Rede de Expressos instala Internet gratuita nos autocarros

0
867
notícias das Caldas
Foto: Tiago Lopes

Viajar de autocarro das Caldas da Rainha para Lisboa ou Coimbra com o computador portátil ou a tablet ligado à Internet já é possível desde há algumas semanas. A Rede de Expressos tem Wi-Fi em 150 dos seu 180 autocarros e os passageiros só têm de se ligar à rede para navegarem à vontade. O serviço é gratuito.

Na CP, e em particular na linha do Oeste, não há quaisquer perspectivas de isto vir a acontecer tão cedo.
“É um projecto que tem tido um sucesso enorme, tendo nós inquéritos de satisfação com resultados impressionantes. É daqueles investimentos que dá gosto realizar”, diz Carlos Oliveira, director da Rede de Expressos, que espera ter todos os autocarros com WI-Fi até ao fim deste ano.
“Já temos clientes que antes de viajar nos telefonam a perguntar se o autocarro da rota tal está equipado com Wi-Fi”,  conta este responsável, que não tem detectado falhas na rede, garantindo uma boa cobertura entre todas as origens e destinos da Rede de Expressos.
Esta empresa tem registado uma média de 30 mil utilizadores por mês na Internet dentro dos autocarros e a análise desses registos permite fazer verdadeiros estudos sociológicos em relação ao perfil dos passageiros e rotas e chegar a observações tão interessantes como a de que os estudantes ligam-se mais à Web na viagem de regresso de fim-de-semana do que na de ida.
Carlos Oliveira tem constatado também o elevado número de telemóveis andróides que se ligam à rede.
E mesmo para a própria Rede de Expressos é agora mais fácil – graças à placa de rede instalada a bordo de cada autocarros – saber a localização em tempo real dos veículos para poder informar os passageiros e melhorar a gestão da exploração.
A empresa quase não investiu neste projecto pois tem um acordo com a operadora Zon no qual esta fornece e instala as placas de rede a bordo dos autocarros, a troco de uma renda de 7500 euros por mês.

CP marca passo

Quando a CP introduziu o serviço Alfa Pendular, em 1986, foi pioneira em Portugal na tecnologia de telefone portátil. Um telemóvel instalado no bar do comboio permitia então a proeza de se viajar e poder falar ao telefone (embora parte do percursos não tivesse, como ainda hoje não tem, boa cobertura de rede).(†Desde então, a empresa perdeu o “comboio” da inovação tecnológica para os autocarros da Rede de Expressos. Uma fonte oficial da CP diz que está a ser desenvolvido um projecto idêntico em parceria com a PT, mas ainda “em fase inicial”.
O atraso tecnológico da transportadora ferroviária nestes serviços ao cliente é bem patente na incapacidade de, 22 meses depois, não ter ainda resolvido um problema técnico com as tomadas para computador instaladas nas carruagens dos Intercidades e que continuam desligadas da corrente para evitar sobrecargas de energia que avariem os computadores.
Em Agosto de 2010 uma fonte oficial da CP garantia que voltaria a haver tomadas naqueles comboios até ao fim desse ano, mas no início deste mês informava que só “prevemos iniciar as intervenções de montagem/modificação da instalação dentro de três a quatro meses”.
É claro que o serviço Regional – que serve a linha do Oeste – está ainda mais afastado das novas tecnologias. E no entanto, isso seria uma vantagem comparativa para a CP captar mais clientes. Afinal, sempre é mais agradável viajar de comboio com o computador numa mesinha em frente ao assento do que em cima nos joelhos no banco do autocarro.
Já que a empresa não consegue melhores tempos de viagem entre Caldas e Lisboa, bem que poderia alterar o interior das carruagens, tornando os assentos mais confortáveis, aumentando a distância entre estes e criando espaços mais agradáveis, ao mesmo tempo que permitia o acesso à navegação informática.
De certeza que muitos clientes não se importariam de demorar um pouco mais na viagem se tivessem essas comodidades.
Infelizmente, a CP mantém a sua atitude autista e continua a desbaratar o dinheiro dos contribuintes, sem qualquer atitude pró-activa na linha do Oeste. Os horários continuam com transbordos inúteis nas Caldas da Rainha, onde se perde tempo para mudar de uma automotora para outra exactamente igual. E para Coimbra, onde a empresa consegue ter um tempo de percurso competitivo de 2h00 desde as Caldas, só tem um único comboio diário.