O polícia que se tornou jogador de bowling

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JoãoReixaDurante 32 anos foi agente da PSP, mas aos 54 anos descobriu uma nova motivação – o bowling. O que começou por ser um passatempo, acabou por tornar-se uma verdadeira ocupação. João Reixa treina três vezes por semana no Bowling Caldas e é um nome conhecido entre os praticantes da modalidade, tendo já alcançado a quarta posição do ranking da primeira divisão nacional.

Há cinco anos atrás, João Reixa entrava às 08h30 no trabalho e a saía por volta das 17h30. “Havia uma certa monotonia na minha rotina diária”, recorda o polícia reformado, de 59 anos à Gazeta das Caldas. Porém, desde que descobriu o centro de bowling das Caldas da Rainha, por essa altura, a sua vida deu uma volta de 180 graus. Morava perto do centro e, por isso, decidiu experimentar, embora já tivesse jogado antes, sempre que ia de férias para o Algarve, num centro comercial em Portimão.
Se inicialmente “não tinha o bichinho pelo bowling”, rapidamente ganhou gosto por este desporto, principalmente por apresentar bastantes parecenças com o chinquilho. Apesar de já ter praticado futebol, futsal, bilhar, snooker e setas, antes do bowling João Reixa dedicava-se ao chinquilho e confessa que existem semelhanças na distância a que os atletas estão do “alvo” e na direcção que têm que aplicar em ambas as modalidades. A diferença, explica, “é que em vez de se atirar uma malha, atira-se uma bola”.
No entanto, para este bombarralense a residir há vários anos nas Caldas da Rainha, houve um episódio que o motivou realmente a investir tempo e esforço no bowling. Foi quando José Luís Soares, o gestor do centro das Caldas, lhe disse que tinha que fazer uma média de 150 pontos para poder entrar no grupo de jogadores que existia na altura. “Eu ainda só fazia entre 100 a 120 pontos, mas comecei a aplicar-me e umas semanas depois cheguei aos 160 e consegui ser admitido”, contou o jogador, que nunca mais esqueceu o impacto daquelas palavras. Agora, já com a experiência das competições, João Reixa tem o grande objectivo de chegar aos 300 pontos – pontuação máxima de uma partida – que equivalem a doze “strikes”, ou seja, a doze lançamentos que derrubam à primeira os dez pinos.
Pouco tempo depois de João Reixa entrar para o núcleo de jogadores do centro de bowling das Caldas, o grupo decidiu que queria começar a jogar oficialmente nos campeonatos organizados pela Federação Portuguesa de Bowling. Entre todos compraram o material necessário, desde bolas, sacos e sapatos, mas faltava aprender a jogar com o nível que as competições exigem. “O bowling é uma família e nós contámos com a ajuda de dois amigos durante dois meses, o Alexandre Santos, de Viseu, e o António Araújo, de Lisboa, que vinham uma vez por semana às Caldas ensinar-nos a jogar”, explicou João Reixa. Já com o conhecimento e técnicas necessários, o grupo iniciou-se na segunda divisão nacional, mas alguns elementos – entre eles, João Reixa – conseguiram subir à primeira, onde o polícia alcançou a quarta posição.
De todos os prémios conquistados, João Reixa conta uma taça no Campeonato Nacional de Trios, outra no Campeonato Nacional de Pares e ainda um troféu na liga Pró-Bowling, tendo igualmente dez medalhas de primeiro lugar, três de segundo, três de terceiro e duas de quarto. No bowling, os oito finalistas são medalhados, mas só os quatro primeiros têm direito ao prémio monetário.
Sobre os custos que este desporto implica, João Reixa diz que não são elevados para uma pessoa que encare o bowling como um passatempo e jogue uma vez por semana, por exemplo. Contudo, “para quem joga a sério, seis partidas duas a três vezes por semana”, como é o seu caso, o atleta fala em 144 euros mensais, excluindo as despesas com o equipamento: o preço de uma bola de competição ronda os 150 a 200 euros e um par de sapatos têm o custo aproximado de 150 euros, embora sejam materiais de longa duração.
Actualmente, não são apenas os treinos que ocupam o dia de João Reixa, pois passou a fazer parte da Associação Portuguesa de Bowling, que veio substituir a Federação.
Criada em Novembro do ano passado, esta associação pretende desempenhar as mesmas funções da Federação, nomeadamente com a organização de campeonatos nacionais. No entanto, por esta época ter entrado tarde em funcionamento, a associação ainda não conseguiu realizar as actividades que a Federação tinha por hábito organizar. Até lá, os centros de bowling do país vão planeando torneios, de que é exemplo o torneio mensal realizado nas Caldas da Rainha no último domingo de cada mês. Dos três torneios já concretizados, João Reixa terminou sempre em primeiro lugar.
Outra novidade é que o grupo de jogadores das Caldas vai passar a integrar o Sporting Clube das Caldas, devido à exigência imposta pela Associação Mundial de Bowling, que obriga agora os núcleos nacionais a associarem-se a um clube.
Olhando para si há cinco anos atrás, João Reixa acha que é uma pessoa melhor desde que pratica a modalidade: “o bowling motiva os meus dias,  sinto-me mais comunicativo e alegre, e há até quem diga que pareço mais novo”, justifica o atleta, que realça o convívio e as amizades que este desporto proporciona.

Maria Beatriz Raposo
mbraposo@gazetadascaldas.pt

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