
Entre os utilizadores da ligação Caldas – Coimbra a notícia caiu como uma bomba. Os clientes da CP não sabiam que o comboio mais ou menos rápido que costumam utilizar vai passar a regional e a obrigar a um transbordo para chegar à cidade do Mondego. A maioria são militares, utentes dos hospitais de Coimbra, turistas em passeio, ou estudantes. Gazeta das Caldas recolheu testemunhos destes últimos.
OS QUE ESTUDAM NAS CALDAS…
Miguel Santos estuda há dois anos na ESAD e utiliza semanalmente a Linha do Oeste para se deslocar a casa em Coimbra. Não conhecia ainda a decisão da CP de suprimir a ligação directa entre as Caldas e Coimbra, mas não tem dúvidas em apontar que lhe irá causar transtornos. É que a viagem pela via férrea é mais rápida e mais barata do que em autocarro, além de lhe ser mais prática uma vez que habita mais próximo da estação do que do terminal de autocarros.
Além disso, costuma viajar acompanhado da sua gata, o que no comboio é gratuito, mas não no autocarro.
No entanto, caso o comboio directo acabe mesmo, o jovem de Coimbra vai deixar de utilizar este meio de transporte. “Provavelmente vou passar a usar autocarro”, disse à Gazeta das Caldas na passada sexta-feira, 18 de Maio, enquanto esperava na estação das Caldas a composição que o levaria para Coimbra para passar o fim-de-semana. Uma viagem que diz ser partilhada por muita gente. “Não se justifica esta decisão”, atira o estudante da ESAD.
Miguel diz que o serviço que a CP presta na Linha do Oeste “já não é grande coisa, mas mesmo assim ainda compensa e dá jeito, mas se acabarem com este comboio não vale a pena”.
À espera do mesmo comboio estavam três amigos de Aveiro que estudam nas Caldas, na EHTO, Cátia Melo, Salomé Sousa e João Guerra.
Todos eles são utentes habituais da linha férrea e há cerca de seis meses que utilizam a Linha do Oeste para chegar às Caldas e regressar a casa.
Nenhum dos três tinha ainda conhecimento do fim da rota directa entre as Caldas e Coimbra e Salomé Sousa diz que vai ser um transtorno. “Teremos que adoptar outro transporte que se torna mais caro para nós, tem menos horários e chegamos mais tarde a casa”, afirma.
Cátia Melo diz que continuar a usar o comboio nessas circunstâncias será muito mais demorado e que não sabe como passarão a ser as ligações para Aveiro. Actualmente há três comboios por dia para Coimbra que dão ligação, em pouco tempo, a outro comboio para Aveiro. Mas a partir de Junho não sabe o que vai acontecer.
…E OS QUE ESTUDAM EM COIMBRA
A caldense Melissa Vieira, estudante na Universidade de Coimbra e costuma usar o comboio para regressar às Caldas só em última instância, quando não consegue apanhar boleia de carro com os amigos. “Acho que o serviço já não era o melhor porque só há três horários durante o dia e ainda a semana passada o comboio da tarde se atrasou mais de uma hora. Mas então se deixarem de existir ligações directas para Coimbra, o mais provável é que passe a ir de autocarro”, disse a jovem, que até agora excluía esta opção porque o preço do bilhete é 3,40 euros mais caro. “Mas se tiver que trocar de comboio, andar com as malas de um lado para o outro, e a viagem for muito mais cansativa, vai deixar de me compensar ir de comboio”, acrescentou.
Tatiana Plácido também estuda em Coimbra e mostra-se indignada com a decisão da CP. Na sua opinião, esta medida só vem piorar o mau serviço que já existe na Linha do Oeste. “A ligação Coimbra-Caldas é frequentada principalmente por estudantes que andam carregados e só querem chegar o mais rápido a casa, por isso é muito chato saber que a viagem vai ficar mais demorada”, afirmou a caldense, que ainda assim não pondera trocar o comboio pelo autocarro caso os preços dos bilhetes da CP se mantenham mais baratos.
Beatriz Marques, estudante de Relações Internacionais na Faculdade também em Coimbra, partilha da mesma opinião. Como é finalista e termina a licenciatura este ano, não será tão afectada pelo corte das ligações directas. “Mas preocupam-me todos os universitários que usam o serviço, tanto os que partem de Coimbra como das Caldas, pois são muitos”, realçou, acrescentando que o preço mais barato do bilhete não compensa nem o tempo nem as paragens a mais durante a viagem, embora “o comboio seja mais cómodo que o autocarro”.
Se para o próximo ano Beatriz Marques continuasse a estudar em Coimbra, o mais provável seria que deixasse de usar o serviço da Linha do Oeste.
E os autarcas da região assobiam para o ar e não defendem a modernização da linha. Tenha, dó, olhem pelo comboio não o deixem morrer.