“Se um dia Portugal for feito em torresmos por um sol de rachar, será nas Caldas da Rainha que escaparão os raros sobreviventes destinados a levar ao futuro a notícia de que existiu neste mundo uma raça que se chamou portuguesa”.
Pinheiro Chagas
Caldas da Rainha – Roteiro-Guia – 1926 (edição da Gazeta das Caldas)
No início desta semana os termómetros voltaram a subir em todo o país, lembrando que afinal Setembro é também mês de Verão, com temperaturas a chegarem aos 40 graus em grande parte do interior. A canícula levou a Direcção-Geral de Saúde a fazer as habituais recomendações para os cidadãos se protegerem do tempo quente e os incêndios voltaram a ser notícia.
Em todo o país?
Não! Qual aldeia gaulesa do Asterix cercada por romanos, as Caldas da Rainha e em particular a Foz do Arelho e as praias da região, resistiram ao calor e registaram temperaturas bem abaixo da média nacional. Enquanto na maioria das cidades portuguesas as pessoas derretiam sob o calor e se refugiavam no ar condicionado, nas Caldas podia-se passear na rua, protegido por uma neblina que filtrava o efeito do Sol.
Neblina que junto ao mar mais não era do que uma autêntica muralha de nuvens que durou praticamente todo o fim-de-semana, dissuadindo a ida à praia. Em alguns momentos havia sol na rotunda do Green Hill ou até em plena lagoa junto à Escola de Vela, mas o “capacete de nuvens” era denso sobre o areal e ao longo da costa oestina, não deixando entrar o sol. Ao fim da tarde, a muralha de nuvens avançava para terra e cobria tudo, transformando as Caldas da Rainha num dos locais mais frescos, não só de Portugal como seguramente de toda a Península Ibérica.