A população de pombos nas Caldas da Rainha é excessiva. A questão é reconhecida pela Câmara e pela União de Freguesias de Nª Sra. do Pópulo, que estão a estudar as melhores soluções para o problema, mas não existe ainda uma decisão à vista.
Existem queixas por parte da população caldense tanto no município, como na união de freguesias, “sobretudo de quem habita nas zonas mais afectadas, porque nem podem ter janelas abertas ou roupa nas varandas”, refere Vítor Marques, presidente da União de Freguesias de Nª Sra do Pópulo, Coto e São Gregório.
Os locais mais problemáticos são o Parque D. Carlos I, a zona do tribunal e dos Prédios do Viola, na Rua Fonte do Pinheiro. Nestes locais existem colónias de maiores dimensões, mas um pouco por toda a cidade encontram-se comunidades mais pequenas, que aproveitam sobretudo a presença de aparelhos de ar condicionado e outras saliências para nidificarem.
Vítor Marques defende que a colónia de pombos deve existir e faz sentido, até por ser um atractivo turístico, mas defende que a população deve ser controlada, “porque em excesso causa problemas à população”. Este é, contudo, “um problema complicado”, admite, e que extravasa as competências da junta de freguesia. No entanto, adianta que tem existido uma avaliação conjunta com a Câmara e a veterinária municipal, que já permitiu identificar algumas soluções possíveis, embora não esteja ainda tomada qualquer decisão sobre o procedimento a adoptar.
VÁRIAS HIPÓTESES EM EQUAÇÃO
Uma das possibilidades partiu de uma proposta do Conselho da Cidade e consistia em construir um pombal no qual se poderia controlar as posturas e retirar os ovos, trabalho que não pode ser feito actualmente devido à dificuldade de acesso aos ninhos. Esta solução esbarrou na dificuldade em encontrar um local apropriado no Parque.
Em equação estão medidas como a alimentação com milho anticoncepcional, ou o recurso a aves de rapina, predadores naturais dos pombos. Contudo, a primeira não surtiu os efeitos desejados noutras zonas do país, como Lisboa e Santarém, e a segunda pode fazer com que os pombos fujam, o que não resolve o problema, só o muda de localização.
A autarquia está ainda a procurar outras zonas do país que possam acolher os pombos que existem a mais nas Caldas, até à data sem sucesso.
Existe ainda uma última possibilidade, mais drástica, que passa pela eliminação e incineração de pombos, uma medida que está prevista legalmente e existem empresas especializadas nesse serviço, mas que será o último recurso.
Esta foi, de resto, a solução adoptada em Santarém, onde a praga de pombos atingiu uma dimensão considerável, depois de outras soluções, como o milho anticoncepcional e a colocação de obstáculos para proteger monumentos, terem falhado.
Vítor Marques disse ainda que a união de freguesias alimenta os pombos do Parque para que a colónia ali se mantenha, porque de outra forma esta poderia deslocar-se para a cidade à procura de alimento, criando um problema mais nefasto. A alimentação dos pombos custa a esta autarquia cerca de mil euros por ano.
Questionada pela Gazeta das Caldas, a Câmara Municipal disse não ter condições para saber com rigor qual a dimensão das colónias de pombos na cidade e confirmou que estão a ser avaliadas as medidas a tomar. No entanto, acrescentou que “não é possível o abate de aves sem as necessárias autorizações” e que “estão a ser estudadas outras metodologias”, tendo em conta que existe “um código de posturas que limita essas acções”.
Aspecto importante a ter em conta é que os pombos não devem ser alimentados pela população. A autarquia tem alertado para essa questão, mas “essa sensibilização não tem surtido muito efeito”, refere o município.
Aos pombos, começam a juntar-se cada vez mais as gaivotas. Apesar de serem em menor número, a sua presença excessiva também causa transtornos, sobretudo pela acidez das fezes que causa danos em viaturas e equipamentos.
DOENÇAS RESPIRATÓRIAS E DE PELE
A ligação dos pombos com as cidades é histórica e hoje é difícil imaginar uma cidade sem pombos. No entanto, as condições que encontram nos meios urbanos, quer de alimentação e nidificação, quer a ausência de predadores naturais, faz com que as populações cresçam em demasia e isso pode trazer alguns problemas, inclusivamente para a saúde pública.
Esta é uma situação que é transversal a muitas cidades do país. A Câmara de Lisboa diz no seu site que a proporção da população de pombos não deve ultrapassar em um quinto a população humana para que a convivência seja equilibrada e saudável.
São vários os problemas que o excesso de população de pombos pode causar, o mais grave prende-se com questões de saúde. Através da inalação, as fezes secas podem provocar desde alergias de pele a problemas respiratórios sérios e até afetar o sistema nervoso central. Entre a lista de doenças que podem ser transmitidas aos humanos pelos pombos, ou pela presença destes, estão a tuberculose, a criptococose, a salmonelose, a histoplasmose, a ornitose, dermatites, gastroenterites, a toxoplasmose e ainda parasitas como carraças e pulgas.
Além das questões de saúde, o excesso de população de pombos causa grandes transtornos devido à elevada quantidade de fezes. Os pombos têm um aparelho digestivo curto, pelo que defecam de forma constante. As fezes são ácido-corrosivas, o que provoca danos em equipamentos, veículos, ou produtos armazenados.
A sua presença atrai outras pragas, como ratos e baratas. As penas, os restos de ninhos e cadáveres dos pássaros provocam entupimentos em algerozes.