
Após dois anos de existência, o BNI Real já gerou mais de 967 mil euros em negócios. Este grupo é constituído por 17 empresários caldenses de várias áreas de actividade – da construção civil à saúde e beleza – que se reúnem todas as semanas para trocarem contactos entre si.
A presença no BNI além de contribuir para o aumento da facturação das empresas, também fornece competências aos seus elementos para se tornarem melhores gestores dos seus negócios. O grupo caldense comemorou o segundo aniversário no dia 6 de Julho no Hotel Sana com uma reunião de negócios e um jantar.
O advogado Nuno Marques tem um casal de clientes inglês que pretende comprar casa na Foz do Arelho. Mas o imóvel precisa de obras. Por isso, passa o contacto do casal à arquitecta Catarina Correia, que elabora o projecto de remodelação, e ao construtor civil João Franco, que acaba por se encarregar da obra.
Entretanto a moradia também precisa de um jardim e Marisa Lucas assume o compromisso de o fazer, tal como Tiago Machado ficará responsável por equipar a casa com electrodomésticos e Dinis Tinta por instalar o sistema de aquecimento. Paulo Morais também contribui como carpinteiro e Ricardo Nunes constrói a piscina. Já Teresa Aguilar responsabiliza-se por assegurar o serviço de limpeza da moradia. Os nove empresários trocaram referências entre si e acabam por fechar negócios que, neste caso, ultrapassaram os 200 mil euros.
O trabalho em rede, a troca de contactos e o estabelecimento de parcerias entre empresários de diferentes áreas de actividade, são os principais objectivos do BNI (Business Network International), que foi fundado há 32 anos nos Estados Unidos e actualmente marca presença em 73 países através de 200 mil membros. Só em Portugal existem 82 grupos e na região Centro e Oeste 14 núcleos activos. É nesta última região que se inclui o BNI Real das Caldas da Rainha, com 17 empresários (cinco deles entraram este ano).
Trabalhar em rede não significa forçar o cliente, mas sim beneficiar do poder do passa-a-palavra. “Se eu confio no meu advogado para tratar do problema x, mais facilmente irei optar por dar-lhe ouvidos se por acaso me surge uma situação y para a qual necessito de contactar outro profissional”, diz Catarina Correia, presidente do BNI Real.
No caso da cadeia de negócios fechados com o casal de ingleses, Catarina Correia afirma que também teve sucesso porque “os estrangeiros aderem muito a este conceito pois nem sempre estão em Portugal e procuram uma pessoa de confiança que resolva os seus vários problemas com pragmatismo”. Já os portugueses ainda “são um pouco desconfiados” e encaram estes grupos de empresários como uma espécie de “máfia”, acrescenta a arquitecta.
Actualmente o BNI das Caldas da Rainha reúne empresas ligadas à construção civil, serviços de limpeza, imobiliária, seguros, carpintaria, serralharia e alumínios, impressão digital e de grande formato, produção multimédia, produtos de saúde e beleza, consultoria financeira, projectos de investimento, arquitectura, aplicações web, climatização, advocacia e certificação energética. As principais áreas de actividade que estão em falta no grupo (para as quais os seus elementos poderiam fornecer contactos que representariam reais oportunidades de negócio) são as de gestão de propriedades e condomínios, cafetarias e restauração, assim como manutenção informática e de pneus.
DAR PARA RECEBER
O primeiro interesse dos membros BNI não deve ser obter referências dos seus colegas, mas sim trabalhar para lhes arranjar contactos. Parte-se do princípio que se ajudamos o próximo, mais tarde ou mais cedo este irá retribuir-nos o gesto. Tanto que existe entre os empresários uma pressão positiva para apresentar referências e há mesmo um reconhecimento do elemento que contribui com mais contactos para o grupo. Mas atenção que a qualidade das referências também é avaliada, assim como é controlada a assiduidade dos membros, o número de formações (gratuitas) que frequentam e o número de vezes que se reúnem em particular com outro colega de forma a conhecerem melhor o seu negócio.
Isto significa que embora o BNI traga benefícios às empresas, os empresários também têm que trabalhar para obterem essas mesmas vantagens, desde logo nas apresentações de 60 segundos que fazem nas reuniões semanais onde devem deixar claro quais as suas principais necessidades. Em tão pouco tempo, conta muito a criatividade das exposições, até para não passarem despercebidos entre os colegas.
Também existe a oportunidade de trocar referências com empresários de outros grupos BNI, não só de Portugal como de todo o mundo. Através da plataforma BNI Connect, cada grupo está identificado, assim como as suas áreas de actividade e estão disponíveis os contactos dos seus membros. “Ainda recentemente me ligaram de Itália para saber se eu conhecia no grupo potenciais clientes interessados em produtos em acrílico”, conta Catarina Correia, realçando que presencialmente se promove que um elemento possa assistir às reuniões de outros grupos. São as chamadas visitas.
Na opinião de Tiago Machado, director consultor do BNI Real, “é essencial que as pessoas tenham uma atitude pró-activa, dando nas vistas pela positiva: chegando a horas, fazendo boas apresentações e bons pedidos, frequentando formações…”.
Todos os elementos do grupo desempenham um cargo que é rotativo de seis em seis meses. Isto porque “queremos que todos os membros possam ter visibilidade e embora uns cargos deem mais trabalho que outros, também trazem regalias diferentes”. Por exemplo, a equipa de liderança do grupo tem a vantagem de mensalmente se reunir com equipas de outros grupos, o que lhes permite aumentar ainda mais a sua rede de contactos.
“FACTURAÇÃO DA MINHA EMPRESA CRESCEU 30%”
Em dois anos os empresários do BNI Real agradeceram mais de 967 mil euros, quase um milhão de euros. Em 2016 o montante gerado em negócios fechados foi de cerca de 506 mil euros e trocaram-se mais de 2.600 referências. Cada uma das “cadeiras” dos membros deste grupo vale aproximadamente 23 mil euros e todos eles aumentaram a facturação das suas empresas desde que integraram o BNI Real (cuja adesão implica uma quota anual de 500 euros).
Dinis Tinta, responsável da empresa Seivacaldas, dedica-se à instalação de sistemas de aquecimento e ar condicionado e pertence há cinco anos ao BNI (nos primeiros três anos integrou um grupo de Rio Maior). “Desde então muita coisa mudou no meu negócio – a empresa ganhou visibilidade noutros distritos e aumentou a facturação em 30%”, diz.
Só em 2016 Dinis Tinta conseguiu facturar 62 mil euros com negócios gerados dentro do grupo e recorda-se que pertencia apenas há quatro meses ao BNI Real quando fechou um negócio de 23 mil euros com um colega que mal conhecia.
“Sentimos que à partida temos alguma confiança nos outros membros apenas pelo facto de fazerem parte do BNI, mas a credibilidade vai crescendo à medida que as parcerias que estabelecemos também correm bem”, explica Dinis Tinta, realçando que também cresceu enquanto empresário desde que integra o grupo. “Sou hoje uma pessoa mais atenta às necessidades dos outros, mais organizado e melhor líder. Todos os dias aprendo”, acrescenta.