Tornada e Salir do Porto – praia, campo e indústria numa União

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A praia de Salir do Porto é um ótimo local para umas férias, pela calma, mas também pelos pontos de interesse a visitar | DR

Tornada passou de Óbidos para as Caldas quando Salir do Porto foi integrado em São Martinho (passando depois para as Caldas)

A União de Freguesias de Tornada e Salir do Porto tinha nos últimos Censos (2011) 4358 habitantes, numa área de 29,53 km². Esta União nasceu da reorganização administrativa de 2012 e 2013, agregando as duas freguesias. Mas a história da ocupação humana na zona destas duas antigas freguesias remonta a muito antes disso, antes até da fundação da nacionalidade. Existem registos que atestam a presença romana nesta região.
Salir do Porto, que hoje é uma pacata vila, com uma praia relativamente pouco procurada, foi outrora um importante ponto, pelo porto que ali existia. Tal é testemunhado pelas ruínas dos edifícios que ali se encontram e que atestam a importância desta terra. As ruínas da antiga alfândega e o local onde terão sido construídas caravelas – feitas com madeira do pinhal de Leiria – para a campanha das descobertas. Conta-se que, entre as embarcações ali construídas, está a Nau São Gabriel, que capitaneou a armada de Vasco da Gama rumo à Índia e terá participado também na descoberta do Brasil. Bem perto estão as ruínas do Castelo, uma antiga fortificação ou estrutura de proteção que serviria para defender esta região. Ao castelo estão, ainda hoje, associadas diversas lendas, que incluem túneis, piratas e tesouros.

Salir do Porto e Tornada pertenceram ao concelho de Óbidos até à década de 30 do século XIX

No topo do monte ergue-se a Capela de Sant’Ana, que terá sido construída precisamente nessa mesma altura e para abençoar as naus que dali saíam. Os vários moinhos, a fortaleza e a forca são outros vestígios da ocupação humana deste território, que tem como seu ex-libris a famosa duna, que se ergue cerca de 50 metros acima do nível da água do mar. É a maior duna do país e a principal referência da terra, sendo uma diversão para os mais novos. Logo ali ao lado fica outro dos principais “segredos”: a ‘Pocinha’ de Salir, uma nascente de água doce (rica em minerais que lhe dão propriedades digestivas e para banhos) e que brota junto ao mar.

“E p’la ponte da Tornada, Por lá é que era o caminho”
Tornada está sempre associada à lenda de fundação das Caldas da Rainha, porque se conta que foi à passagem por esta terra que a Rainha D. Leonor decidiu regressar às águas termais onde mandou construir o mais antigo hospital termal do mundo. Em Tornada existe uma reserva natural local, num Paul que é a casa de diversas espécies e uma fonte de inspiração. Além disso, esta é uma freguesia com grandes tradições folclóricas.
Faltou dizer que tanto Salir do Porto como Tornada pertenceram ao concelho de Óbidos até meados da década de 30 do século XIX. Nessa altura Tornada foi transferida para as Caldas e Salir do Porto para o concelho de São Martinho do Porto, onde permaneceu até à extinção do mesmo, em 1955. Daí para cá integrou o concelho das Caldas.

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Segredos escondidos

Capela de Sant’Ana

A Capela de Sant’Ana, em Salir do Porto, não é propriamente um segredo, mas é um sítio que vale a pena a visita, começando logo pela viagem até lá chegar e pela vista, digna de retrato, que daquele ponto se alcança. Do alto do monte vê-se, logo em primeiro plano, o selvagem Oceano Atlântico e a calma baía de São Martinho do Porto.
Durante largos anos o único vestígio de realce da antiga capela era o arco que ali se mantinha, junto com algumas paredes.
Atualmente estão a decorrer as obras de reconstrução tentando torná-la o mais parecida possível com o seu original.
Estima-se que a capela terá sido construída durante o século XII, sendo apontada como o edifício religioso mais antigo do concelho de Caldas da Rainha. Em torno da capela circulam várias lendas e histórias. Por exemplo, que teriam sido os cruzados, devotos a Santa Ana, a erigir a Capela e a dar o mesmo nome ao monte. Outra, aponta que este era o local de despedida dos pescadores e suas famílias.
Até ao início do século XX ainda se faziam procissões desde o centro da aldeia até à capela que, já na altura, se encontrava bastante degradada, sem parte do telhado.
Ali perto é possível visitar a “Pocinha” de Salir, uma nascente de água doce que brota junto ao mar, mas também a praia dos seixos.

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