Utilizadores diários da Rápida Verde insatisfeitos com o serviço

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A Rodoviária do Oeste tem sede nas Caldas da Rainha e emprega 179 trabalhadores, dos quais 145 são motoristas. Possui 168 autocarros | Isaque Vicente
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A supressão dos autocarros que faziam o percurso directo entre Caldas da Rainha e Lisboa (Campo Grande), a aparente falta de manutenção dos veículos (com avarias em pleno serviço ou com falhas no sistema de ar condicionado), o não cumprimento dos horários estabelecidos e a falta de Internet são as principais reclamações apontadas pelos utilizadores diários da Rápida Verde. Queixas estas que já levaram a que os passageiros se organizassem num grupo do Facebook onde partilham as más experiências e assinassem uma petição que foi entregue a semana passada à Rodoviária do Oeste, AMT e Câmara das Caldas.

 

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São 7h00 de uma sexta-feira quando chegamos ao terminal rodoviário das Caldas da Rainha. Acaba de partir uma Rápida Verde, mas em 10 minutos podemos apanhar a próxima, que já vem com os passageiros que entraram na Nazaré, às 6h25. Dá tempo para tomar um café.
Dentro do autocarro somos cerca de 20 pessoas e arrancamos com apenas três minutos de atraso. Dez minutos depois paramos em Óbidos e às 7h37 chegamos ao Bombarral. Depois desta paragem, o autocarro não está cheio, mas vai bem composto, com quase 40 pessoas. A maioria faz a viagem de olhos fechados, alguns recostados a almofadas de descanso para o pescoço, mas também há quem aproveite para ler um livro, ouvir música, trabalhar no tablet, ou ver uma série no smartphone.
Nós vamos de fones nos ouvidos, mas mesmo assim é possível escutar o ruído do autocarro. Com um caderno pousado nas pernas, a tirar notas da viagem, o tremor da viatura não facilita a tarefa. A nota positiva é que há internet grátis durante todo o percurso que nos permite ligar ao Spotify. Melhor ainda o facto de o trânsito estar controlado à entrada de Lisboa e chegarmos pontualmente às 8h25, conforme previsto.
Esta foi uma viagem da Rápida Verde que correu bem, sem qualquer incidente ou motivo de queixa. Só que aquilo que deveria ser regra, às vezes (demasiadas vezes, segundo os utilizadores frequentes) também é excepção.
São os passageiros que diariamente utilizam o serviço aqueles que mais justamente podem fazer a avaliação da sua qualidade. A conclusão é que as críticas são várias e sempre as mesmas entre os utilizadores.

Pouca segurança?

Para Dora Jesus, professora de Inglês que há quatro anos lecciona em Lisboa, o principal problema é que “os autocarros são velhos e desconfortáveis e fazem imenso barulho… isto quando não avariam”. E acrescenta: “lembro-me de uma vez perguntar ao motorista se tinha a certeza que o autocarro ia chegar a Lisboa porque só a arrancar foi um problema”.
O ano passado foi mesmo o pior para Dora Jesus, no que respeita às más experiências com o serviço da Rápida Verde, o que a levou a apresentar uma reclamação por escrito. Na opinião desta passageira, o mais grave é a segurança dos veículos pois “alguns já não estão em condições de realizar o percurso e deveriam ser retirados da frota”. A pergunta que Dora Jesus coloca é directa: será que a empresa está à espera que aconteça algum acidente grave para rever o estado das viaturas que tem em circulação?
Mas há mais motivos de queixa, nomeadamente relacionados com a falta de limpeza dos veículos (principalmente dos tecidos que forram os assentos), com o fraco sinal de internet (que a empresa publicita como gratuito) e as falhas do sistema de ar condicionado, que deveria estar sempre operacional mas às vezes não funciona, o que torna a viagem insuportável nos dias de calor.
“Eu nem me importava de pagar um bocadinho mais, mas ter a certeza que tínhamos melhores condições nas viagens”, realça Dora Jesus, acrescentando que o autocarro é pouco estável para trabalhar. Mesmo assim, a professora aproveita algumas das viagens para responder a e-mails ou ver trabalhos dos alunos, embora prefira ler um livro.
Outro problema é que o tempo da viagem raramente é cumprido, mesmo nos percursos que fogem às horas de ponta. Uma hora e 15 minutos é insuficiente para ir de Caldas a Lisboa quando os autocarros também têm que parar em Óbidos e Bombarral. A maioria dos passageiros já nem tem em conta a hora de regresso que o horário estipula, contando normalmente com 10 minutos de atraso para planear as suas viagens. Na opinião de Dora Jesus, os atrasos agravam-se porque em Óbidos há muitos turistas que compram o bilhete dentro do autocarro. “Não era má ideia criar naquele local um ponto de venda, nem que fosse automático, ou num café perto da paragem, pois poupava-se muito tempo”, frisa.
Embora reconheça que a existência da Rápida Verde e a grande oferta de horários lhe permite concorrer para dar aulas em Lisboa, Dora Jesus também confessa que “só recorre a este serviço porque não existem outras alternativas”, não só pelo facto de a rede Expressos não possuir nenhum tipo de passe, mas também porque ir de comboio leva ainda mais tempo.

