20 anos de França. Voltam com regularidade a terras gaulesas por causa dos filhos e dos netos

Ir e voltar por causa da família
“Gostamos de vir a esta festa sobretudo por causa do convívio”, disse o casal Belarmino e Dora Figueiredo que já vieram de França 21 anos e não perdem a celebração do Dia do Emigrante.
Viveram em Bugeat (na zona de Correz) e também em Annecy, localidade da região da Alta Sabóia. Belarmino Figueiredo, de 82 anos, recordou os dias em que trabalhava numa fábrica de produção de queijo ao passo que a sua esposa sempre laborou com a venda de produtos portugueses como bacalhau ou cerveja sobretudo às associações. “Foi assim a nossa vida durante mais de 40 anos!”, disseram.
O casal Figueiredo continua a ir a França regularmente pois “temos lá os nossos filhos e netos”. E estes vêm visitá-los às Caldas durante o verão.
“O meu neto há-de vir agora em setembro”, disse Dora Figueiredo que é de Lisboa enquanto que o seu marido é de Viseu. Mas já vivem nas Caldas há vários anos. “E gostamos muito, pois somos muito estimados por cá”, disse a emigrante, orgulhosa por pertencer ao Clube Sénior e também de ser madrinha de umas marchas populares do concelho.
“Este ano há poucos emigrantes….Não sei porquê….”, disse Belarmino Figueiredo que constatou que há muito menos participantes, levando até a temer que esta festa “possa acabar….”.
Conceição Ribeiro, de 71 anos, também esteve emigrada em Moçambique e posteriormente em África do Sul.
“Fui primeiro para Moçambique em 1966”, contou a conviva que para além de ter estudado também trabalhou num escritório.
“Depois, por causa da guerra, acabei por ir viver para África do Sul”, disse a emigrante que viveu perto de Pretória e também em Durban. Conceição Ribeiro tem três filhos: o mais velho nasceu em Lourenço Marques e os outros dois nasceram, respetivamente, em diferentes localidades de África do Sul. “Já todos regressaram a Portugal”, contou Conceição Ribeiro para quem esta festa “é importante pois permite o convívio e rever pessoas com quem estive em África”.
A festa foi seguida de baile com música ao vivo e no final da atuação subiram ao palco vários autarcas e representantes da Associação Regional Caldense (ARC). Nuno Aleixo, presidente da União de Freguesias de Sto. Onofre e da Serra do Bouro afirmou que “gosto de ver esta casa cheia de emigrantes pois eu e os meus pais também fomos e sabemos o que é sentir saudades da nossa terra e das nossas gentes!”.
Vítor Marques referiu que a autarquia quer continuar a acarinhar os seus emigrantes e prometeu que, para o próximo ano, “tudo faremos para ter uma festa maior e comunicada com mais tempo de antecedência. Será um convívio mais acalorado”, rematou o edil caldense.
Jorge Ventura da ARC, associação que está a celebrar o seu 41º aniversário, apelou aos emigrantes presentes para que se associem pois dita-lhe a sua experiência que entre os filhos e netos “não sei se há descendentes disponíveis para realizar o trabalho associativo”.
Ao final da tarde houve ainda uma cerimónia de homenagem no “Monumento ao Emigrante”, que está colocado numa das rotundas à entrada da cidade, junto à antiga sede da EDP. ■

Tasquinhas voltam de 8 a 17 de agosto de 2025

No encerramento foi destacado o trabalho voluntário dos participantes

Os representantes das tasquinhas e bares foram ao palco no último dia

As tasquinhas chegaram ao fim no passado domingo, 11 de agosto, depois de 10 dias a proporcionar uma grande diversidade gastronómica, animação e artesanato no recinto da Expoeste. O presidente da Câmara, Vítor Marques, na sessão de encerramento, referiu-se ao evento como o “maior da região”, convertendo a Expoeste num mega restaurante, com mais de dois mil lugares sentados. Este ano a gastronomia foi garantida apenas por 14 tasquinhas, quando no passado chegaram a ser mais de duas dezenas a participar no certame, que contou também com a participação de sete bares, 35 IPSS e associações, que mostraram as atividades que desenvolvem ao longo de todo o ano. No coração do recinto 35 artesãos das Caldas deram a conhecer o seu trabalho. “Temos mais de mil voluntários, que dia após dia estiveram nestas tasquinhas”, destacou o autarca, deixando-lhes um agradecimento e fazendo votos para que regressem no próximo ano, entre os dias 8 e 17 de agosto. Aludindo à canção dos Queen, “we are the champions”, cujo tributo à banda encerrou a edição das tasquinhas deste ano, Vítor Marques, insistiu que os “campeões” foram todos os que fizeram “desta festa a maior da região”.
O autarca salientou ainda que as tasquinhas são uma “forma de angariação de fundos para as associações poderem desenvolver as suas ações para todo o ano”.
A t-shirt preta envergada pelo apresentador João Carlos Costa, referente à luta pelo hospital nas Caldas, foi mote para o autarca lembrar que as Caldas continua a “lutar por um hospital com melhores condições. Queremos melhores condições de saúde, a nível hospitalar e de cuidados de saúde primários na nossa região”, disse, defendendo a construção de um hospital novo que satisfaça a região Oeste, nas Caldas da Rainha. “É isso que todos juntos juntos temos de reivindicar”, disse, apelando à mobilização de todos.
Momentos antes tinham subido ao palco todas as associações e coletividades que participaram na edição deste ano do Carnaval caldense, tendo-lhes sido atribuído uma oferta de participação, uma máscara em cerâmica, da autoria de Vanda Viegas.
O Grupo Motard São Rafael também subiu ao palco para sortear as rifas vendidas no âmbito da campanha de solidariedade para com o pequeno Duarte, um bebé que nasceu prematuro e foi diagnosticado com um síndrome muito raro denominado IPEX (desregulação imune, poliendocrinopatia e enteropatia, ligado ao cromossoma X). Atualmente está a receber tratamento em Marselha e, face às despesas que têm de ser suportadas pela família, o grupo motard lançou uma campanha de solidariedade. ■