Desde o passado sábado que a Lagoa de Óbidos voltou a não ter comunicação com o mar. A “aberta” fechou totalmente nesse dia, e no fim-de-semana, durante a maré alta, ainda permitiu alguma ligação com o mar, mas na passada terça-feira o processo já parecia ser irreversível
A situação está a ser acompanhado pelos técnicos da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que estão a monitorizar o local. De acordo com o presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira, é agora importante que a Lagoa ganhe “corpo” de água para depois ter força para a expelir para o mar, tal como já aconteceu no passado. Um processo que poderá demorar algum tempo e que, se não for resolvido de forma natural, terá de o ser através da intervenção humana.
Tinta Ferreira acrescenta que actualmente a lagoa está menos poluída que no passado e que isso também possibilita que esta possa estar mais tempo fechada sem que se verifiquem danos ambientais.
Ainda antes do Verão deverão também começar as dragagens para abertura e aprofundamento dos canais da zona inferior (junto ao mar) da Lagoa. Estas decorrerão numa extensão de cerca de 5,3 quilómetros e prevêem a retirada de 650 mil metros cúbicos de areia que servirá para reforçar o cordão dunar.
Com uma duração de oito meses e meio, estas irão decorrer durante o período balnear. “A informação que tenho é que não haverá uma paragem das dragagens no Verão”, disse Tinta Ferreira, acrescentando que as dragagens serão feitas em zonas que não perturbem a actividade balnear.
Bruno Dias quer “respostas concretas e objectivas”
O deputado do PCP na Assembleia da República, Bruno Dias, esteve na passada segunda-feira, 16 de Março, a visitar a Lagoa e fazer um ponto da situação em que esta se encontra, quase um ano depois de ter sido aprovada uma recomendação para a intervenção urgente naquele espaço.
“Viemos ver em que sentido e com que características concretas as intervenções anunciadas se coadunam com esta opção que o próprio parlamento unanimemente se pronunciou”, disse o deputado, que tomou conhecimento no próprio dia do fecho da aberta. A acompanhar a visita estiveram também elementos da Comissão Cívica de Defesa das Linhas de Água e Ambiente.
Bruno Dias pôde também constatar a “pouca profundidade da lagoa e que o assoreamento vai sendo uma realidade cada vez mais concreta”, disse, criticando a morosidade do processo de intervenção, prevista ainda para este semestre. O deputado comunista lembrou que estamos perto de eleições e diz que não quer que os estaleiros sejam usados como “operações de relações públicas e propaganda, mas que as intervenções sejam eficazes e respondam aos problemas que existem”.
Bruno Dias lembrou ainda que houve uma parte da proposta apresentada pela CDU na Assembleia da República que foi reprovada com o voto contra da maioria. Trata-se da “necessidade de articulação e apoio às autarquias no sentido de assegurar a renovação dos sistemas de saneamento das águas residuais industriais e domesticas, bem como a separação do saneamento e águas pluviais e se aplicar um plano de despoluição do sistema lagunar”.
Na sua opinião, caso esta situação não seja acautelada, a médio prazo voltarão a surgir problemas na Lagoa. Defendeu, por isso, um planeamento integrado que permita fazer de uma forma programada, calendarizada e objectiva o faseamento da intervenção.
Bruno Dias pretende agora levantar a questão junto do Ministério do Ambiente para obter as “respostas concretas e objectivas”, que considera tardarem a aparecer. “É preciso que o poder central se defina relativamente a estas opções práticas, mas que vão ser determinantes para o futuro destes concelhos”, concluiu à Gazeta das Caldas.
Comissão de Defesa do Ambiente concorda com mudança dos bares na Foz
A deslocalização dos bares situados na marginal da Foz do Arelho para junto do areal é vista com “bons olhos” pela Comissão Cívica da Defesa das Linhas de Água e Ambiente. O projecto inicial foi dado a conhecer aos membros da comissão há cerca de sete anos pelo vereador Hugo Oliveira, pedindo-lhes um parecer. De acordo com Vítor Dinis, foram feitos alguns reparos técnicos, nomeadamente à necessidade de mais escapatórias na separação das faixas de rodagem, que permitisse a inversão de marcha, assim como ter em conta as cotas da marginal em relação ao mar.
Nessa altura Vítor Dinis e António Peralta foram também ouvir os proprietários dos bares que, na altura, “não se opuseram a essa alteração, desde que houvesse uma comparticipação na transferência de local”. A comissão é ainda apologista que os bares passem para o outro lado porque algumas das pessoas que estão nas esplanadas só vêem carros.
Vítor Fernandes, do PCP caldense, diz que está “sempre de pé atrás” com as obras feitas pela autarquia porque “nunca é planificada, calendarizada como deve de ser e não tem em conta as questões envolventes”.