Projeto Abrigo promove literacia em saúde em Obidos

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150 utentes dos 11 centros de convívio do Melhor Idade de Óbidos participaram em projeto multidisciplinar que tem por base o afeto e respeito pela população mais idosa

A casa é o nosso abrigo, onde nos sentimos melhor e onde queremos permanecer o máximo de tempo possível. Partindo desta premissa, Lola Monteiro, técnica superior de saúde ambiental, e Sabina Ramalho, higienista oral, ambas do ACeS Oeste Norte, delinearam o projeto Abrigo – Envelhecimento Ativo e Afetivo, que tem por objetivo combater o isolamento e a solidão e potenciar o bem-estar e o gosto, por parte dos seniores, em viver no seio das suas famílias. A pandemia veio agravar este isolamento e foi a pedra de toque para o avanço do projeto, que pretende também promover a literacia em saúde, nomeadamente nas áreas da saúde mental e oral, nutrição, segurança alimentar, promoção de ambientes seguros e saúde ambiental.
E como é que tudo começou? Contatados os 11 centros de convívio do programa Melhor Idade, do município de Óbidos, profissionais de diversas áreas foram aos centros falar diretamente com os idosos, “de uma forma simples”. Depois, tentaram que eles trabalhassem esses conhecimentos, representando numa casa, o que tinham apreendido. Ou seja, foi desenhado o projeto de uma casa, e feitas telas com as suas divisões, que os utentes depois completaram. “Por exemplo, ao nível da Psicologia foi referido que a casa devia de ter luz, flores, muita “vida” e eles trabalharam essencialmente esse item na casa de jantar, onde aparecem flores bordadas e as janelas abertas para a rua”, explica Lola Monteiro. Já na casa de banho é possível ver as escovas de dentes colocadas nos respetivos copos e na cozinha foram abordados os cuidados que devem ter quando vão às compras ou quando confeccionam e armazenam os alimentos. O projeto assume uma componente mais afetiva para Lola Monteiro, tendo em conta que também o seu pai, António Monteiro, pintor autodidata, participou, criando a “casa” e o logótipo do projeto. “Foi muito compensador trabalhar com estas pessoas. Nunca pensei que fosse tão impactante e motivador”, reconhece a profissional de saúde.
Também Sabina Ramalho destaca o êxito da iniciativa e realça a importância de lhes dar “ferramentas para usarem no dia a dia, em suas casas, permitindo-lhes lá permanecer o máximo de tempo possível e com qualidade”. As telas foram terminadas em maio, para serem reunidas e apresentadas durante o Festival Óbidos Mais ativo. Atualmente encontram-se expostas nas Piscinas Municipais e as sessões nos centros ainda decorrem durante este mês de junho.
Tendo em conta a boa receptividade por parte da população sénior, as coordenadoras consideram que o Abrigo pode ser replicado noutros locais. O projeto, que envolveu uma psicóloga, uma técnica superior de saúde ambiental, uma nutricionista, uma higienista oral, uma enfermeira e um técnico de gestão ambiental foi candidatado a um prémio na revista Saúde Oral com o item Inovação, cujos resultado será conhecido no final do mês.
Trata-se de uma parceria entre a Unidade de Saúde Pública, Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados e município, com a colaboração da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Óbidos. ■