Construídos em finais da década de 40 do século passado, na cidade, os prédios em elevado estado de degradação estão a ser alvo de obras de reabilitação. Também o espaço público envolvente deverá ser intervencionado
Os prédios do Viola, compostos por três blocos de cinco pisos cada, com uma área total construída de 4221, 90 metros quadrados e a que correspondem 58 fogos, começaram a ser reabilitados. Adquirido por um fundo de investimento imobiliário, o bairro será alvo de obras de “escassa relevância”, não necessitando de projeto de arquitetura para a sua reabilitação. A intervenção, que já teve início num dos blocos, irá manter a fachada e a traça que possuem, não estando previstas alterações significativas. Foram realizadas visitas técnicas por parte dos funcionários da autarquia, no sentido de aferir o estado de degradação do imóvel e também a possibilidade de obtenção de benefícios fiscais com a reabilitação. À Gazeta das Caldas, o presidente da Câmara, Vítor Marques, reconheceu a importância desta reabilitação “num aglomerado construtivo que está, na sua grande maioria, desocupado”. Na sua opinião, esta obra vem “permitir ter mais habitação na cidade e estamos a falar, no total, de mais 58 fogos, o que é bastante importante para as necessidades que temos no nosso território”. Além disso, permitirá reabilitar também aquela zona. O executivo já deu indicações ao departamento de paisagismo para avaliar a área envolvente, no sentido de fazer alguns melhoramentos. “A ideia será requalificar aquela zona com a colocação de algumas árvores”, referiu o presidente da Câmara, destacando que haverão melhorias tanto no espaço privado como no público.
Imóveis carregados de memória
Os prédios, construídos nos anos de 1947 e 1948 do século XX, chegaram a albergar os escritórios da SEOL (Sociedade Elétrica do Oeste, Limitada), que fornecia a rede elétrica à região e nas traseiras funcionava o depósito dos postes e cabos elétricos. Num dos apartamentos morou também Manuel dos Santos, que foi recordista do salto em altura, recorda o investigador caldense Mário Lino, acrescentando que também ali existia a “mercearia do Pires”, segundo sargento no RI5 e da manutenção militar, que “conhecia muito bem os produtos e abriu uma mercearia para dar resposta aquela zona”.
Na rubrica Ontem & Hoje, publicada na Gazeta das Caldas, Helena Arroz partilhou a sua vivência de infância naquele bairro que, na “altura marcava o fim da cidade das Caldas ali para o lado noroeste. Depois desses prédios não havia nada, ou quase nada até ao Campo”. “Eu e os miúdos meus vizinhos, mais ou menos da minha idade, estávamos divididos entre os mais “remediados”, que morávamos na parte do prédio que dava para a Rua Fonte do Pinheiro, onde as casas eram maiores e as rendas mais elevadas, e os menos “remediados”, que moravam na parte do prédio que ficava para lá dos quintais, depois do páteo da SEOL, para onde dava a janela da cozinha e a do meu quarto. Nestes quintais divididos por muros de metro e meio de altura, cada família tinha as suas galinhas e o seu canteiro de salsa”, recorda. Porém, a rua era o espaço de brincar de todos, pois era “utilizada para circulação viária quase só à segunda-feira”. ■