Pautados por momentos de emoção, estes eventos são, também, um importante gerador de atividade para vários negócios
Vive-se o final de ano letivo e há muitos jovens que agora vivem o fim do secundário. Na Escola Técnica Empresarial do Oeste (ETEO) ainda está a ser preparado o baile. “Normalmente fazemos coincidir com a sessão de entrega dos diplomas”, disse Ana Bento, a diretora pedagógica. O baile é organizado pela Associação de Estudantes (AE) e acontece na Quinta das Carrascas. “Este ano ainda não está definido”, disse a docente acrescentando que serão 93 finalistas. A reportagem fotográfica da festa, onde também participam professores, é assegurada por alunos de Audiovisuais. Os organizadores estão a pedir orçamentos dos locais e depois é feito um inquérito aos alunos para a escolha final. O baile “é sempre um momento animado e de partilha”, rematou a docente.
Francisco Morgado, de 17 anos, é finalista do curso de Técnico de Cozinha e Pastelaria da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste (EHTO) e teve um papel importante na organização do baile desta escola. Este decorreu a 31 de maio, na Quinta do Foro, na Benedita, e contou com a participação de alunos, acompanhantes e docentes. “Começámos logo a trabalhar no início do ano letivo, com iniciativas para angariar fundos para o baile”, contou o jovem à Gazeta, acrescentando que a sua turma fez vendas semanais e organizou um sorteio para o Cabaz de Natal.
Para se organizar um baile é essencial definir o tema e o local. O jovem encontrou na Quinta do Foro, na Benedita, o lugar ideal para o evento, dado que “tem uma grande tenda, que foi perfeita para baile que teve como tema Casino” e que contou com 76 pessoas.
Decidido o menu e o preço por pessoa segue-se a decoração do espaço. “Contei com a ajuda da empresa Hélia Arte Floral na decoração”, referiu o jovem que foi um “faz tudo” para que tudo estivesse perfeito. “Gostei mesmo muito de organizar a festa, que durou até às duas da manhã”, contou o coordenador, feliz, pois “toda a gente gostou mesmo muito do baile!”. No dia 10 de março, Francisco Morgado organizou o seu projeto final de curso, em Alvorninha, tendo recriado uma antiga adiafa. “Foi acabar o ano em grande!”, disse Francisco Morgado que explica que o segredo do sucesso é ter “foco e planeamento”.
No Colégio Rainha D. Leonor realiza-se o baile há 16 anos, sendo sempre organizado por uma equipa de docentes e não docentes e sempre com um conceito diferente e mais familiar. A diretora pedagógica, Sandra Santos, esclarece que começam por contratar o catering, atualmente com o restaurante Paraíso do Coto. Depois, anualmente escolhem um tema, idealizam e produzem a decoração, desde a entrada, ao espaço onde se realiza a festa (no pavilhão), passando pelos centros de mesa. “Costumamos ter entre 250 a 350 pessoas”, sendo que da festa fazem parte os alunos, os familiares e amigos, os professores e auxiliares. Todos os anos são preparadas surpresas para os finalistas pelos pais e professores, em cerimónias emotivas, que marcam o final de um ciclo. Este ano o tema era “Casino Night”, mas já foi, por exemplo, a noite dos Óscares.
A jovem obidense, de 18 anos, Carolina Fernandes está a terminar o curso profissional de intérprete de dança contemporânea e foi uma das finalistas no baile, ela que nem tinha muito “esse lado feminino do dia de princesa”, mas estava ansiosa pelo ambiente familiar dos bailes do Colégio. “Fui com os meus pais, três irmãos, a mulher e os filhos de um deles, a minha madrinha e o meu namorado”, conta. A noite foi cheia de atividades, com surpresas, entre as quais um espetáculo preparado pelos pais para os filhos e vice-versa.
“É uma noite para ficar na memória”, afirma a coroada Rainha da Valsa, que dançou com o irmão, na abertura do baile, e que recebeu também o prémio de Melhor Aluna – Atitudes e Valores e foi nomeada para o prémio de Melhor Colega. “Foi uma noite de emoção, não sendo totalmente uma despedida porque com os meus colegas de dança ainda vou ter um espetáculo”, diz, mas sente que “o baile é o fecho de um ciclo”. É que “acabaram três anos nesta escola, com altos e baixos, de oportunidades e aprendizagens”, refere, salientando a relação com os professores, que ficaram a dançar e cantar com os alunos no final, a recordar o percurso dos estudantes, já depois dos pais terem ido embora. “São mais do que nossos professores”, nota.
Lara Barradas, a presidente da AE da Secundária Raul Proença contou que o baile desta escola foi participado por 120 pessoas. Teve lugar a 9 de junho no Hotel Vila d’Óbidos e correu tudo “otimamente!”, com estudantes e respetivos acompanhantes. Segundo a estudante, a festa teve como tema “Os Óscares” e “foi bom celebrar o final do secundário todos juntos”, disse. A organização foi feita por uma empresa e coube à AE apenas a recolha das inscrições e os pagamentos. Para a posteridade vai ficar “o convívio e os momentos que partilhámos”, disse a jovem, acrescentando que a maioria vai seguir para a universidade.
