O árbitro internacional Fábio Veríssimo esteve nas Caldas na segunda-feira numa sessão de esclarecimento para os clubes sobre as alterações às leis de jogo, perante uma plateia onde se notou a falta de adesão entre os representantes dos clubes.
Este ano houve uma alteração considerável ao livro das leis de jogo, mas a maioria teve em conta a uniformização e simplificação do texto. Fábio Veríssimo explicou que, até esta época, havia um livro da FIFA e mais um conjunto de obras complementares, que agora se concentram num livro apenas com a chancela do International Board.
O árbitro natural de Peniche falou apenas das alterações mais importantes e ligadas ao jogo propriamente dito.
Começou pelo fim da tripla penalização em caso de grande penalidade, nas faltas que são cometidas na disputa de bola, por exemplo quando o guarda-redes disputa a bola com o avançado e faz falta por chegar ligeiramente atrasado. Estas faltas passam a ser punidas com amarelo, mas continuam a merecer expulsão sempre que se joga a bola com a mão, quando o jogador não tem possibilidade de jogar a bola, quando existe conduta violenta ou a falta é cometida com os braços.
“Para nós é mais difícil analisar tudo, se era ou não situação clara de golo e se a intenção era ou não jogar a bola”, sublinhou Fábio Veríssimo.
As faltas cometidas fora das quatro linhas, com a bola jogável, passam a ser punidas com livre cobrado no local mais próximo, quando antes o jogo recomeçava com bola ao solo.
Algumas situações de mão na bola deixam de merecer admoestação com cartão amarelo, por exemplo quando um jogador intercepta com o braço uma linha de passe. Passam a merecer cartão apenas as faltas que anulam um ataque promissor. A intenção é diminuir o número de cartões nos jogos, mas Fábio Veríssimo alertou que a utilização destas infracções de forma continuada será penalizada disciplinarmente.
A intervenção no jogo por parte de elementos afetos oficialmente a uma equipa, ou seja, que constem da ficha de jogo, é punida com livre e expulsão. Até aqui era punida com bola ao solo.
O pontapé de saída pode ser feito em qualquer direcção, quando anteriormente tinha que ser para a frente.
O livre por fora-de-jogo passa a ser cobrado onde a infracção é assinalada, e pode ser antes no seu meio-campo defensivo (caso o jogador esteja saia de uma posição irregular para receber a bola no seu meio-campo defensivo). Os braços deixam de contar para a avaliação da posição irregular, mesmo os do guarda-redes. Um jogador que saia do campo (defensor ou atacante) conta para a avaliação do fora-de-jogo como se estivesse em cima da linha de fundo, mas apenas durante o lance que está a ser disputado nessa altura. Uma questão que tem levantado mais polémica nas últimas temporadas é o critério para avaliar a interferência de um avançado em posição irregular no campo de acção do guarda-redes. O International Board define que um jogador que esteja no interior da pequena área sem dois defensores entre si e a linha de fundo está sempre em posição irregular, mesmo que não dispute a bola, por interferir com o campo de visão do guarda-redes.
Na cobrança de penáltis, passa a haver cartão amarelo quando o guarda-redes se adianta antes do tempo e defende a bola, e também quando o avançado marca golo com uma paradinha junto à bola (é permitido fazê-lo no caminho até à bola).
Quando há situação de bola ao solo, se o jogador marcar golo de forma directa o golo é invalidade, a bola só entre em jogo após um segundo toque, seja voluntário ou involuntário.
Fábio Veríssimo pediu paciência e a compreensão dos intervenientes do jogo quando o árbitro erra, “acreditem que ninguém quer fazer as coisas mal feitas”, sublinhou.
Carlos Amado, presidente do Conselho de Arbitragem da AF Leiria agradeceu aos clubes a colaboração através da indicação de candidatos a árbitros, que já minimizou a questão da falta de juízes e apelou para que continuem a canalizar jovens para a arbitragem, uma carreira que pode ser aliciante. Carlos Amado deu o exemplo do próprio Fábio Veríssimo, antigo atleta do Peniche que se iniciou cedo na actividade e hoje é árbitro internacional. No próximo mês de Outubro a AFL vai iniciar um novo curso de árbitro.
Em relação às alterações, Carlos Amado adiantou que o Conselho de Arbitragem está disponível para realizar acções deste tipo no seio dos clubes.