Óbidos aposta na cultura como motor de desenvolvimento para o concelho

A livraria de Santiago foi o local escolhido, simbolicamente, para a sessão solene do feriado municipal de Óbidos, assinalado a 11 de Janeiro, que contou apenas com a presença das entidades oficiais. Depois de distinguida pela Unesco como “cidade da literatura”, Óbidos continua a apostar forte na área da cultura, com o alargamento da rede de livrarias em espaços privados, reestruturação do conceito da biblioteca municipal, eventos mensais que ligam a literatura a outras áreas, e a segunda edição do Folio, tendo por temática a Utopia.
Já durante o mês de Fevereiro terá início a obra da rede de rega das baixas de Óbidos, que deverá estar concluída até 2018. No que respeita à educação, o presidente da Câmara, Humberto Marques, prometeu não baixar os braços no intento de alcançar melhores resultados e, envolvendo toda a comunidade educativa, irá arrancar o canal Escolas de Óbidos TV.

A Câmara de Óbidos está já a trabalhar na segunda edição do Festival Literário de Óbidos – FOLIO, que este ano terá por temática a Utopia. De acordo com o presidente da Câmara, Humberto Marques, em 2016 será o afirmar de um projecto “que não se esgota na frivolidade e na efemeridade, mas que se tornará uma necessidade”, mostrando vontade em também integrar os munícipes nesta festa da cultura.
A estratégia Vila Literária contará também, já a partir de Fevereiro, com eventos mensais que ligam a literatura às mais diversas áreas, como é o caso da sustentabilidade, das viagens, ou mesmo da agricultura, e o alargamento da rede de livrarias.
Nos antigos armazéns da EPAC irá nascer uma nova livraria, assim como no Parque Tecnológico. “Teremos milhares de livros sobre tecnologia, inovação e criatividade, ficção científica e banda desenhada”, disse, destacando que o espaço inclui também o conceito de trabalho colaborativo, essencialmente para trabalhadores independentes que procurem uma forma de trabalhar mais flexível.
A biblioteca municipal irá mudar de lugar e de conceito. Passará para a Casa do Pelourinho, na Rua Direita, e deverá ser mais “activa, atractiva para as pessoas e com uma programação definida”, referiu o autarca.
A educação continua a merecer a atenção da autarquia, que quer uma escola mais participada e com melhores resultados. Neste momento está a ser delineado, com a colaboração de especialistas da Universidade Católica do Porto, um percurso de investimento na criatividade e inovação, prevenção do abandono precoce e insucesso educativo, e melhoria dos resultados escolares dos alunos.
Humberto Marques destacou também a aposta que tem sido feita ao nível dos cursos profissionais, em conjunto com o Parque Tecnológico, e o trabalho realizado pelo agrupamento na vertente desportiva, ambiental e de educação para a saúde. Por outro lado, são dinamizados diversos projectos ao nível das artes e criatividade, como é o caso da Fábrica da Criatividade ou o My machine.
Ainda assim, a necessidade de comunicar mais e melhor internamente leva o município a criar o projecto canal Escolas de Óbidos TV, envolvendo toda a comunidade educativa.
O Parque Tecnológico já movimenta actualmente cerca de 200 pessoas, “quase exclusivamente empregos novos no concelho, em áreas nas quais Óbidos não tinha tradição”, explicou o autarca. Humberto Marques acrescentou ainda que querem trabalhar, nos próximos anos, uma maior abertura da comunidade à inovação e à criatividade, dando como exemplo o lançamento da academia deCode, com um primeiro programa gratuito para todas as crianças que se queiram inscrever.
Obra da rede de rega começa em Fevereiro

A primeira fase da rede de rega das Baixas de Óbidos terá início em Fevereiro com a construção de uma estação elevatória. Assumido como uma das prioridades do mandato, o investimento de cerca de 28 milhões de euros deverá estar concluído em finais de 2017, permitindo aos agricultores um aumento dos seus rendimentos.
Em condições de arrancar está também a organização de produtores de fruta e hortícolas – Central das Várzeas. De acordo com Humberto Marques trata-se de uma organização “absolutamente autónoma, do ponto de vista financeiro e administrativo, da administração local”, e onde a autarquia apenas exerce o papel de regulador.
No que respeita à Lagoa de Óbidos, o autarca destacou a importância da segunda fase de dragagens, mas realçou que a autarquia não abdicará do local da deposição temporária de dragados e que os projectos garantam a não contaminação da qualidade da água com a dragagem do Braço da Barrosa.
Em dia de prestação de contas, Humberto Marques falou dos mais de 30 quilómetros de estradas asfaltadas em todas as freguesias e da execução do projecto de requalificação do Largo de S. Marcos que deverá dar lugar, ainda em 2016, ao início da criação do Espaço Colaborativo das Gaeiras. Ainda este ano será também apresentado o projecto de requalificação dos Armazéns do Vinho, em A-da-Gorda e intervenção na Casa do Seixo, na Amoreira, para dar lugar também a um espaço de trabalho colaborativo.
A Câmara criou recentemente o Gabinete de Ativação do Território de Óbidos (GATO), constituído por três pessoas (com competências na área da economia, arquitectura e planeamento e administração) para apoiar os privados que tenham prédios para recuperar, no âmbito da reabilitação urbana.
Projectos que podem ser realizados devido à “excelente performance financeira” do município, diz o seu presidente, acrescentando que em 2016 será também aliviada a carga fiscal dos munícipes. Um valor de cerca de um milhão de euros que deixa de entrar nos cofres da Câmara, mas que tem maior impacto em famílias com menores rendimentos e menos património e mais dependentes a seu cargo.
No seu discurso, Humberto Marques deixou ainda uma referência aos vereadores da oposição, pela “forma leal e cordata com que têm sabido lidar com o actual executivo”.
Ausente no estrangeiro, o presidente da Assembleia Municipal, Telmo Faria, fez-se representar pela secretária da mesa, Margarida Reis, que leu a sua intervenção, onde pede mais articulação, por parte do poder executivo, com este órgão deliberativo.
Telmo Faria considera que tem que ser feito um maior esforço no sentido de aproximar os munícipes da Assembleia Municipal  e deixa a proposta para que se façam mais reuniões extraordinárias para se discutir diversos temas, à semelhança do que já se realizou com a Educação. Defendeu também a implementação da Assembleia Municipal nas redes sociais e a sua descentralização pelas freguesias.