Madalena Mestre, da AE da Secundária Bordalo Pinheiro, conta que o baile contou com 170 pessoas, no dia 6 de junho, na Quinta do Juncal. O tema foi “Hollywood Glam” e foi organizado pela empresa Hype Travel que já tinha anteriormente organizado a viagem de finalistas e o baile do 9º ano. “Toda a gente gosta de ir ao baile. É como o encerrar de um capítulo”, rematou a jovem.
No agrupamento Josefa de Óbidos também houve baile organizado pela AE, com cerca de 50 alunos.
Negócios seguem tendências
Para a realização dos bailes é sempre preciso um local. A Casa do Acipreste, em Alcobaça, recebe há vários anos bailes de finalistas, mas de há dois anos para cá tem recebido mais, porque Anabela Pinto, funcionária da quinta, o tem fomentado. “Ainda esta semana estive com os estudantes até às 5h30, é preciso ter uma certa empatia por eles, porque vêm com o espírito de se divertirem ao máximo”.
Em média são mais de 100 pessoas. Uma das particularidades da quinta é a existência de animais. “Os nossos clientes vêm sempre mais cedo para ver os muitos animais que temos”, explica, frisando que “são noites de muita emoção para os jovens, e também para quem está a acompanhá-los, que por mais que não queiramos, deitamos umas lágrimas”, tal como ocorreu “esta semana, quando se estavam a despedir uns dos outros e diziam que agora só se iam ver aos fins de semana e perguntavam se continuariam a ser amigos….”, recorda. Depois da receção, com um welcome drink, têm o jantar, seguindo-se o fogo de artifício, que dá início à festa. A partir daí, é dançar.
A Quinta do Juncal, na Serra d’El Rey, trabalha com este mercado há 20 anos, sendo uma memória comum a várias gerações da região, dado que recebe anualmente as escolas oestinas. A vista e os grandes jardins são atrativos do espaço que se dedica, principalmente, a eventos sociais, como casamentos e batizados. Trabalham com uma empresa que organiza eventos escolares, como viagens e bailes de finalistas, a Liquid.
Fernando Fernandes, proprietário da Quinta, salienta que dado o facto de se tratarem de adolescentes, requer uma atenção ao facto de alguns não terem idade legal para beber e, mesmo com os que têm, procurar que não existam excessos. Preparam as ementas para “responder às especificidades”, com cuidados relativos às alergias e com pratos vegetarianos ou veganos. E, ao longo dos anos, fazem-se “memórias gratificantes”, como uma festa há cerca de duas décadas com 600 estudantes.
Entre os negócios que estes bailes movimentam estão, por exemplo, as maquilhadoras. Joana Casimiro maquilha para bailes de finalistas desde o início da sua carreira e realça uma característica: são jovens que seguem as tendências. “A tendência atual é uma maquilhagem mais natural, têm que estar na atualidade, porque são jovens do 9º e 12º ano, que seguem a moda”. A colocação de sardas e um pouco de brilho natural são os mais pedidos.
Este nem foi o ano em que trabalhou mais, mas recorda dias em que trabalhou desde as 12h00 até à hora de início do baile. Este é um mercado importante para a make up artist “e é muito giro, porque para muitas [jovens] é a primeira vez que vão a uma maquilhadora”, nota. “Vêm ansiosas e muito expectantes porque é tudo muito importante naquele dia” e “é um dia que temos sempre na memória”, destaca a maquilhadora, que frisa que “das coisas que as raparigas se lembram mais “é de ter ido ao cabeleireiro, à maquilhadora e ter mandado fazer o vestido”. No seu 12º ano teve baile na Quinta do Juncal. “Não fui à maquilhadora”, graceja, recordando o penteado e as memórias da diversão com amigos. “Acho que é a primeira vez que nos arranjamos a sério para alguma coisa”, considera, notando que há uma diferença, dado que atualmente ficam nos locais com DJ’s, enquanto na sua época iam para a discoteca Green Hill. “É um primeiro momento de adulto”, salienta.
A empresa We Mendes oferece vários serviços para as finalistas dos bailes. “Fazemos serviço completo!”, disse Cheila Mendes que se ocupa da confeção dos vestidos. A sua irmã Susana Mendes trata da maquilhagem e têm parcerias com mais profissionais de cabeleireiro e que trabalham em conjunto. Sónia Mendes é a responsável pela reportagem fotográfica pois feito o vestido e, após a maquilhagem e o arranjo do cabelo, é preciso registar para a posteridade. “É sempre um momento emotivo”, disse a costureira que se dedica a tal tarefa desde 2015 e veste finalistas da região das Caldas, Alcobaça, Rio Maior e S. Martinho do Porto. Um vestido para o baile pode custar entre os 170 e os 500 euros. “Normalmente as fotografias somos nós que oferecemos”, disse Cheila Mendes que acrescenta que um serviço completo pode custar a partir dos 250 euros. Para os rapazes faz as gravatas ou os papillons com os mesmos tecidos dos vestidos das raparigas. “Também faço os vestidos das mães, das irmãs, das professoras e destinados a galas universitárias”, disse Cheila Mendes. Esta ainda se desloca aos muitos bailes de finalistas pois faz questão de oferecer uma flor a cada uma das suas clientes.