Entende-se por saúde mental o oposto de doença mental ou a ausência de psicopatologia, ou seja, um estado de saúde normal.
No entanto, para ter saúde mental não basta que haja ausência de sintomas psiquiátricos. É necessária a presença de capacidades tais como: fácil adaptação ao trabalho, fácil estabelecimento de relações afectivas, estáveis e duradouras, resiliência, inteligência emocional, maturidade e autonomia.
O panorama da saúde mental em Portugal, espelhado no mais recente relatório da Direção-Geral da Saúde, não é o mais animador. Assistimos ao aumento considerável do consumo de antidepressivos, sobretudo nas pessoas em idade ativa. Verifica-se igualmente um aumento da taxa de suicidios.
Portugal é, aliás, um dos países com maior prevalência de doença mental, sendo os portugueses mais vulneráveis ao sofrimento psicológico e a crise económica vivida nos últimos anos fez aumentar o desespero.
Desde 2012 que o consumo de psicofármacos como ansiolíticos, antidepressivos e antipsicóticos tem vindo a aumentar.
Para além de tudo isto, verifica-se uma ausência de respostas para estes doentes. Não existem recursos em número suficiente e os que existem, estão lotados e obsoletos.
A deteção precoce de situações de risco e a intervenção atempada é extremamente importante. Deverá existir uma maior eficácia na intervenção em situações complexas e com forte vertente social / comunitária.
Igualmente importante será a implementação de programas de prevenção primária e de intervenção precoce.
Estabelecer políticas, programas e legislação nacionais, rever a legislação com base no conhecimento atual e na consideração dos direitos humanos, formular os programas e a política de saúde mental e aumentar as verbas para atenção em saúde mental, são critérios a ter em consideração para uma melhor intervenção nesta matéria.
As doenças do foro psiquiátrico, afetam de forma significativa a vida diária, não só dos doentes bem como das famílias. Verifica-se uma alteração muito grande da dinâmica familiar, das rotinas e das relações inter e intra familiares. Desta forma, é necessário envolver as comunidades, famílias, apoiar a formação de grupos de ajuda mútua, financiar planos para organizações não governamentais e iniciativas de saúde mental.
Os orgãos governamentais deverão promover um trabalho concertado e rigoroso em torno desta matéria.
Ao poder local, também caberá tomar decisões e implementar estratégias para junto do seu território, intervir de forma sistémica, indo ao encontro das necessidades da comunidade local. Desta forma deverá articular de perto com a área da saúde, reforçar as equipas de trabalho, tendo em linha de conta que esta é uma área crucial e relevante para o crescimento e desenvolvimento de qualquer comunidade.
Patricia Oliveira
Assistente Social: Contrato Local de Desenvolvimento Social- Municipio Cadaval
Mestre em Bullying e especialização em Aconselhamento Parental e Intervenção com crianças e jovens em perigo.