Uma semana cheia de actividades na Escola Secundária Raul Proença

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Raulinho4São os cinco dias do ano mais esperados pelos alunos da Escola Secundária Raul Proença. Uma semana onde a maioria das aulas é substituída por actividades, organizadas pelos alunos, associação de estudantes, professores, biblioteca e direcção. De 1 a 5 de Fevereiro, a escola é invadida por actividades desportivas, concertos, workshops, palestras, debates jogos, torneios, bailes, concursos e sessões de cinema. Gazeta das Caldas participou num workshop de cocktails, num peddy-paper e assistiu ao concerto da Academia de Música de Óbidos e à apresentação do livro “Uma Semana na Cozinha”.

Considerado um dos pontos altos da Semana Raul Proença, o Raulinho leva os alunos a formarem fila à porta da papelaria meia hora antes da sua abertura (8h00). É que, às 10h00, já não resta nenhuma vaga no papel das inscrições para o peddy-paper. Uma semana depois, no dia da actividade, ainda há resistentes que se mascaram e aguardam por alguma desistência para poderem participar.
Este ano, além das 40 equipas inscritas (compostas por quatro alunos), autorizou-se a competição a mais três.
O primeiro passo é eleger um nome para a equipa, o segundo, escolher uma máscara de Carnaval que lhe faça correspondência. Entre os grupos participantes há smurfs, piratas, mimos, Barbies e Kens, bolachas oreo e quatro raparigas que se inspiraram no Zé Povinho, na Ama das Caldas, no Padre e na Saloia, quatro figuras da Rota Bordaliana.
A partida é dada, começou o Raulinho. Para se ser bem sucedido neste desafio convém formar uma equipa completa, que junte o maior número de talentos possível. Isto é, não basta ser-se inteligente para resolver os problemas de matemática, perspicaz para decifrar as charadas, observador para descobrir as respostas que se encontram “camufladas” nas instalações da Escola. Também é testada a capacidade física, a cultura, a aptidão informática, o conhecimento da ciência das cores, dos órgãos do corpo humano, da História das Caldas e dos ditados portugueses.
No papel, nada é o que parece. Por exemplo, uma das perguntas sugere aos alunos que se dirijam ao parque de estacionamento da escola e descubram “Onde está o Cristiano Ronaldo?”. A resposta está escondida na matrícula de um Citroën que inclui as letras “CR”. Noutra questão, pede-se à equipa que observe um painel de azulejos e encontre a “Era”. A resposta encontra-se na assinatura da artista daquela peça, “Vera”.
“Embora sejam os professores de matemática a organizar o peddy-paper, os restantes grupos disciplinares também participam, desde português, história, artes visuais, educação física, biologia, físico-química, informática e inglês”, adianta Clorinda Pereira, coordenadora da actividade. Ao todo, as disciplinas distribuem-se por onze estações. Em cada uma delas é preparada uma prova, adaptada a alunos do 7º ao 12º ano. Na estação de artes visuais testa-se a cultura dos alunos: de um conjunto de fotografias, pede-se-lhes que identifiquem os candidatos que concorreram à presidência da república este ano. Já na estação de História, um dos desafios é saber identificar alguns dos monumentos e lugares emblemáticos das Caldas. O Hospital Termal, o Museu do Hospital e das Caldas, o Chafariz das Cinco Bicas e o Parque D. Carlos I são algumas das respostas correctas.

Cocktails sem álcool e uma semana na cozinha

Quarta-feira à tarde e o refeitório da Raul Proença está transformado num bar. Atrás do balcão, Ricardo Figueiredo, gerente do Cocos Beach Club, ensina aos alunos como fazer cocktails sem álcool. “Quem tem um bar precisa de pensar nas pessoas que não podem ou não gostam de beber álcool”, explica o responsável, sublinhando que é possível preparar cocktails 0% álcool com sabores muito semelhantes aos seus originais.
Quem não conhece a caipirinha? A receita é simples e tem por base cinco pacotes de açúcar amarelo, meia lima cortada em gomos e gelo picado com sumo de limão. Em substituição da cachaça, Ricardo Figueiredo utiliza um xarope de frutos do bosque. Entre os alunos, este cocktail é eleito como o mais saboroso.
Com formação em mixologia/hotelaria há três anos (embora trabalhe em bares desde 1992), Ricardo Figueiredo elabora oito bebidas diferentes, comparando o balcão de bar a um “laboratório de experiências, onde há liberdade para pesquisar e testar a criatividade”. E, tal como o material de laboratório é caro, os utensílios de um barman profissional também o são. Só uma liquidificadora custa 1200 euros.
Das bebidas saltamos para a comida, com o livro “Uma Semana na Cozinha”, apresentado por Ana Luísa Frazão, quinta-feira, na biblioteca.
Quatro receitas por cada dia da semana é a sugestão da professora de artes visuais, autora não só dos pratos, mas também das ilustrações da obra, desenhadas com aguarela.
“Quando desenhar comida ainda não estava na moda, eu já o fazia. Seduzem-me as cores, contrastes e texturas dos pratos. Assim que me sento à mesa, como e desenho ao mesmo tempo”, conta Ana Luísa Frazão, que reaproveitou alguns dos seus desenhos antigos para ilustrar as páginas do livro.
Com 55 anos, sempre gostou de cozinhar e foram as suas especialidades, todas portuguesas, que transformou em livro e traduziu também para espanhol. “Há oito anos que frequento um curso de Verão na Universidade de Zaragoza e foi aí que surgiu a oportunidade de lançar o livro, numa conferência sobre desenho de comida”, justifica a autora, que incluiu pratos como a sopa de agrião para ensinar os espanhóis a confeccionar um bom caldo.

Jazz a fechar a semana

Depois da actuação do Conservatório das Caldas da Rainha na quinta-feira, foi a vez do quarteto da Academia de Música de Óbidos subir ao palco do polivalente e encerrar a semana com um concerto de jazz. Daniel Prezado no contrabaixo, João Ventura na bateria, Hugo Santos no trombone e Olavo Mesquita no piano interpretaram alguns dos mais conhecidos standards jazzísticos, como “Cataoupe Island”  e “All of me”, apresentando ainda um tema de Carlos Bica, contrabaixista português.
“Na academia estudamos principalmente clássico, mas, motivados pelo professor Ricardo Barriga, quisemos explorar o jazz, pois é um estilo que nos permite desprender do papel e abrir asas à improvisação”, conta Olavo Mesquita. Pedro Filipe, maestro que acompanhou os músicos, salientou que este projecto nasceu do facto “dos alunos perceberem que o mercado da música exige versatilidade”.
Ao longo da Semana Raul Proença realizaram-se cerca de 70 actividades, oito delas a decorrer durante toda a semana, como a Feira dos Minerais, a Feira do Livro Usado e a exposição “Message in a bottle”, uma mostra de garrafas com mensagens de afectos.