Depois de um ano sem se realizar, devido à pandemia, a exposição de presépios está de volta ao Convento de S. Miguel. A XIV edição do evento tem algumas novidades em relação às anteriores, sobretudo ao nível expositivo mas também com atividades paralelas, como workshops e horas do Conto
Mais de um milhar de visitantes e 480 presépios vendidos. Este foi o resultado dos primeiros quatro dias da Grande Exposição de Presépios das Gaeiras, que, depois de um ano de interregno, volta a estar patente no Convento de S. Miguel. Inaugurada a 8 de dezembro, a mostra integra cerca de 2 mil presépios de uma centena de artistas. Tal como nos anos anteriores, a sagrada família aparece representada nos mais diversos materiais, como o barro, a casca de ovo, a madeira, o ferro, o tecido, a joalharia, a cortiça, o vidro, ou até mesmo componentes eletrónicas, facto que tem suscitado o interesse de muitos visitantes, mas também de colecionadores, que representam cerca de 25% das compras efetuadas.
Este ano a principal novidade prende-se com o espaço expositivo, que foi dividido por locais diferenciados. Na capela do convento, situada no rés-do-chão do edifício, está a funcionar uma parte exclusiva de loja do presépio, onde visitantes e coleccionadores poderão comprar as peças, que podem ir dos 2 aos 2.500€. No piso superior, e dispostas por diversas salas, encontra-se representada uma obra de cada artista, como se de uma galeria se tratasse. Para além dos artistas, o CENCAL, o Agrupamento de Escolas Josefa de Óbidos e algumas das Salas do Melhor Idade têm os seus trabalhos representados.
Existe, ainda, uma sala dedicada ao mestre Ferreira da Silva, que residiu durante 26 anos nas Gaeiras, com várias das suas representações da sagrada família e que fazem parte do espólio da junta de freguesia.
Na sessão de inauguração, o presidente da Junta das Gaeiras, Ricardo Duque, deixou um pedido de desculpa dirigido às pessoas com mobilidade condicionada dado que não tiveram capacidade de, em tempo útil, conseguir uma plataforma que possa transportar as pessoas para o piso superior. “Trata-se de um local que a maior parte das pessoas não conhece”, disse o autarca, deixando o convite à visita.
Ricardo Duque lembrou os voluntários que colaboraram na ação de limpeza e manutenção do convento para acolher a mostra e defendeu que aquele deve ser um espaço de desenvolvimento artístico e cultural. “É um espaço de excelência que temos na região, queremos que os artistas cá venham, não só por ocasião do Natal, mas durante todo o ano, com uma agenda cultural, exposições temáticas, com dinâmica, com vida”, referiu.
Também o presidente da Câmara de Óbidos, Filipe Daniel, manifestou que a não utilização do espaço deteriora-o e implica, depois, mais investimento na sua recuperação. Realçou ainda que a XIV mostra é uma oportunidade de descentralizar os eventos da vila e um exemplo da política defendida por este executivo, de promoção do território.
Apoio ao comércio tradicional
Com uma estratégia de incentivo ao comércio local, há ainda um pequeno mercado de Natal onde estão representados alguns dos comerciantes da freguesia. “Com a pandemia todas as atividades foram prejudicadas, além dos presépios que estão à venda, os comerciantes da freguesia estão representados com os seus produtos e, hoje mais do que nunca, era importante que fizéssemos as compras de Natal no comércio tradicional”, apelou.
Nesta edição, além da componente expositiva e venda, há o objetivo de transmitir uma mensagem, recorrendo ao conceito do Storytelling, enquanto arte de contar, desenvolver e adaptar histórias, assim como promover ateliers intergeracionais, por forma a juntar na mesma mesa avós e netos, na construção do seu presépio. Haverá também a “hora do conto”, um estúdio de fotografia, onde através do retrato se representará a sagrada família, e a aula de catequese será dada no local.
Esta edição está integrada na programação do Óbidos Vila Natal que, este ano e devido à situação pandémica, tem limitação de pessoas no recinto. Isto, aliado às marcações de grupo, leva a que muitas excursões que chegam a Óbidos para visitar o evento, se dirijam também às Gaeiras e vejam a mostra, que se enconta patente até 26 de dezembro, entre as 14 e as 18 horas.
Face à elevada afluência e procura de peças, a organização está já a “exercer alguma pressão junto dos artistas para entregarem mais material para expor”, concluiu Ricardo Duque. ■