Aprovado projecto para lar de apoio a pobres deficientes no Externato Ramalho Ortigão

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O edifício, propriedade do Patriarcado de Lisboa, tem tido sempre um uso ligado ao ensino
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O excutivo caldense aprovou, por maioria, o projecto apresentado pela congregação Irmãs Servidoras de Jesus do Cottolengo do Padre Alegre, para a realização de obras no Externato Ramalho Ortigão. O edifício, propriedade do Patriarcado de Lisboa, irá transformar-se num lar de apoio a pessoas pobres com deficiência profunda e residência para as freiras que delas tomam conta

A unidade prevista para o Externato Ramalho Ortigão deverá acolher 21 utentes, dispostos em sete quartos triplos. No projecto entregue na autarquia, a que a Gazeta das Caldas teve acesso, é referido que este novo espaço é, para a irmandade do Cottolengo e para todos os seus utentes, como um “verdadeiro tesouro ao serviço da comunidade, dos pobres deficientes”. Tratam-se de mais de nove mil metros quadrados que serão aproveitados para esta valência, restando uma pequena área, que continua cedida à Santa Casa da Misericórdia das Caldas, onde funcionam projectos de ajuda à comunidade.
De acordo com o documento, a reforma a efectuar não envolverá grandes intervenções ao nível estrutural e as fachadas também serão mantidas, ainda que “higienizadas e pintadas”. No piso térreo funcionarão as aulas, os espaços de fisioterapia e os passeios de jardim mais privados, que são usados por pessoas ali a morar em permanência. Também serão criados o escritório da madre superiora, salas de visita, cozinha e quartos destinados aos trabalhadores, bem como a sala de jantar, vestiários e banheiros.
O andar superior divide-se numa área privativa, onde vivem as irmãs, e outra pública, dedicada aos utentes da unidade, com sala de jantar e de estar, e áreas dedicadas à saúde e enfermagem, bem como uma área de dormir, onde se situam os quartos. Há ainda zonas destinadas a receber as famílias das religiosas e voluntários.
A congregação explica que, pela sua experiência, a partilha de espaço nos quartos (triplos) é benéfica, possibilitando maior companhia e a possibilidade de socialização dos utentes mais dependentes e de menor mobilidade, que precisam de estar quase todo o dia acamados. Referem ainda que nas unidades da irmandade – Casa Cottolengo, na maioria dos casos, os utentes chegam muito jovens, passando ali toda a sua vida.
“Muitos utentes não conhecem outro local, outra casa”, especificam, acrescentando que, nestas novas instalações será possível “atingir outros níveis de qualidade do serviço”, nomeadamente no que respeita à educação, cuidados e convivência, mas também na reorganização de aulas e espaços para serviços comunitários. Destacam ainda a existência de capela, cozinha e o grande jardim do edifício, que pretendem adaptar.
Este imóvel, onde já funcionou o Externato Ramalho Ortigão e um polo da Universidade Católica, é propriedade do Patriarcado de Lisboa e entregue à irmandade do Cottolengo, em regime de comodato, por um prazo inicial de 40 anos, prorrogável por cinco. Encontra-se afecto à “realização de fins religiosos: exercício de culto e ritos católicos, assistência religiosa católica, fins de solidariedade, assistenciais, ensino e educação prosseguidos pelo Cottolengo e o Patriarcado”, refere o contrato estabelecido entre as duas entidades religiosas.
Ligada à Igreja Católica, esta congregação é uma instituição benemérita privada que tem por missão o acolhimento de pessoas com deficiências físicas e mentais, desprovidas de recursos financeiros. A congregação foi fundada em Barcelona em 1932 e dispõe actualmente de seis estruturas de apoio à comunidade em Espanha, duas na Colômbia e uma em Portugal, denominadas de Casas de Família A unidade portuguesa, denominada Cottolengo do Padre Alegre de Lisboa, foi fundada em 1989 e está instalada, desde 2004, na Estrada da Ameixoeira. Por restrições de espaço dedica-se a 15 mulheres pobres, portadoras de deficiência.

PS CONTRA OBRAS DE ALTERAÇÃO DE USO

Os vereadores do PS, Luís Patacho e Jaime Neto, votaram contra as obras de alteração ao uso do antigo Externato Ramalho Ortigão por discordarem da “alteração do uso do edifício”, que além de colégio foi também Escola Superior de Biotecnologia. No entanto, os socialistas realçam que “nada têm contra a instalação de um estabelecimento de apoio social na cidade”.
Justificam a sua posição com o facto de se tratar de um edifício com uma longa história ligada ao ensino e com uma “fortíssima ligação sentimental à nossa cidade”, lembrando que muitas das pessoas que ali estudaram ainda hoje se reúnem para celebrar a frequência naquele espaço.
Os vereadores da oposição recordam ainda o investimento de um milhão de euros para adaptação do edifício a polo da universidade e consideram que a nova alteração àquelas instalações, “o transfigura para um uso completamente distinto, desaproveitando o dinheiro que a Câmara ali investiu para o funcionamento de um estabelecimento de ensino”.

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