Diogo Agostinho
19 anos
Caldas da Rainha
Bergen – Noruega
Estudante de Erasmus
Percurso escolar: Escola Primária Encosta do Sol, Escola Básica 2º e 3º ciclos D.João II, Escola Secundária Raul Proença, Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Economia
Do que mais gosta do país onde vive?
Mesmo para uma pessoa como eu que não dá grande importância às paisagens que já observei nos diferentes países que visitei, é impossível ficar indiferente quando se chega a este país e a esta cidade, dada a sua beleza. É realmente algo fora do comum, em que temos sempre vontade de explorar o resto da cidade para descobrir tudo o que houver para descobrir.
Outro aspecto que aprecio neste país é a facilidade com que cada norueguês fala inglês, o que é bastante importante para uma pessoa que vem de fora, que não sabe nada da língua falada no país e que precisa de ajuda para saber o que visitar, para saber onde são certos sítios e mesmo para comunicar seja com colegas da faculdade ou empregados de restaurantes.
Por último gostaria de realçar a população norueguesa em geral. São pessoas bem dispostas regra geral, sempre prontas a ajudar e que fazem questão de cumprir todo o tipo de regras, mesmo as mais simples, como apenas passar a passadeira quando o semáforo estiver verde para os peões mesmo que não haja perigo em passar quando está vermelho.
O que menos aprecia?
Um dos factores que menos me agrada na Noruega é o seu clima, que é muito instável, sendo por vezes impossível fazer uma previsão de como estará o tempo ao longo do dia para tomar uma decisão de que tipo de roupa levar, se é adequado levar chapéu de chuva se não, o que também se acaba por tornar cansativo. Outro factor que menos me agrada aqui é o facto de que aos Domingos está praticamente tudo fechado, desde supermercados a lojas. Os poucos estabelecimentos que se encontram abertos são as bombas de gasolina e os restaurantes, o que é um pouco incomodativo se precisar de algo do supermercado que me tenha esquecido de comprar no dia anterior por exemplo.
De que é que tem mais saudades de Portugal?
Sem dúvida que quando se está longe do nosso país, do que temos mais saudades é da nossa família e dos nosso amigos, pois estamos habituados a conviver com eles todos os dias e de repente somos privados desse contacto. Apesar das tecnologias actualmente encurtarem cada vez mais a distância geográfica, não é a mesma coisa. Outro aspecto do qual tenho saudades é do bom tempo do Verão português. Cheguei à Noruega em pleno Verão (7 de Agosto) e portanto estava habituado a calor e céu limpo todo o dia, o que quando cheguei cá não se verificou, começando logo as habituais chuvas neste país. Por fim, sinto falta da gastronomia portuguesa, ainda para mais quando sou bastante esquisito no que a comida diz respeito.
A sua vida vai continuar por aí ou espera regressar?
Os meus planos passam por voltar a Portugal quando acabar o período de Erasmus, visto que sempre tive o desejo de trabalhar no meu país. Por outro lado, se receber algum convite de estágio ou algo semelhante é algo a considerar, tendo em conta que a Noruega é um dos países com melhor nível de vida em que o seu salário médio em 2014 situou-se à volta dos 5400 euros por mês, portanto não é algo que possa descartar de imediato. Mas a ideia principal é voltar a Portugal para concluir a licenciatura e iniciar o mestrado.
“O clima é muito instável, mas chove cerca de 250 dias por ano”
Actualmente estou a estudar na NHH- Norwegian School of Economics, em regime de Erasmus, no meu 3º ano da Licenciatura em Economia. Aqui tenho um horário mais “leve”, o que me permite ter mais tempo para conhecer a cidade, para conviver com outros alunos de Erasmus e para outras actividades. Um aspecto interessante relativo às aulas e com o qual eu concordo, é que as aulas são de hora e meia como o habitual, mas não seguidas – são distribuídas por 45 minutos de aula, 15 minutos de intervalo seguidos dos restantes 45 minutos de aula, o que faz com que as aulas «passem mais rápido» e que prestamos mais atenção às mesmas.
Moro na residência da faculdade, o que é muito bom, visto que fica apenas a cinco minutos a pé da faculdade e é o sítio onde moram todos os alunos de Erasmus, o que facilita bastante os convívios combinados entre nós. O único aspecto negativo é não existir Wi-Fi, sendo apenas fornecida Internet por cabo, o que não estava à espera, tendo em conta o país que é.
O meu dia-a-dia passa essencialmente pela rotina casa-escola e escola-casa durante a semana, com alguns jogos de futebol e convívios, combinados entre nós, e aos fins-de-semana há sempre lugar ao jogo de futebol habitual e às idas ao “klubben”, a discoteca da faculdade. As idas à cidade tornam-se raras pois a cidade não é muito grande, pelo que se visita tudo num dia. Assim sendo, só vou à cidade para ir a algum bar ou para almoçar ou jantar fora. Em relação a tomar refeições fora de casa, são poucas essas ocasiões, visto que os preços aqui são bastante mais elevados. Para se ter uma ideia, uma refeição pode custar, em média, cerca de 25 a 30 euros por pessoa, ou mesmo mais em muitos sítios. Mesmo nos produtos em geral nota-se uma diferença, com uma garrafa de água de 1,5L num supermercado a custar pouco mais de 1 euro e uma cerveja, também num supermercado, a custar cerca de 3 euros. O clima, como já disse anteriormente, é muito instável, mas assenta muito num clima chuvoso, onde chove cerca de 250 dias por ano. Os noruegueses, já habituados a este tempo, não costumam usar chapéu de chuva, optando por usar apenas um impermeável. O típico norueguês é uma pessoa cumpridora das regras, que está sempre disposta a ajudar, que tem um inglês fluído e acima de tudo, bem disposta.
Diogo Agostinho