Intervenção de conservação e restauro, que começou no início do ano, custa meio milhão de euros e é suportada pela autarquia com o apoio de fundos comunitários
Construída nos finais do séc. XV, a Igreja de Nossa Senhora do Pópulo está associada à génese da cidade e é o único exemplar no concelho classificado como património nacional. Desde o início do ano que está a sofrer obras de intervenção, a cargo da Restauromed-Fiscalizações, Medições e Orçamentos de Construção Civil, Lda.
A empresa começou por montar os andaimes na capela mor, que constitui a primeira frente de trabalho, explicou Rita Pimenta, técnica de conservação e restauro da AOF, durante a visita do executivo camarário à obra, que decorreu na tarde da passada segunda-feira. De acordo com a responsável, a intervenção vai ser abrangente, no interior e exterior da igreja, abarcando o revestimento azulejar, as cantarias, o retábulo em talha dourada, bem como alvenarias e sistemas de drenagem e sistema elétrico.
As peças escultóricas foram retiradas e encontram-se no Museu do Hospital e das Caldas e os azulejos que estavam em risco de queda foram removidos, serão tratados em atelier e depois recolocados na parede. Durante a intervenção, os técnicos verificaram que existem vestígios de pintura mural, atrás dos azulejos.
“É anterior aos azulejos, que datam do século XVII, mas estamos agora a começar a intervenção nessa frente de trabalho”, explicou Rita Pimenta. Também a pia batismal, que apresenta patologias graves, será objeto de estudo, de forma a definir a intervenção a fazer.
Os trabalhos, que deverão estar concluídos em setembro, estão a ser acompanhados por técnicos especializados da autarquia.
Câmara substitui-se ao Estado
Orçada em perto de 500 mil euros, a intervenção está a ser custeada pela Câmara das Caldas, com comparticipação de fundos comunitários na ordem dos 370 mil euros.
Tinta Ferreira destaca a importância deste imóvel para a atratividade do território. Lembrou a ligação à fundação da cidade e foi ali que Gil Vicente apresentou o Auto de S. Martinho, escrito em 1504, à rainha D. Leonor e que, apesar de não ser responsabilidade do município (tendo em conta que se trata de um edifício classificado), propôs-se a pagar a comparticipação nacional. De acordo com o autarca, foi lançado o concurso e encomendado o projeto a empresas especializadas. Para além disso, foram feitos estudos, a pedido da Direção-Geral do Património Cultural, para verificar se havia algum impedimento no espaço envolvente junto às igrejas.
Para além da intervenção no edifício está a decorrer, paralelamente, o restauro do órgão, que fica situado no coro alto da igreja, que terá um custo de cerca de 70 mil euros. ■