Falta de estacionamento

A falta de estacionamento nas proximidades do terminal rodoviário das Caldas é também um motivo de reclamação por parte dos passageiros. O parque mais próximo e gratuito é o das piscinas dos Bombeiros, o que leva alguns utilizadores que vivem na zona sul da cidade (perto da EDP) a irem apanhar o autocarro em Óbidos. É o caso de Filipe Mateus.
Este passageiro levaria quase 15 minutos a pé até ao terminal das Caldas e outros 10 de autocarro até Óbidos. Fazendo as contas é quase mais uma hora de caminho por dia do que se for de carro até Óbidos – onde encontra estacionamento gratuito perto da paragem – e lá apanhar a Rápida.
“Compensa-me porque é mais prático e menos cansativo”, refere Filipe Mateus, que recorre ao serviço da Rápida Verde desde 2001. Há 15 anos cliente, afirma que “o serviço tem evoluído favoravelmente pois antigamente usavam-se camionetas que nem deveriam fazer o serviço das Rápidas e havia muito menos horários”, mas confirma que as principais falhas apontadas pelos utilizadores têm fundamento. Ele próprio já se viu apanhado num autocarro avariado em plena autoestrada, já viu pingar água do sistema de ar condicionado, já viajou em viaturas pouco confortáveis e às quais pressente que falta manutenção.
“Os próprios motoristas dizem-nos que, por conhecerem os vícios dos veículos, às vezes conseguem dar a volta aos problemas sem que os passageiros se apercebam”, diz o utilizador, acrescentando que se o passe é pago – no seu caso são 184,50 euros – “os clientes merecem um serviço sem falhas e mais justificações quando há viagens que não correm bem”.

Supressão das rápidas directas

Actualmente são 30 os horários disponíveis que ligam Caldas da Rainha a Lisboa (Campo Grande), das 5h30 às 22h30. Desde o dia 2 de Maio que todos os percursos abrangem a paragem em Óbidos e Bombarral, após a administração da Rodoviária do Oeste ter retirado o único autocarro que ligava directamente Caldas a Lisboa (às 7h15). Havia ainda o das 7h10, que passava por Óbidos, mas excluía a paragem no Bombarral, e o das 7h30, que fazia a ligação directa entre Bombarral e Lisboa.
Para compensar o facto de já não existirem autocarros directos, a Rodoviária do Oeste aumentou a oferta dos horários entre as 6h30 e as 8h00, pondo a circular viaturas de 10 em 10 minutos (em vez de 15). Mas acontece que os passageiros se queixam que há vezes em que os autocarros não chegam a aparecer e que nunca pediram por mais autocarros. Questionam mesmo se a empresa tem motoristas e autocarros suficientes para dar resposta ao acréscimo dos horários.
O que a maioria reclama é que voltem a existir ligações directas, que eram mais vantajosas para um conjunto de pessoas que diariamente utilizava a Rápida para ir trabalhar para Lisboa e agora tem que partir mais cedo para garantir que não chega atrasado ao emprego. Isto porque, embora os horários indiquem que o percurso Caldas-Óbidos-Bombarral-Lisboa seja de 1h15, são raras as vezes em que este tempo é cumprido, principalmente da parte da manhã, quando o trânsito é caótico à entrada da capital.
Esta é actualmente a principal razão de descontentamento dos utilizadores da Rápida Verde e que motivou 180 passageiros a assinarem uma petição que pede a reposição das ligações directas. O documento foi entregue na semana passada à administração da Rodoviária do Oeste, à Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) e à Câmara das Caldas e evidencia ainda “a degradação das condições do serviço prestado, pela sobrelotação dos autocarros afectos ao percurso em hora de ponta, designadamente a incapacidade de transportar do Bombarral para Lisboa todos os passageiros que ali aguardam por um determinado horário”. É que, quando existia um autocarro directo das Caldas para Lisboa, muitos dos utilizadores que partiam do terminal rodoviário caldense concentravam-se nesse horário (7h15), mas agora distribuem-se pelas várias carreiras que partem de 10 em 10 minutos. Isto origina que depois da paragem em Óbidos nem sempre sobrem lugares para todas as pessoas que aguardam no Bombarral, que se vêem obrigadas a esperar pela próxima Rápida.
Quem também saiu prejudicado com a supressão das ligações directas são os passageiros que apanham o autocarro em Alcobaça e Nazaré, pois viram alongados os seus percursos, uma vez que quem partia de Alcobaça não parava no Bombarral e quem saía da Nazaré só fazia uma paragem nas Caldas até Lisboa.

