Títulos que se perderam no Oeste após a chegada da liberdade de imprensa

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Três dos títulos caldenses que já foram encerrados nas últimas décadas
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Perto de duas dezenas de jornais já desapareceram na região nas últimas quatro décadas. A vontade de informar e esclarecer esbarrou com constrangimentos diversos, mas na maioria dos casos, financeiros

Sinal dos tempos. Na região Oeste foram vários os jornais que encerraram as “portas” nas últimas décadas, isto apesar de o 25 de Abril ter aberto caminho para o exercício da liberdade de imprensa.
Nas Caldas da Rainha, na segunda metade da década de 1970, existiu o “Notícias das Caldas”, que, sob a direção de Amílcar de Figueiredo, apresentava-se como um jornal regionalista, que saía para as bancas às quintas-feiras.
Este semanário tinha como particularidade o facto de ter correspondentes nas várias freguesias das Caldas e também de Óbidos.
Mais tarde, em finais da década de 1980, surge o “Região das Caldas”, propriedade de Maria dos Anjos Beja, e já com um corpo redatorial composto por vários jornalistas e também correspondentes não só nas freguesias caldenses mas também nos concelhos da região.
Mais recentemente, entre 1997 e inícios da década de 2000, funcionou na cidade a “Tribuna do Oeste”. No seu primeiro editorial, o jornal assume-se como o semanário de Óbidos, Caldas, Nazaré e Peniche e convida todos quantos queiram adquirir ações, que o façam, tornando-se co-proprietários deste semanário, e “fazer, entre todos, o melhor jornal regional de Portugal”.
Ainda na primeira edição da “Tribuna do Oeste”, é referido no seu estatuto editorial que “os jornais locais e regionais são aqueles que mais próximos estão dos seus leitores – juntos partilham referências, problemas e projetos de futuro. Consequentemente, deveriam ser os principais instrumentos de uma democracia participativa. Infelizmente não é esse o panorama que se vive em Portugal”. O semanário, que nasceu com 16 sócios fundadores foi depois vendido à Jorlis e acabaria por fechar portas nos alvores deste milénio.
Mais recentemente, na segunda metade de 2000, surgiram o “Correio do Oeste” e o “Mais Oeste”, ambos gratuitos e que viriam a ter uma vida relativamente curta.
No Bombarral, o “Área Oeste”, fundado em março de 1989, manteve-se aberto até junho de 2016. Desaparecido o jornal “Ecos do Bombarral”, e depois de uma curta permanência editorial do “Jornal do Bombarral”, inicia-se, a partir de setembro de 1986, a publicação do “Notícias do Bombarral”, que se manteve até 2016..
Na década de 1990, entre 1997 e 1999, foi publicado o jornal “Semana Alcobacense”, que tinha a particularidade de ser também a “Semana Nazarena”, ou seja, de um lado o jornal era dedicado ao concelho de Alcobaça e do outro lado ao concelho da Nazaré.
“Foi um projeto semiprofissional, mas que não conseguiu resistir às dificuldades financeiras causadas pela falta de apoios do Estado ao nível do porte pago e pela forte concorrência com o ‘Região de Cister’ e ‘O Alcoa’”, refere a jornalista Sara Vieira na sua tese de mestrado “jornalismo de proximidade e elites locais”. De acordo com a atual diretora do Região de Cister, no início da década, o concelho já tinha perdido o mensário “O Pórtico”, sediado na Benedita, que estava ligado à Igreja.
Na Nazaré, a “Gazeta da Nazaré” manteve a publicação como mensário até 2006, depois de um processo em que o fundador, António Balau, vendeu o título à Sojormédia, dona do “Região de Leiria”, numa experiência de apenas três anos. Em 2001, o jornal voltou a ser propriedade de empresários nazarenos e retomou a publicação como quinzenário, até fechar.
Extintos naquele concelho foram, também, os mensários “Notícias da Nazaré”, propriedade da Associação de Defesa da Nazaré e que protagonizou momentos de tensão com a Câmara durante os mandatos de Luís Monterroso (PS) na década de 1980 e 1990, e o “Voz da Nazaré”, título editado por um professor primário e que era considerado um jornal próximo dos pescadores.
Também Torres Vedras perdeu um dos seus dois jornais, o Frente Oeste, na primeira década de 2000, após cerca duas décadas de funcionamento. ■

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