“O segredo está em colocar a IA no nosso fluxo de trabalho”

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Ricardo Parreira falou de IA na Benedita
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Ricardo Parreira, fundador da PHC Software, falou aos empresários da Benedita sobre o potencial transformador da inteligência artificial

Ricardo Parreira, fundador e ex-CEO da PHC Software, foi o convidado da Associação Empresarial da Benedita para desmistificar a Inteligência Artificial (IA) e apresentar um caminho prático e acessível para as empresas começarem já a colher os seus frutos. A conferência, realizada no passado dia 11 no Centro Cultural Gonçalves Sapinho, destacou que a IA é uma das maiores revoluções dos últimos tempos, superando até a internet e o telemóvel em potencial transformador.

Ricardo Parreira começou por contextualizar o momento atual. A IA generativa já está ao alcance de todos, democratizando o acesso a ferramentas poderosas que podem ser integradas no fluxo de trabalho diário das empresas. “O segredo está em colocar a inteligência artificial no nosso fluxo de trabalho”, explicou, sublinhando que a tecnologia deve ser usada de forma natural, automática e contínua.

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O futuro próximo, segundo o orador, trará agentes de IA capazes de tomar decisões e executar tarefas complexas, desde a gestão de reuniões até à monitorização de concorrentes, passando pela elaboração de propostas comerciais personalizadas. A velocidade desta evolução é tal que “um ano ou dois de atraso, pode-nos pôr fora da corrida”, disse Ricardo Parreira, alertando que a concorrência que adota a IA ganha vantagem em velocidade, custos e qualidade, tornando a resistência à mudança um risco estratégico.

Para os empresários que querem começar já, o orador apresentou um conjunto de ideias práticas que podem ser implementadas com baixo custo e alto impacto. Uma das mais simples é a utilização de chatbots para responder a perguntas internas e externas, libertando tempo dos colaboradores para tarefas mais estratégicas. Ricardo Parreira deu um exemplo da PHC, onde uma pessoa passava 80% do seu tempo a responder a perguntas repetidas. Um chatbot resolveu o problema, aumentando a produtividade e a satisfação. A automação de reuniões, com ferramentas que transcrevem, resumem e extraem tarefas, é outra aplicação imediata, eliminando perdas de informação e melhorando o alinhamento das equipas. Apoiar líderes intermédios a preparar conversas difíceis, fornecendo scripts, feedback e planos de melhoria, é outra área em que a IA pode fazer a diferença, sobretudo quando a formação em liderança é escassa. Mas Ricardo Parreira alertou para limites à utilização, constantes do IA Act emitido pela União Europeia, que proíbe, por exemplo, usar a tecnologia para selecionar currículos. “As multas podem fechar empresas”, alertou.

A monitorização de mercado é outra aplicação prática. Agentes de IA podem ser programados para analisar a concorrência, identificar oportunidades e enviar alertas, tudo de forma autónoma. Parreira salientou que, com o ChatGPT pago, é possível ter vários agentes a trabalhar em paralelo, cada um com uma tarefa específica, como analisar estratégias, comparar preços ou identificar riscos, colocando a IA a trabalhar como um conselheiro digital no apoio à tomada de decisões mais informadas e fundamentadas.

A comunicação persuasiva e o marketing também beneficiam da IA, que pode ajudar a criar mensagens mais adaptadas ao público-alvo, uma vez que é conhecedor das diversas técnicas de copywriting e storytelling. Desta forma, pode aumentar-se o impacto das comunicações e reforçar a imagem da marca. A análise de dados e a identificação de padrões são outras áreas em que a IA pode trazer valor, permitindo que empresas sem especialistas em estatística descubram oportunidades de negócio “escondidas” nos seus dados.

O brainstorming e a geração de ideias são também potenciados pela IA, que pode ampliar a criatividade das equipas e sugerir soluções inovadoras. “Este sistema é ótimo para gerar ideias. Podemos até pedir com mais ou menos criatividade e conseguimos gerar uma série de ideias que, de outra forma se calhar não tínhamos”, referiu. Por fim, a elaboração de propostas comerciais é outra área em que a IA pode acelerar o processo, tornando-as personalizadas e persuasivas.

A acessibilidade da tecnologia foi outro ponto forte da conferência. “Nunca houve tecnologia tão barata”, afirmou Parreira, lembrando que o ChatGPT pago custa cerca de 20 euros por mês, um valor acessível mesmo para pequenas empresas. O desafio, segundo o orador, está na inércia e na baixa produtividade, que impedem muitas empresas de aproveitar as oportunidades. “As empresas que aproveitam a tecnologia são as que começam pequeno… aprendem, experimentam, erram, voltar a tentar”, explicou, sublinhando a importância de uma liderança forte para trazer a mudança.

Ricardo Parreira abordou também o impacto da IA no futuro das empresas e na sociedade. Referiu estudos recentes do MIT e da Harvard Business School, em parceria com a BCG, que mostram aumentos e melhoria de produtividade entre 25% e 37% quando a IA é usada por consultores. “25% é mais que um dia de trabalho por semana”, afirmou, sublinhando que a qualidade do trabalho também melhorou, sobretudo, nas pessoas mais frágeis, “nivelando por cima em vez de por baixo”. No entanto, os estudos também indicam risco de dependência. Trabalhadores que se habituaram à IA tiveram pior rendimento em tarefas que não podiam ser realizadas com apoio da tecnologia.

Em jeito de conclusão, Ricardo Parreira lembrou que a IA traz “uma oportunidade como nunca tivemos e que está ao alcance das pequenas e médias empresas”. A inteligência artificial não é apenas uma tecnologia disruptiva, mas uma alavanca para a competitividade, a inovação e o crescimento das empresas. “A ação tem que passar sempre por nós: quem agir vai ser vencedor”, rematou.

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