“Há falta de gestão da linha”

Conceição Henriques, passageira da Rápida Verde desde 2007 e responsável pela entrega da petição, disse à Gazeta das Caldas  que há 10 anos existiam muito menos autocarros a fazerem o percurso, mas muitos mais ligações directas a Lisboa. “Ao longo dos anos a Rodoviária foi tentando maximizar o serviço colocando cada vez mais autocarros a passarem por Óbidos e Bombarral, mas o facto de retirar de vez os autocarros directos deixou as pessoas muito aborrecidas porque isto representa muitas horas nas nossas vidas”, afirmou, referindo-se essencialmente às pessoas que possuem passe mensal e utilizam a Rápida quase todos os dias como principal meio de transporte.
A utilizadora acrescentou que “se fosse hoje, desaconselharia alguém a morar nas Caldas a ir trabalhar para Lisboa porque o peso de não existirem rápidas directas é muito grande”, realçando que esta decisão da administração da Rodoviária do Oeste não responde aos interesses dos clientes.
“Há claramente falta de gestão da linha e esta medida é uma maneira pouco moderna e honesta de tratar as pessoas pois há horários em que existem passageiros suficientes para dar resposta aos autocarros directos”, referiu Conceição Henriques, que no ano passado chegou a apresentar uma reclamação por escrito sobre o serviço da Rápida Verde.

AMT não responde

Recentemente foi criado no Facebook o grupo Os Utilizadores da Rápida Verde, onde os passageiros têm partilhado críticas a este serviço. A maioria reporta situações de autocarros que não apareceram no horário previsto ou avarias dos veículos.
Também à Gazeta das Caldas têm chegado cartas escritas por utilizadores da Rápida Verde, que põem em evidência as fragilidades do serviço. Coincidentemente foi a partir de Maio, mês em que a administração da Rodoviária do Oeste suprimiu os autocarros directos, que mais passageiros se pronunciaram escrevendo para o Correio de Leitores.
A 18 de Maio, José Ribeiro diz que “a gestão desta empresa de transportes não se preocupou em modernizar os autocarros, nem tão pouco em servir melhor os caldenses, pois o número de utilizadores justificaria claramente duas carreiras diretas para Lisboa”. Já no dia 23 de Junho, a cliente Raquel Rodrigues escreveu para a Gazeta relatando uma viagem em que o ar condicionado do autocarro não estava a funcionar. “Todas as tentativas de abrir e regular o ar condicionado foram infrutíferas. E assim, os desafortunados passageiros não tiveram outro remédio que não o de transpirar copiosamente e suspirar por chegarem rapidamente ao seu destino”, contou a utilizadora.
Gazeta das Caldas perguntou à Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), que é o organismo estatal regulador destas matérias, que seguimento tinham tido as queixas dos clientes da Rodoviária do Oeste (bem como as da CP, também feitas por alguns passageiros), mas não obteve resposta.

 

Rodoviária do Oeste admite voltar às rápidas directas para Lisboa

 

Administrador diz que novos horários implicam sempre novos autocarros, os quais terão de ser rentabilizados fora das horas de ponta. A empresa admite vir a comprar autocarros de dois pisos e explica que as viaturas mais antigas ainda ao serviço vão ser progressivamente substituídas por outras mais recentes.

