Alunos da escola de artes pensaram mostra sobre arte nas Caldas que abrange período entre 1950 e 2024
Abriu a 28 novembro, na Biblioteca ESAD.CR, a mostra “74 X Caldas = Uma ideia clara? A partir da coleção da CGD” com uma grande instalação, feita com grande caixas de Carlos Bunga, e que foi pensada para esta mostra.
A comitiva seguiu para os museus do Centro de Artes pois a mostra – que tem curadoria coletiva do segundo ano da licenciatura de Programação e Produção Cultural e da docente Lígia Afonso – inclui obras da Coleção da Caixa Geral de Depósitos de artistas que têm, ou tiveram, contacto com as Caldas.
“A ESAD é um parceiro fundamental das Caldas e imprimiu-lhe um ritmo e uma aceleração inegável e que fazem da cidade um dos grandes polos de criação de arte contemporânea”. Palavras de Conceição Henriques proferidas na abertura desta mostra que vai ficar patente até ao mês de março.
Algumas das curadoras desta mostra fizeram uma visita guiada aos vários espaços museológicos, dando a conhecer quais foram as opções curatoriais, algumas das quais que colocam obras de autores distintos em diálogo, por vezes, em oposição com as peças que fazem parte das coleções permanentes dos próprios espaços museológicos.
Segundo as alunas Violeta Gregório e Matilde Milhões Maia, que foram duas dos 14 curadoras da mostra, pretendeu-se fazer uma análise à história de arte contemporânea que se faz nas Caldas da Rainha. Além das obras da coleção, foram os estudantes que comissionaram obras de artistas ou coletivos, considerados fundamentais para a produção contemporânea das Caldas – e cujo percurso se iniciou na ESAD.CR – e foram convidados a expôr e a produzir obras para esta exposição. “Notamos no início que faltavam mulheres artistas”, disseram as alunas que, através dos convites aos atuais autores, equilibraram os números.
A docente Lígia Afonso contou que esta aliança entre a ESAD e a Culturgest “provou que é uma convergência que é sempre frutuosa”. Além das peças das coleção, a docente sublinhou o facto de terem sido feitos convites a Carlos Bunga, Sara & André e ao coletivo Pizz Buin, que criaram intervenções para esta exposição.
“Era igualmente importante criar novas obras”, disse a docente que, mal tomou contacto com as peças da coleção da CGD, deu com obras de Ferreira da Silva, Hansi Stael, José Júlio e Bartolomeu Cid dos Santos e viu que era possível “criar uma história de arte contemporânea, de Portugal, a partir das Caldas”. A docente mostrou-se feliz por esta ter sido a primeira vez que a coleção teve uma curadoria coletiva por parte de uma escola.
Mark Deputter, administrador da Culturgest, disse à Gazeta das Caldas que foi uma ótima ideia aliar a coleção da CGD com o trabalho de curadoria de estudantes. “Temos o objetivo de mostrar a coleção por todo o país e gostamos de colaborar com outras entidades locais “, acrescentou o responsável. Na sua opinião, com as novas leituras dos estudantes “a própria coleção fica mais rica”.
Fernando Travassos, artista formado na ESAD.CR, que vive a trabalha nas Caldas, considera que a mostra é “uma ótima oportunidade” para os atuais alunos verem que outras pessoas – que já fizeram parte da escola como eles – “hoje têm obras numa instituição cultural relevante”.
Vanda Madureira, das Pizz Buin, apreciou o convite feito ao coletivo para participar nesta mostra.
O grupo apresentou uma instalação em que o visitante podia tentar encestar peluches, simbólicos e relacionadas com a própria história da ESAD. Quem o conseguiu levou para casa uma fanzine deste coletivo de artistas, pensada em 2011 por ocasião dos 20 anos da ESAD.CR. “Não foi possível editar nessa altura, editamos agora nesta mostra de celebração”, disse a artista, que atualmente vive em Coimbra.
Também o artista plástico Nuno Gaivoto considera que a mostra “está bem conseguida” e reúne um conjunto de obras importante.
O autor, que se dedica à pintura, mantém ligação às Caldas e gostou de rever momentos ligados ao início da ESAD, que teve dias bem conturbados. A mostra vai estar patente até 3 de março de 2025 e terá um programa de atividades paralelas. ■