Professoras reúnem-se 50 anos depois nas Caldas

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As alunas que fizeram o Magistério Primário reencontraram-se 50 anos depois
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As turmas que terminaram o Magistério Primário nas Caldas, em 1975, juntaram-se num convívio e cerimónia religiosa presidida pelo professor de então, o padre Eduardo Gonçalves

Parte delas não se viam há meio século, altura em que terminaram os estudos, nos Pavilhões do Parque. São todas mulheres (havia um homem no curso, que já faleceu), a maioria professoras aposentadas, que vieram de vários pontos da região para se juntar, a 31 de maio, na comemoração do 50º aniversário do curso do Magistério Primário.

Inicialmente, em 1972, a escola do Magistério Primário abriu portas nas instalações da antiga escola comercial (atual edifício dos serviços administrativos do hospital), onde o grupo que agora se reuniu ainda fez os exames de admissão, em setembro de 1973. No entanto, dois meses depois, a escola muda de instalações para o terceiro piso dos Pavilhões do Parque, que já acolhia a secção do Liceu de Leiria, nos dois pisos inferiores. Estas duas turmas do Magistério Primário, com 50 alunos, terminaram o curso em 1975 e, entre os professores tiveram o padre Eduardo Gonçalves, que agora presidiu à missa comemorativa. Desde 1971 que dava aulas na seção liceal, e com a instalação do Magistério Primário no mesmo edifício, passou também a lecionar Moral e Ética, entre outras disciplinas, aos alunos. “Foram anos conturbados, aqueles tempos da revolução, com uma nova mentalidade”, lembra o padre Eduardo, que deste curso recorda serem “gente aplicada, de muitas iniciativas”. Lembra que, na altura, houve programas que foram postos de lado, mas que “foram tempos quase gloriosos, de luta, diálogo aberto, um período muito interessante da minha vida. Naquela altura estava a definir-se o futuro”, diz, acrescentando que, por vezes, “tinha de pôr água na fervura”, pois eram jovens e estavam muito entusiasmados.

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Entre os presentes esteve um convidado surpresa: o antigo diretor da escola do Magistério Primário das Caldas, até 1974, Júlio Dinis Parreira. Com a mudança do regime voltou para a sua escola, em Coimbra, mas guarda “boas recordações” dos Pavilhões do Parque. “É um edifício icónico da cidade. No rés do chão e primeiro andar funcionava a seção do liceu e no terceiro andar era a escola do Magistério Primário, recorda, adiantando que, embora não tivesse muitas condições, “havia muito boa vontade, harmonia e mais tolerância”. Meio século depois foi “muito agradável esta iniciativa, que quebra a rotina de uma certa solidão. Foi uma forma de matar saudades”, concretizou o antigo diretor, que presenteou cada uma das antigas alunas com uma rosa. Foram também entregues uma réplica do diploma, um marcador de livros, e uma fita onde todos os participantes assinaram, entre outras recordações.

Um passeio a 25 de abril de 1974
A caldense Clara Pereira organizou, juntamente com as colegas Luísa Diogo e Helena Hipólito, o encontro comemorativo. “Foi muito intenso e foram todas de coração cheio”, conta a professora aposentada, destacando a surpresa de terem presente o antigo diretor da escola, e professor de Pedagogia, Júlio Dinis Parreira, atualmente com 90 anos.

Dos tempos de estudante, recorda o passeio à Serra da Estrela que decorreu no dia 25 de abril de 1974. Durante o caminho foram ouvindo os comunicados do MFA e a cada paragem iam às cabines telefónicas para tentar saber noticias de casa. “Uma viagem marcante”, recorda Clara Pereira, que terminaria, no ano seguinte e com 20 anos, o curso. Começou logo a dar aulas e a sua primeira escola foi no Olho Marinho. No ano seguinte concorre para a Lagoa Parceira, onde fica durante quatro anos. Entretanto, tenta efetivar-se e decide sair das Caldas. Delgada (Bombarral) foi o seu destino durante 18 anos. “Foi a que considero a minha escola”, salienta Clara Pereira, destacando o desenvolvimento de diversas atividades, entre elas a realização da primeira feira infantil do Bombarral. Juntamente com a outra professora da escola, conseguiram apoios, através da Lei do Mecenato, que lhes permitiu apetrechar a sala com telefone, televisão, computador, projetor de vídeo, ou instrumentos musicais, “materiais que enriqueciam a escola e a parte pedagógica”.

Passados os 18 anos, houve a hipótese de se efetivar nas Caldas, na Escola da Encosta do Sol. No entanto, um convite para integrar a biblioteca municipal que estava a abrir portas, desviou-a das aulas. Clara Pereira seria destacada para desempenhar funções de articulação junto das escolas, com uma educadora de infância, abrangendo o pré-escolar e o primeiro ciclo.

Voltaria ainda à sala de aulas na Escola do Avenal, onde tinha estagiado. Ali esteve quatro anos, altura em que foi convidada a integrar o conselho executivo do Agrupamento de Escolas D. João II, com responsabilidades no primeiro ciclo. “Foi uma vida cheia e gratificante”, concretiza Clara Pereira, que dedicou 33 anos ao ensino.

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