 

“A porta dos directos não está fechada, mas isso implica investimento em mais autocarros e cada um custa cerca de 230 mil euros e isso é um investimento que é preciso rentabilizar e não se coaduna com uma viagem de ida e volta nas horas de ponta”.
Orlando Ferreira, administrador da Rodoviária do Oeste explica assim por que motivo a empresa tem sido renitente em repor o serviço das rápidas directas para Lisboa, sem paragem em Óbidos e Bombarral, e que tantas reclamações tem suscitado junto dos seus clientes.
“Em 2 de Maio reforçamos a oferta com mais três horários entre Caldas e Lisboa à hora de ponta e tivemos que comprar mais três autocarros e recrutar mais três motoristas”, conta o administrador. Mas após uma ida a Lisboa em plena hora de ponta, a possibilidade de fazer uma segunda viagem à capital já só ocorre fora desse período, quando a procura já é mais baixa, o que dificulta a rentabilização do investimento.
Orlando Ferreira diz que, ao contrário de Torres Vedras, onde é possível a mesma viatura (e o mesmo motorista) fazerem mais do que uma ida e volta durante o período de ponta, nas Caldas, a 100 quilómetros de Lisboa, isso é impossível. “Não é fácil gerir um serviço de características suburbanas a esta distância de Lisboa”, diz.
Por outro lado, está fora de questão eliminar as paragens de Óbidos e Bombarral na actual oferta porque isso seria reduzir o serviço nessas duas localidades e porque, na verdade, a Rodoviária do Oeste precisa dessas paragens para ajudar a encher os autocarros. “Os carros nunca partem cheios das Caldas, nem mesmo à hora de ponta. Há sempre uns lugares vazios que acabam por ser ocupados em Óbidos e no Bombarral”.
Quanto às queixas sobre o envelhecimento das viaturas, Orlando Ferreira explica que a empresa trabalha com os autocarros sobrantes da Rede de Expressos. Esta última é um pool (conjunto de empresas) que explora uma frota cedida pelas participantes, a qual não pode ter autocarros com menos de sete anos. Sempre que estes atingem esse limite, a Rodoviária do Oeste faz-lhes uma “revisão de meia vida” e coloca-os no serviço das rápidas.
Presentemente a Rápida Verde tem uma frota de 28 autocarros, dos quais dois têm mais de 15 anos e só costumam ser utilizadas para substituições. Depois há ainda três autocarros com mais de 13 anos, sendo que os restantes têm entre sete e 10 anos.
“Tendencialmente, as viaturas que têm suscitado mais queixas vão sendo retiradas da operação à medida que são substituídas por outras mais novas vindas da Rede de Expressos”, diz Orlando Ferreira.
Ainda assim, o responsável admite ir ao mercado comprar mais viaturas e diz que está em cima da mesa aumentar a oferta com autocarros de maior dimensão, eventualmente de dois pisos, para este serviço entre Caldas e Lisboa.

UMA FROTA DE 168 AUTOCARROS

A Rodoviária do Oeste, que pertence ao grupo Barraqueiro, tem sede nas Caldas da Rainha e emprega 179 trabalhadores, dos quais 145 são motoristas. Segundo Orlando Ferreira, só uma pequena parte tem contratos a prazo, sendo regra da casa passar o pessoal para o quadro em pouco tempo. A empresa possui uma frota de 168 autocarros, dos quais 28 estão afectos ao serviço das rápidas para Lisboa.
A Rápida Verde assegura nos dias úteis 31 ligações ida e volta para Lisboa. Entre as 10h00 e as 18h00 o serviço é de hora a hora, mas antes e depois deste período a oferta chega a ser de um autocarro em cada 15 ou 20 minutos. O último autocarro do Campo Grande para as Caldas é à meia-noite e meia e transporta essencialmente pessoas que trabalham por turnos – polícias, enfermeiros, taxistas – bem como estudantes de cursos nocturnos.
As rápidas transportam 1600 passageiros por dia. Destes, quase 40% utilizam passe, o que significa que são deslocações casa-trabalho ou casa-escola. A maioria vive nas Caldas e trabalha em Lisboa, mas há também residentes em Lisboa que vêm trabalhar às Caldas.
Alguns dos caldenses utilizadores deste serviço optam por comprar passe a partir de Óbidos por ser mais fácil de estacionar junto à paragem e – sobretudo para quem vive no lado sul das Caldas – porque é mais fácil chegar a casa.
O serviço das carreiras rápidas remonta aos tempos de antes da privatização (Rodoviária Nacional) e, de alguma forma, compete com a Rede de Expressos, se bem que num segmento mais barato pois oferece menos conforto e menos rapidez.
Em 2006 havia das Caldas da Rainha para Lisboa 13 ligações em cada sentido, número que tem vindo progressivamente a subir. A CP não tem constituído uma alternativa para as deslocações a Lisboa (mas já o é para Coimbra e Porto) e o transporte individual é caro devido ao preço do combustível, portagens e dificuldade em estacionar na capital.

