Em várias escolas dos seis concelhos abrangidos pelo ACES Oeste Norte onde são desenvolvidos projectos relacionados com a saúde e com o bem-estar. A alimentação saudável, o exercício físico, a saúde mental, a educação para os afectos e a sexualidade, a saúde oral, entre tantos outros temas que possam dar aos alunos novas competências.
“Há crianças que nunca viram ervilhas ou que não sabem o que são brócolos, favas ou grão-de-bico”, diz a enfermeira Fátima Neves, coordenadora da equipa de Saúde Escolar que é uma área que depende da Saúde Pública.
Para colmatar esta falha, há projectos como o “Prato Colorido, Prato Divertido”, que implicam oferecer legumes, de forma diferente aos alunos das escolas do primeiro ciclo.Uma das propostas para incluir nos lanches saudáveis foram os ovos de codorniz. “Primeiro recusaram e depois de provar, pediram outro”, contou a responsável, acrescentando que esta é uma óptima alternativa às bolachas, pães achocolatados ou gomas. Entre outras sugestões para o lanche, estão os palitos de cenoura que são igualmente bem sucedidos, assim como os queques de vegetais. “Ir à escola falar não chega, temos que trabalhar com todos os elementos e assim obter um resultado positivo”, resumiu a técnica, explicando que este projecto decorre com iniciativas regulares nas escolas dos concelhos das Caldas e da Nazaré.
Esta iniciativa é feita em parceria com as Câmaras que têm nutricionistas e tem como objectivo prevenir e tratar a obesidade. Além dos alunos, esta iniciativa também envolve os professores e pais. Estes últimos tanto podem ser convidados a comer na escola, ou a participar na realização de workshops de almoços e de lanches saudáveis.
Segundo a enfermeira “deixámos de fazer sessões avulsas e passámos a dinamizar projectos de intervenção com vista a desenvolver as competências dos alunos, trabalhando também com pais e professores”.
Este programa ainda inclui rastreios ao índice da massa corporal dos alunos que são feitos pelas nutricionistas que depois, se for necessário, seguem as crianças em consultas daquela especialidade.
“Prato Colorido, Prato Divertido” já se desenvolve há dois anos e também inclui a promoção do exercício físico, dentro e fora das aulas. “É um projecto que tem várias frentes”, afirmou a enfermeira, especificando que era preciso ensinar aos pais como se fazem lanches saudáveis para os seus filhos levarem para a escola.
A responsabilidade de cuidar
Em Peniche funciona o projecto Escolhe-te, em parceria com o IPL e a Câmara, que visa o desenvolvimento de competências nos alunos do terceiro ciclo e do secundário. No início dos ciclos, ou seja, no 7º e no 10º ano “pergunta-se aos alunos que temas gostariam de ver trabalhados e depois fazemos parcerias com entidades que os desenvolvem”, disse a enfermeira, contando que estes normalmente estão relacionados com temas de saúde, desporto ou estilos de vida.
Em Óbidos o Amigo Especial é um programa dirigido a crianças com necessidades especiais ou com problemas de atenção ou de relacionamento. Estes alunos são responsabilizados por um dos animais do canil municipal e têm que lhes dar banho, cuidar da sua alimentação e passeá-los. Desde o início do projecto notou-se que “o comportamento dos alunos melhorou substancialmente dada a valorização do seu trabalho”.
Outra das áreas de intervenção está relacionada com a Saúde Ambiental no âmbito da qual técnicos de saúde pública fazem uma análise dos riscos ambientais e do risco de acidentes em meio escolar, não só no recinto, mas também no caminho para a escola.
A Saúde Oral – que tem um programa especifico – inclui a realização de rastreios que avaliam a dentição dos alunos aos sete, aos 10 e aos 13 anos, nas escolas dos seis concelhos. Se os alunos precisarem, as técnicas remetem para consulta de saúde oral ou para médico dentista.
Álcool em idades precoces
“O consumo de álcool exagerado em idades cada vez mais precoces é um dos problemas já detectados”, disse Fátima Neves, que realizou em 2013 um estudo em escolas da região que lhe permitiu concluir que “à volta de 70% dos estudantes, entre o 7º e o 10º ano, consumiam bebidas alcoólicas regularmente”. Algo que deixa a técnica de saúde preocupada pelas consequências deste consumo no desenvolvimento e capacidades cognitivas dos jovens. “Quanto mais cedo se começa a consumir, maior é a probabilidade de se tornar adito”, referiu.
A investigação sobre os hábitos de vida dos adolescentes tem sido feita por profissionais de saúde que vão estagiar para a Saúde Pública. Está a decorrer , levado a cabo por duas enfermeiras, um projecto de intervenção para a prevenção do consumo de álcool e de tabaco, que vai incidir junto de alunos de uma turma de 8º ano da escola de S. Martinho do Porto.
A formação de professores e outros técnicos das escolas, como os psicólogos, é também uma preocupação da Saúde Escolar. A enfermeira coordenadora diz que tem sido feita uma aposta na formação dando acções de Educação Sexual e para os afectos e também referente aos Primeiros Socorros.
Em preparação já estão as quartas Jornadas de Promoção e Educação para a Saúde, que vão decorrer na Escola Bordalo Pinheiro de 9 a 11 de Julho e que se dirigem a professores, educadores e técnicos de saúde. Serão organizadas pela Unidade de Saúde Publica e pelo CFAE e serão dedicadas ao tema Oceanos de Afectos. Vão discutir-se temas relacionados com a alimentação saudável, exercício físico, cidadania, ambiente, comportamentos de risco e saúde mental.