Gonçalo Morais Ferreira
Mata do Porto Mouro (Caldas da Rainha)
26 anos
Assistente de enfermagem
Percurso escolar: Escola primária de Mata do Porto Mouro, Escola EBI 123 de Santa Catarina (ensino secundário), Externato Cooperativo da Benedita (12º Ano).
O que mais gosta do país onde vive?
Gosto especialmente da forma como o governo apoia a formação, e das oportunidades profissionais que surgem depois desta! Existem oportunidades de ingressar na Universidade com a possibilidade de começar a pagar o curso após este finalizado, e com um ordenado bastante aceitável. Além disto, é muito gratificante trabalhar com pessoas de toda a parte de mundo, possibilitando-nos ter contacto com diferentes culturas.
O que menos aprecia?
O que menos aprecio neste país e nesta cidade é, sem dúvida, a falta de acesso à nossa gastronomia, bem como o clima.
Diariamente sinto falta do peixe fresco que temos ao nosso dispor em Portugal, e do sabor que os nossos alimentos aí nos oferecem. A restauração acaba por ser liderada por gastronomias de outros países, e os típicos pratos deles baseiam-se em “fast-food” e “fish and ships”.
Além disto desagrada-me o facto de ser um país com muitas burocracias, bem como o facto de as habitações serem pequenas e a um bastante preço elevado.
De que é que tem mais saudades de Portugal?
O que realmente me deixa com mais saudades de Portugal é sem dúvida a família… É difícil não poder acompanhar o desenvolvimento dos mais novos, e ao mesmo tempo sentir que o relógio não pára para os restantes! Saudade dos amigos, da minha casa… das nossas praias… e de ter acesso a tudo aquilo que o nosso país nos pode oferecer.
A sua vida vai continuar por aí ou espera regressar?
Infelizmente, o nosso país não nos consegue garantir as mesmas condições de vida (seja ao nível profissional ou nível económico) que posso encontrar aqui neste momento, pelo que, num futuro próximo, penso ficar por aqui até que eventualmente possam surgir melhores oportunidades de vida em qualquer outro lugar!
“As pessoas são simpáticas e compreensivas em questões linguísticas, procurando ajudar a uma melhor integração”
Em Abril de 2013 vim para Inglaterra com a minha namorada que veio exercer funções de enfermagem. Tendo em conta que eu não dominava a língua inglesa, a minha adaptação foi mais complicada pois arranjar trabalho não foi tarefa fácil. Tive de aproveitar os trabalhos temporários que iam surgindo, e desempenhei funções como ajudante de cozinha, cargas e descargas de malas de passageiros nos cruzeiros no porto de Southampton, operário fabril em fábrica de saladas, tornando assim incertos os meus primeiros meses.
Entretanto consegui uma oportunidade como assistente de loja no Lidl, tendo lá estado cerca de um ano.
Apesar de ter estudado na área de informática em Portugal (Curso Tecnológico de Informática), de momento encontro-me a desempenhar o cargo de Health Care Assistant (ou seja assistente de enfermagem) no Hospital de Southampton, que consiste em auxiliar os pacientes nas suas actividades de vida diária.
Além disto ajudamos a parte de enfermagem com algumas das suas tarefas, pois aqui esta profissão permite-nos realizar certas tarefas como é o caso da avaliação de sinais vitais, realização de electrocardiogramas e, após mais formação, recolha de sangue, entre outros.
Diariamente desloco-me para o local de trabalho a pé, ficando este a cerca de 20 minutos da minha casa, o que se torna complicado em dias de chuva. Contudo temos acesso a transportes públicos se assim o desejarmos. Este trabalho permite-me fazer turnos de 12 horas, três ou quatro dias por semana, o que me deixa algum tempo livre para me dedicar aos estudos, bem como ter alguns momentos de distracção e lazer.
Em regra geral as pessoas são simpáticas e compreensivas em questões linguísticas, procurando ajudar a uma melhor integração.
Ao nível do preço das casas, penso que estes sejam um pouco elevados tendo em conta o espaço das mesmas e as condições que oferecem. Por exemplo, um estúdio com áreas mais pequenas que em Portugal ronda entre 500 e 600 libras, mais ou menos 625 e 700 euros por mês.
A nível dos bens essenciais, conseguimos encontrar melhores preços no que toca a produtos de higiene e beleza, enquanto que na alimentação os preços acabam por ser equiparados a Portugal (alguns produtos mais baratos e outros mais caros).
Apesar de Inglaterra ser considerada um país de chuva e frio, Southampton oferece-nos um clima aproximado ao nosso. Contudo, é mais frequente a chuva e o frio no Inverno, e um Verão mais curto.
Gonçalo Morais Ferreira