 

Terminal das rápidas poderá ser o Senhor Roubado em Odivelas

A Câmara de Lisboa quer fechar o terminal rodoviário do Campo Grande para ali poder erguer mais uma torre de escritórios e propõe que os autocarros passem a ter como destino o Senhor Roubado no concelho de Odivelas.
Trata-se de um local que fica perto da paragem do Metro, mas que tem o inconveniente de só ser servido por uma linha (e não por duas como no Campo Grande). Esta proposta não agrada à Rodoviária do Oeste que encomendou um estudo ao Instituto Superior Técnico para saber qual o impacto junto dos seus clientes de uma eventual mudança para aquele destino.
A maioria dos inquiridos (61%) prefere a manutenção do Campo Grande como ponto de chegada e de partida das rápidas. A propostas do Senhor Roubado e de Entrecampos (considerada pela Rodoviária do Oeste como a localização ideal para terminal rodoviário) obtiveram 18% cada de respostas positivas. E um número residual (3%) admite passar a usar o automóvel se mudarem o ponto de origem/destino.
O fim do Campo Grande como terminal rodoviário é uma proposta já assumida por Fernando Medina, actual presidente (não eleito) da Câmara de Lisboa, mas o assunto está agora parado até ao desfecho das próximas autárquicas. C.C.

 

O nada estranho caso de Santarém

 

Questionado sobre por que motivo o serviço de rápidas entre Santarém e Lisboa (bilhete a 7,50 euros e passe a 123 euros) é mais barato que o Caldas – Lisboa (bilhete a 7,80 euros e passe a 181 euros), Orlando Ferreira admite que os escalabitanos beneficiam do facto de haver concorrência do comboio.
“Os preços das rápidas de Santarém estão em promoção há um ano e tal”, diz o administrador, reconhecendo que naquele eixo a CP tem uma maior vantagem comparativa.
Entre Santarém e Lisboa a transportadora ferroviária cobra 6,60 euros por uma viagem num comboio regional e a Rodoviária 7,50 euros, mas quanto ao valor da assinatura mensal, esta última alinhou o seu preço pelo da CP: 123 euros.
Primeira conclusão: onde há concorrência do comboio, a transportadora rodoviária baixa os preços.
Segunda conclusão: se a linha do Oeste funcionasse, a rodoviária homónima teria outra política tarifária. C.C.

 

Concurso público internacional em 2018

A OesteCIM fez publicar a 26 de Junho no Jornal Oficial da União Europeia um anúncio de pré-informação relativo ao contrato de serviço público de transportes (rodoviários) na região. Trata-se de um pré-aviso para o verdadeiro concurso público que será lançado dentro de um ano e ao qual poderão concorrer quaisquer operadores dos países da UE.
As comunidades intermunicipais têm agora esta competência e deverão fazer o caderno de encargos com base no preço mais baixo que a empresa transportadora estiver disposta a pedir ao Estado para efectuar o serviço posto a concurso.
Orlando Ferreira diz que “não nos passa pela cabeça que não ganhemos este concurso” e sublinha que actualmente a Rodoviária do Oeste não tem qualquer subsídio do Estado para fazer este serviço público. O caderno de encargos a ser elaborado deverá prever que o concorrente ganhador fique com os motoristas e a frota do operador já existente. C.C.

 

Autocarro substitui comboio e tem acidente

Dizem que as estatísticas que o comboio é mais seguro que o autocarro e bastou uma pequena amostra de vários meses em que a CP recorre a serviço rodoviário de substituição por não ter material circulante para o comprovar.
No dia 30 de Junho, um autocarro da Rodoviária do Oeste ao serviço da CP, que fazia o percurso de um comboio entre Caldas da Rainha e Torres Vedras, chocou contra um ligeiro de passageiros à entrada desta cidade.
Segundo fonte oficial da Rodoviária do Oeste “o embate ocorreu após travagem sobre piso em mau estado provocado pela forte chuva que se verificou no momento da ocorrência”. A mesma fonte adiantou que “não existe qualquer relação com o estado mecânico da viatura” e que os dez passageiros que seguiam no autocarro (e não sofreram quaisquer danos) continuaram o resto do percurso 20 minutos após a ocorrência. O acidente levou à presença do INEM e dos bombeiros, tendo o condutor do ligeiro sido transportado para o hospital.
Gazeta das Caldas pediu esclarecimentos à CP sobre este incidente, mas não obteve resposta.  C.C.

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