ontem & hoje

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Notícias das Caldas
Desconhecido, década de 1940 Espólio Património Histórico
Notícias das Caldas
Joaquim António Silva – 2012

Obras de regeneração urbana na década de 40 nas Caldas da Rainha? Não. O próprio conceito – regeneração urbana – era provavelmente desconhecido na época, embora facilmente entendível. Naquele tempo a prioridade era a infra-estruturação da cidade e o mais certo é ser esta vala que se vê na foto da esquerda destinada à rede de esgotos.
Repare-se como o trabalho de então dependia totalmente da força muscular. Máquinas não existiam. A pá e a picareta eram as ferramentas com que brigadas de homens vestidos de igual (calça arregaçada, camisa e boné) rompiam o chão abrindo caboucos à força de braços. Um trabalho duro, como a foto facilmente transmite. Um olhar mais atento constata, ao fundo à direita, a presença de um capataz ou um polícia que vigia a actividade dos homens. Ou então é um guarda prisional e os trabalhadores devem ser reclusos.  Nas Caldas era hábito serem os presos a fazer as obras públicas do regime.
Nesta rua-estaleiro não se vêem equipamentos de protecção dos trabalhadores. Não há capacetes, botas com biqueiras de aço,  raias protectoras, nem sequer há grande preocupação em assegurar a mobilidade das pessoas que vivem na rua. Obras eram obras. Paciência.

Nesta rua viviam alguns personalidades influentes na cidade, como os Drs. Manuel Perpétua e Artur Freitas, e o capitão Firmino Alves, que foi comandante dos Bombeiros.
Ao fundo vê-se o chafariz D´El-Rei, que foi demolido nos anos 50. Ao lado está a taberna do Clementino. E as árvores, essas estão lá porque a zona ainda não havia sido urbanizada e antecedia a chamada Escola Agrícola criada ainda na I República, mais tarde transferida para o Couto, quando foi construída a Escola Industrial e Comercial.
À direita, a meio da rua, está um prédio onde funcionava na época uma fábrica artesanal de pirolitos (refrigerantes).
Hoje esta rua mantém certamente a mesma calçada com que ficou depois de tapada a vala. Em breve as obras da regeneração urbana chegarão a esta artéria caldense e esta mesma fotografia passará, assim, à História.