Quem circula à noite pela Avenida Eng. Paiva e Sousa e rotundas que lhe dão acesso depara-se com diversos candeeiros sem luz e outros com apenas algumas das lâmpadas a funcionar. Na Rua Dr. Leonel Cardoso ou Avenida Timor Lorosae as lâmpadas também não funcionam e estes exemplos sucedem-se um pouco por toda a cidade.
Parte da iluminação pública caldense, à semelhança do que aconteceu nos outros municípios do Oeste, foi substituída por candeeiros eficientes, de modo a permitir uma poupança na fatura energética. Tratou-se de um investimento, de 19,6 milhões de euros e cuja empreitada coube ao consórcio Claroeste, detido pelas empresas Isete, Weltsmart e Fomentefficiency, que, no entanto, não tem garantido a sua correta manutenção.
No caso das Caldas foi substituída 50% da iluminação pública por lâmpadas Led durante o ano de 2019. Entretanto, os munícipes têm tentado reportar os problemas à empresa responsável, mas queixam-se da dificuldade de resposta. Também a Gazeta das Caldas tentou obter explicações para este problema junto do consórcio, mas não obteve qualquer resposta.
Alertado para a situação, tanto por munícipes como já na Assembleia Municipal, o presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira, garante que já informou o conselho intermunicipal do Oeste sobre esta situação e que, “acompanhado dos outros autarcas foi deliberado contatar a empresa para resolver a questão”.
Questionado sobre a estimativa da redução obtida na fatura energética do concelho por esta substituição da iluminação, Tinta Ferreira salientou apenas que “no programa de concurso e caderno de encargos a empresa estimou uma poupança na ordem dos 68%”.
Gazeta das Caldas pediu esclarecimentos à OesteCIM sobre a prestação do consórcio mas não obteve qualquer resposta por parte desta entidade intermunicipal. No entanto, numa ata do conselho intermunicipal de fevereiro deste ano vem referido que ficou “acordado que os municípios devem indicar à Oeste Sustentável o seu representante para acompanhar a Claroeste numa visita noturna a cada um dos municípios, tendo em vista a verificação de eventuais anomalias”. A Claroeste ficou de enviar uma calendarização para este efeito.
Poupança anual de três milhões
A Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM) adjudicou, em 2017, ao consórcio privado Claroeste o contrato de gestão de eficiência energética por 12 anos. De acordo com o documento, trata-se de um investimento de 19,6 milhões de euros para a substituição de 70 mil dos 120 mil candeeiros de iluminação pública existentes nos concelhos da região Oeste por outros mais eficientes.
Os novos candeeiros deverão permitir uma poupança anual de três milhões (mais IVA) na fatura energética dos 12 municípios, que antes rondava os sete milhões de euros. Estes equipamentos são também menos poluentes, estando previsto que deixem de emitir 9000 toneladas de dióxido de carbono por ano para a atmosfera.
A receita gerada com as poupanças ao longo de 12 anos reverte para as Câmaras (60%) e o restante destina-se a ressarcir o consórcio pelo investimento efetuado.
Tratou-se do maior investimento do país em iluminação pública eficiente, tendo a OesteCim sido a primeira comunidade intermunicipal do país a avançar para uma parceria com uma empresa de serviços energéticos (ESE), como é o caso deste consórcio.
Além de melhorarem a qualidade da iluminação, com este projeto conjunto os municípios pretendiam também captar indústrias ligadas à conceção, desenvolvimento e produção de tecnologias que permitem controlar a intensidade e os horários da electricidade.
Também tendo por objetivo a eficiência energética foi criado o projecto “LEDíficios do Oeste”, que prevê a instalação de 28 mil lâmpadas LED em edifícios públicos, em substituição das lâmpadas fluorescentes tubulares e de halogénio. O projecto-piloto implementado pela Oeste Sustentável (criada na OesteCIM) prevê uma poupança estimada de 370 mil euros anuais e evita a emissão de 1300 toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera.