Pediatria do Hospital das Caldas destaca-se pela qualidade e proximidade à comunidade

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Criado a 21 de Junho de 1984, o serviço de Pediatria do Hospital das Caldas da Rainha é uma referência dentro daquela unidade hospital. Com um número de internamentos relativamente baixo, a aposta é feita sobretudo no acompanhamento das crianças no seu meio familiar. No que respeita às urgências, a funcionar paredes meias com as urgências gerais, recebem em média 30 mil pacientes por ano (uma media de 82 por dia).
Os utentes destacam o profissionalismo e humanismo com que foram atendidos e os profissionais de saúde revelam que esta proximidade à população é uma garantia da eficácia da prestação dos cuidados de saúde.
A falta de recursos humanos é um problema, à semelhança do que acontece com os outros serviços do CHO.

Em Novembro de 2009 Helena Correia parte de Peniche para o Hospital das Caldas, com a filha de três anos e meio que se queixava com dores no braço. Feita a triagem, e ainda na sala de espera, a menina começou a vomitar e foi levada de imediato para a Pediatria. Os profissionais perceberam que se tratava de uma sepsis meningocócica B, uma infecção provocada pela mesma bactéria que provoca a meningite. Foi depois transportada para o Hospital de Santa Maria, onde esteve vários meses até recuperar, mas a mãe, Helena, não tem dúvidas de que “foi tudo o que fizeram na Pediatria das Caldas que manteve a minha filha viva. Perceberam logo do que se tratava e agiram com todos os meios que tinham à disposição”, conta, agradecendo todo o trabalho feito pelos profissionais que acompanharam a pequena Beatriz.
Helena Correia continua a frequentar o serviço de Pediatria nas Caldas, agora com a filha mais nova, Mariana, de quatro anos.
Também Joana Louro guarda boas recordações da forma como a sua filha Mafalda foi tratada no serviço de Pediatria. O caso já tem três anos e a então bebé de cinco meses foi para a urgência com uma infecção respiratória grave, tendo ficado internada durante cinco dias nas Caldas. O agravamento do quadro clínico levou-a para a unidade dos cuidados intensivos do Hospital de Santa Maria e uma semana depois regressaria às Caldas, onde ficou internada na Pediatria. “Para qualquer mãe ter uma criança doente, e tão pequenina, é uma aflição tremenda e eu tinha a agravante de ser médica, o que é muito angustiante”, recorda Joana Louro à Gazeta das Caldas. A médica do serviço de Medicina realça o “profissionalismo extraordinário, tanto da parte dos colegas como dos enfermeiros”. Acrescenta que esse carinho demonstrado não era por ela ser da casa, pois passava-se o mesmo com os outros pacientes. “Havia um cuidar que transcende em muito o que são cuidados meramente médicos e técnicos”, salientou, adiantando que quando, por qualquer motivo, tinha que se ausentar de perto da filha de cinco meses, tinha a plena segurança de que a deixava em boas mãos.
Por outro lado, Joana Louro apercebeu-se da escassez de recursos humanos com que se debate o serviço. “Na altura fiquei tão impressionada e marcou-me tanto a forma como a minha filha foi tratada por todos os profissionais, desde médicos a enfermeiros, administrativos, assistentes operacionais, que lhes escrevi um agradecimento formal”, remata.

