É evidente que o contexto melhorou para o PS

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Eurico Brilhante Dias diz conhecer melhor muitos dos dossiês do distrito do que a esmagadora maioria dos adversários
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Após a derrota do PS em Leiria em 2024, o cabeça de lista, Eurico Brilhante Dias, acredita que há desilusão entre os eleitores com o Governo AD. E que isso fará o distrito ajudar os socialistas a regressar ao poder

Manuel Leiria

O PS teve uma vitória histórica em 2022 em Leiria, distrito onde nunca tinha ganho. Mas em 2024 sofreu uma queda acentuada e perdeu mais de 20 mil votos e dois deputados. De que forma espera recuperar?
Os contextos históricos são muito diferentes: tivemos uma maioria absoluta não esperada [em 2022] e em 2024 o Governo tinha acabado de cair na sequência de um funesto parágrafo e de uma intervenção do Ministério Público. O PS tinha estado no poder oito anos e era relativamente fácil ao governo que tomou posse mais tarde, a coligação AD, vender ilusões que, passado um ano, ruíram em várias áreas da atividade. Um ano depois, é evidente que o contexto melhorou para o PS. O acolhimento que temos tido na rua é bastante mais caloroso do que foi o ano passado. Mudar de governo para o PS é uma mudança segura.
As indústrias e empresas do distrito são relevantes na economia nacional. O que fará o PS face ao contexto gerado pela crise tarifária?
O Governo tem gerido o dossiê da guerra tarifária tarde e mal. Tenho falado com associações empresariais e com empresas e percebe-se que há um mal-estar latente. Tem de haver uma força política com grande experiência, que saiba modelar bem um conjunto de propostas para que a economia portuguesa possa passar este momento de uma forma mais suave, apesar de os impactos ainda não serem completamente antecipáveis.

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Que medidas defende?
Pelo seu grau de abertura, esta é uma das regiões onde é mais importante termos saber e iniciativa para reagirmos a esta grande dificuldade. É importante que os portugueses reflitam muito bem em quem votam: votarmos em partidos que defendem bloqueios, tarifas e que de alguma forma estão subordinados à estratégia e ao conjunto de instrumentos de política do presidente Trump é muito, muito arriscado. É contrário aos interesses da região, dos trabalhadores e dos empresários do país.

Como vai o PS contrariar o crescimento da extrema-direita em Leiria?
Os 50 deputados do Chega mostraram uma certa inutilidade e deterioraram a qualidade do debate parlamentar. O caso mais ilustrativo é o do roubo de bagagem. Mais importante: tem um programa sem viabilidade, que aumenta a despesa e reduz a receita. É de quem não quer ser governo. Quem promete tudo a todos, não tem condições de governar.

Que medidas prevê o PS para a habitação?
Temos medidas de aumento do financiamento da construção pública. Continua a ser fundamental ter construção pública para reequilibrar o mercado de habitação e aumentar a colocação de casas para arrendamento. No distrito, queremos estimular com os municípios as cooperativas habitacionais, contando com instrumentos que possam ser geridos entre a CCDR e as CIM. Além disso, estamos a empurrar os mais jovens para um endividamento para o resto da vida, endividamento cada vez mais caro e isso é um problema. Somos uma região exportadora, com dimensão industrial muito importante e nos serviços também – principalmente o turismo -, para não falar da dimensão agrícola. Precisamos de reter talento. Temos de perceber que a habitação hoje é um elemento central para captar esse talento.

Leiria foi dos distritos onde a violência grave mais subiu no ano passado. É uma questão ou uma perceção?
A segurança tem sido utilizada como arma de arremesso político e isso é mau, porque parte do nosso modelo de negócio baseia-se na segurança: um país, e um território como Leiria, onde o turismo é fonte fundamental de rendimento, do qual dependem milhares de postos de trabalho, não faz da segurança tema central. Até porque é desproporcionado quando se compara com outros países. Mas devemos manter a vigilância que nos permite intervir de forma antecipada e próxima para combater fenómenos emergentes de insegurança. Nesta dimensão, temos sempre muita atenção à renovação das esquadras da GNR, a PSP como polícia de cidade é muito importante e uma das nossas prioridades aqui é a Polícia Municipal em Leiria. Mas esta não é uma região insegura. E misturar estrangeiro, imigrante e segurança é explosivo: precisamos de estrangeiros e de imigrantes. Quem faz essa associação nunca foi à Matcerâmica ou a uma IPSS como a Santa Casa da Misericórdia da Marinha Grande, para não falar no setor primário, absolutamente dependente [da imigração].

O Hospital de Leiria é notícia frequente por más razões e o Hospital do Oeste está num limbo há muito tempo. O que pensa o PS fazer para resolver os problemas da Saúde?
É a maior prova de incompetência do Governo. Se há distrito prejudicado por este Governo, foi Leiria. Isso é uma das razões que faz com que o PS seja mais bem acolhido hoje na campanha eleitoral do que era um ano. As pessoas percebem…

Ainda é apontado por alguns como um “paraquedista” em Leiria. Como responde a isso?
Não vim para cá ser candidato, vim para ser deputado por Leiria. Desde o princípio, foi um compromisso com o desenvolvimento deste território: tanto falo do espelho d’água da barragem do Cabril como dos problemas com médicos de família no Bombarral e a proteção do Mosteiro da Batalha… Conheço melhor muitos dos dossiês do distrito do que a esmagadora maioria dos meus adversários. E sou mesmo candidato a ser deputado por Leiria. Não sou candidato a presidente de câmara de coisa nenhuma.

O que é um bom resultado para o PS no distrito?
É ganhar. Quando não ganhamos, perdemos. Queremos fazer melhor que em 2024 e ter mais que os 61 mil votos que tivemos. ■

Parceria Região de Leiria / Gazeta das Caldas

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