Os Pavilhões do Parque foram concessionados pelo município caldense ao Grupo Visabeira para sua recuperação e a instalação de um hotel de cinco estrelas. O contrato foi assinado, no passado dia 8 de Setembro, entre o presidente da Câmara e os administradores do Empreendimentos Turisticos Montebelo, que terão que concretizar o Montebelo Bordallo Pinheiro até 2 de Dezembro de 2020.
Desde a passada sexta-feira e durante os próximos 48 anos, a Empreendimentos Turísticos Monte Belo (do Grupo Visabeira) possui o direito de exploração dos Pavilhões do Parque e antiga Casa da Cultura para ali construir um hotel de cinco estrelas.
O investimento previsto é de 14,4 milhões de euros, num equipamento com 214 camas, piscina exterior e interior com espaço para tratamento com águas termais, restaurante e salas para realização de eventos. De acordo com o ante-projecto, a entrada para o hotel deverá ser feita pelo Céu de Vidro, que também terá uma ligação aos pavilhões e haverá dois pisos de estacionamento subterrâneo.
José Luís Nogueira, administrador da empresa, disse durante a cerimónia que mantêm a aposta num projecto inovador que associe a cerâmica à hotelaria, tal como já acontece em Ílhavo com a Vista Alegre.
“Queremos ir buscar o legado do mestre Bordallo Pinheiro”, afirmou, recordando que a Visabeira é também proprietária das Faianças Bordallo Pinheiro, que actualmente já vende para mercados internacionais mais de metade da sua produção. “É esta capacidade da unidade fabril que achamos importante e indissociável deste novo produto que queremos criar nas Caldas”, concretizou.
A empresa já apresentou o ante-projecto, com a conceptualização do que querem fazer enquanto unidade hoteleira, mas o arquitecto Tiago Araújo agora irá trabalhar todos os pormenores.
Após a cerimónia, José Luís Nogueira, explicou aos jornalistas que pretendem que seja feita a ligação ao museu da Fábrica, mas também ao da Cerâmica e ao de José Malhoa. Por outro lado, querem pôr as pessoas a “mexer na massa” e a fazer as suas próprias peças de faiança e convidar artistas e designers internacionais a ali fazerem residências artísticas.
Questionado pelos jornalistas sobre o projecto a desenvolver – tendo em conta que o ante-projecto tem suscitado críticas relativamente à volumetria e ocupação da antiga Casa da Cultura e do subsolo do Parque -, José Luís Nogueira disse o estudo apresentado pretendeu mostrar o que pretendem enquanto unidade hoteleira e que agora os pormenores terão que ser detalhados. “A nossa postura é de parceria e teremos todo o gosto em colaborar com a Câmara no sentido de ultrapassar alguma questão que possa vir a ser encontrada no terreno”, disse, adiantando apenas que terão o “máximo cuidado” em encontrar uma solução que torne viável o projecto e que seja uma mais valia para as Caldas. O administrador escusou-se falar sobre pormenores do projecto.
A construção do hotel de cinco estrelas não porá em causa a realização de eventos no Parque, como a Feira dos Frutos ou do Oeste Lusitano.
Valorizar o Parque Termal das Caldas
O contrato agora assinado determina que o projecto para a requalificação e reabilitação dos pavilhões terá de ser entregue no prazo de um ano e que, após a sua aprovação pela autarquia e pela Direção Geral do Património Cultural, a obra tenha que arrancar num prazo de 180 dias. Terá que estar concluída em Dezembro de 2020 e, após cinco anos de carência, o concessionário terá que pagar à autarquia uma renda mensal de 3.500 euros.
A unidade hoteleira deverá ter uma exploração que “valorize e promova, em termos nacionais e internacionais, o Parque Termal das Caldas, bem como os seus recursos naturais e patrimoniais”, refere o documento. Nesse sentido, a concessionária deverá consultar o Centro de Emprego das Caldas aquando da contratação de trabalhadores e os munícipes deverão beneficiar de um desconto mínimo de 5% nas actividades que forem desenvolvidas.
O contrato agora assinado segue para o Tribunal de Contas para obtenção do visto.
O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, destacou que a construção do hotel representa para as Caldas um “salto qualitativo do ponto de vista económico, cultural e de salvaguarda do património”.