Internamento de curta duração

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O serviço de Pediatria abrange crianças dos zero aos 17 anos e 364 dias, ou seja, até um dia antes de completarem 18 anos. Uma ampla abrangência que leva a que os profissionais se debatam com os mais variados casos.
De acordo com a directora de serviço da Pediatria, Luísa Preto, trata-se de um serviço muito procurado, representando cerca de 40% das urgências do hospital caldense (cerca de 30 mil urgências por ano). No entanto, depois no que respeita aos internamentos, os números são outros, muito mais baixos.
“Sempre que é possível resolver os problemas em casa, com as crianças no seu ambiente familiar, nós preferimos”, explica Luísa Preto, destacando que o internamento só é feito quando é estritamente necessário e isso também é um factor de qualidade para um serviço de pediatria.
A funcionar de forma autónoma, paredes meias com a urgência geral, na urgência pediátrica aparecem sobretudo crianças com patologias respiratórias, sobretudo nos meses de Inverno, e também problemas gastrointestinais, que afectam bastante os mais novos. No serviço de Pediatria estão internadas sobretudo crianças com patologias infecciosas, que tenham que fazer terapêutica endovenosa, ou seja, a aplicação de medicações directamente na corrente sanguínea através de uma veia.
A média de tempo de internamento é de quatro dias e meio. Depois há casos de meninos que precisam de mais tempo no hospital pois têm algum tipo de patologia crónica. A directora de serviço explica que estes casos pertencem ao grupo de crianças que necessitam de cuidados paliativos, que gostariam de desenvolver no hospital. “Poderia haver um quarto para eles, mas não inserido no hospital de agudos”, explica, acrescentando que, com o avanço da ciência, as crianças com essas doenças vivem cada vez mais e requerem uma atenção de 24 horas por dia por parte do cuidador, que também precisa de descansar.
Actualmente encontram-se sete crianças internadas, entre eles um caso de internamento prolongado por risco social dado que ainda não conseguiram uma instituição para a acolher. Depois há as situações cirúrgicas programadas, cuja estadia no serviço de internamento é de pouca duração.
O serviço é garantido por nove pediatras distribuídos por sectores. Diariamente é assegurada a consulta externa, internamento, neonatologia, bloco de partos e as urgências. De acordo com Luísa Preto, este serviço é “prioritário” para a população, dada a proximidade que tem à comunidade. “Damos uma excelente resposta quando somos procurados e somos reconhecidos pelo hospital para quem drenamos os doentes, que é o Santa Maria”, conta a responsável, acrescentando que prova desta qualidade é o facto de há mais de 20 anos este serviço prestar formação a internos.
Por outro lado, em alguns casos, é esta proximidade que permite que algumas vidas sejam salvas pois o auxílio é prestado mais rapidamente.
Também a enfermeira Alcina Sousa, responsável da Neonatologia, destaca que a proximidade é altamente facilitadora e que “em termos de humanização e de técnicas de inovação” estão bastante bem comparativamente a outras instituições do país.
Num hospital conhecido por ter das piores urgências do país, o serviço de Pediatria é uma excepção à regra. As instalações e as condições são boas e acabam por ser o exemplo que a administração destaca quando precisa de mostrar o que a casa tem de melhor, como aconteceu com a visita recente da presidente do CDS-PP, Assunção Cristas.

Adolescentes com comportamentos auto-lesivos

Um dos problemas com que o serviço se debate actualmente é o crescente número de comportamentos auto-lesivos, com adolescentes a tentar cometer suicídio. Desde há três, quatro anos que o aumento tem sido “exponencial”, refere a responsável, especificando que em 2015 registaram 15 casos e que no ano passado o número subiu para 24.
Luísa Preto defende que era importante que o hospital disponibilizasse uma consulta de Pedopsiquiatria e de apoio psicológico, para ajudar nestes casos.
Há cerca de um ano que funciona no hospital das Caldas a consulta pós natal, em que os bebés que nascem naquela maternidade são ali acompanhados durante os primeiros 10 dias de vida. “É uma consulta muito importante para ver se o aleitamento materno está bem estabelecido e porque é também um período muito sensível para os pais”, explica Luísa Preto.
A consulta é efectuada pelos pediatras e enfermeiros que cuidaram da utente durante o internamento, o que é altamente facilitador porque há já ali uma ligação de confiança. Há também uma linha de apoio a que as pessoas recorrem para ter respostas a pequenas dúvidas do dia-a-dia e evita que se desloquem ao hospital.
Desde Janeiro deste ano é também possível aos pais acompanhar o nascimento dos filhos, através de cesariana, e há uma preparação para o parto alargada a toda a população, com aulas de pilates, caminhadas e outras actividades realidadas nas instalações do hospital.
Este é também o único serviço no hospital sem lista de espera, uma vez que as consultas externas são previamente marcadas. “Conseguimos dar resposta e marcar as consultas em tempo útil, apesar dos médicos serem poucos”, explica Luísa Preto.
O serviço de pediatria foi criado nas Caldas  a 21 de Junho de 1984 e a enfermeira Maria Helena Lindinho que ali trabalha desde o seu início destaca que tem “crescido muito a todos os níveis”. Sempre funcionou no mesmo local, mas em 2007 teve obras de remodelação, que incluíram as pinturas de paredes, equipamento novo e mobiliário. Há uma educadora que se ocupa das crianças internadas e, semanalmente, recebem a visita dos palhaços do CHO. 

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