Encontro de docentes, no CCC, marcou o início do ano letivo no Agrupamento de Escolas Raul Proença
Foi com uma longa definição do que é ser professor, dada pela Inteligência Artificial (AI), que o professor Rui Correia recebeu os participantes das Jornadas Pedagógicas do Agrupamento de Escolas Raul Proença, na manhã de 13 de setembro. Um texto “escrito por ninguém” que o docente partilhou com a audiência para mostrar o que têm pela frente: “a possibilidade de ir a um sítio procurar as ideias com que todos nós concordamos, que é tudo aquilo que deveríamos combater”, defendeu.
O coordenador das jornadas, que abrem o ano letivo naquele agrupamento, realçou que o futuro pretende dos professores é que sejam uma boa companhia e tenham serventia para os seus alunos. “Temos obrigação de sermos cultos, dar importância à cultura e levantar o braço quando se pergunta se nos preocupamos em refletir e pensar”, disse, apelidando-os como a “indústria da Utopia”.
Para Rui Correia, a escola é o “mais bem sucedido empreendimento da democracia portuguesa”, realçando o trabalho que tem sido feito ao longo dos anos na área da Educação. Aos professores é exigida uma obrigação em sala de aula: a de fazer com que os alunos percebam, através do seu exemplo, que a “paixão pela cultura, inesperado, insuspeito é cultivado todos os dias”, concretizou.
Subordinadas ao tema “o futuro no professor”, as jornadas contaram com a presença de diversos oradores, que falaram sobre temáticas como a aprendizagem, o digital e a educação, a inclusão e o que está para além da sala de aula. O psicólogo João Leite apresentou os cinco axiomas da aprendizagem, que considera importantes para mudar as práticas, nomeadamente nas escolas. O orador associou cada axioma a um dedo, para que os docentes “não se esqueçam que está nas suas mãos mudarem a aprendizagem”. A sua primeira evidência é a de que “toda a gente aprende” e que aprender é ligar a novidade com o que já sabemos. O segundo axioma, continuou o especialista, é que “toda a gente aprende à sua maneira”, e o terceiro é que o “direito de veto é de quem aprende”, realçando que os professores têm de saber definir se querem ensinar ou levar os alunos a aprender. “Aprendemos do agradável para o útil” e “nenhum ato educativo pode estar dissociado da autonomia, emancipação e iniciativa do aprendente”, completam os axiomas propostos pelo psicólogo.
Recepção aos novos docentes
O encontro começou com as boas vindas aos docentes que este ano integram o agrupamento. O diretor, João Silva, falou sobre os desafios mas também do que os diferencia dos restantes. Num ano letivo que começa com dificuldades ao nível dos assistentes técnicos e operacionais, o aumento da pressão dos alunos do primeiro e segundo ciclos e também dos alunos estrangeiros, João Silva falou da importância de continuarem a passar a imagem de “qualidade, exigência e preocupação”. João Silva projetou a música “Na escola”, dos Quatros e Meia, e pegando na letra, que fala das “tantas vezes fui à escola aprender coisas banais”, afirmou que todos têm obrigação de fazer com que a escola não seja banal para os seus alunos, mas que seja “diferenciadora, inspiradora”. O diretor defendeu também a importância da escola preparar o pensamento e as pessoas para o futuro. Enquanto agrupamento querem ser diferenciadores, conseguir preparar os alunos em múltiplas vertentes e extrair o melhor de cada um deles.
Também presente no encontro, a vereadora da Educação, Conceição Henriques, destacou o envolvimento da escola com os seus profissionais e como esta se perspetiva dentro da comunidade. Defendeu que a escola seja interventiva, enquanto agente de transformação, e que atualmente esta tem de viver num novo enquadramento: da inovação tecnológica, emergência climática e da multiculturalidade.
A autarca sensibilizou a plateia para a realização do Youth Summit, que decorre na última semana do mês, e que vai ter em foco questões como as eleições europeias. “Está na altura de começar a consciencializar os jovens da extraordinária importância de Portugal estar integrado na União Europeia”, defendeu.
Conceição Henriques informou ainda que a Carta Educativa do concelho já foi submetida ao Ministério da Educação há cerca de mês e meio. “Havia uma carta educativa concluída mas que não estava em condições de ser submetida e vimo-nos na contingência de fazer uma nova, de raiz”, explicou, destacando o trabalho da Universidade de Coimbra na sua concretização, “em tempo recorde”. ■