“Existem cerca de 154 mil casas disponíveis que não estão no mercado”

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O cabeça de lista pelo PAN no círculo de Leiria diz que esta é das zonas mais carenciadas no acesso aos cuidados de saúde
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Rodrigo Andrade é o cabeça-de-lista do partido PAN por Leiria nas legislativas. Saúde, agricultura, habitação e causa animal são alguns dos temas que coloca no centro das preocupações

Joana Magalhães

Há um ano estávamos precisamente nesta posição e, sem estarmos à espera, estamos outra vez. O que mudou?
No contexto atual é possível dizer que talvez tenha mudado muito, mas talvez não tenha mudado nada. As eleições do ano passado surgiram, de certa maneira, para justificar aos portugueses o que deveria ter sido uma viragem de página para um Governo com menos escândalos, casos e casinhos, como temos ouvido falar, mas na nossa visão não foi isso que aconteceu. Voltaram os casos ao Governo, voltaram as confusões, voltou a retórica que pouco avança nos problemas que as pessoas querem ver resolvidos. Nós lançamos a candidatura com a ideia de demonstrar que é possível fazer diferente, é possível haver uma alternativa.

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Quais são as principais questões que pensa levar à discussão relativas ao distrito de Leiria?
Esta é das zonas mais carenciadas em termos de acesso aos cuidados de saúde e existem unidades que não têm qualquer médico de família. E isso, na nossa opinião, é do mais urgente resolver. Resolve-se, em primeiro lugar, dando medidas de incentivo à fixação destes profissionais de saúde nas zonas mais carenciadas, seja com melhor acesso à habitação ou com um aumento na sua remuneração. Mas também com a concretização do Hospital do Oeste, que é uma promessa que tem vindo a ser falada há muitos anos, e que não significa que os atuais hospitais das Caldas da Rainha, de Torres Vedras e de Peniche sejam fechados.

Há um ano, fez referência também à área da agricultura…
O distrito de Leiria é muito rural e também muito agrícola. E nós sentimos que nos últimos anos o Governo não tem sido capaz de ajudar os agricultores a conseguirem ultrapassar o problema que vai ser e que já é, das alterações climáticas. Na nossa opinião tem de haver aqui uma maior proximidade junto dos agricultores para conseguirem reconverter a sua produção e se for preciso analisar os solos, de forma que possam plantar culturas mais resistentes aos efeitos das alterações climáticas.

A área dos transportes tem sido também muito discutida.
Sim, nós sabemos que o distrito de Leiria é muito grande e há pouca interconectividade entre os diversos concelhos. É preciso criar um plano de mobilidade para suprir esta falha e, para além disso, finalmente concretizar as obras da linha do Oeste, que andam há anos a tentar resolver, mas parece que nunca mais acabam.

A somar a esta questão da linha do Oeste, também a alta velocidade vai passar por aqui. Qual é a posição do PAN em relação a isso?
Nós somos a favor da construção da linha de alta velocidade, mas este processo tem que ser feito com uma ampla participação da população, garantindo que prejudica o mínimo de pessoas possível. Sabemos que vai ter de haver expropriação de terrenos, que pessoas poderão perder as suas casas e os seus terrenos, e precisamos de garantir que é salvaguardada também a natureza. O que nós temos visto ao longo do país, em vários casos em que há obras na ferrovia, é que são abatidas milhares de árvores ou que a ferrovia passa por zonas sensíveis do ponto de vista ambiental e nós não queremos que isso aconteça aqui.

A questão da habitação também tem estado na ordem do dia…?
A habitação, no que toca às preocupações dos jovens, é capaz de ser das maiores. Não há solução à vista e Portugal é, inclusive, um dos países da Europa onde os jovens saem mais tarde de casa dos pais. O PAN já há dois anos conseguiu aprovar uma recomendação ao Governo para ser feito o inventário do património público que pertence ao Estado para que depois este património possa ser reformulado e disponibilizado para habitação porque, como nós sabemos, o Estado é detentor de muitos imóveis. Isto são habitações que podiam estar a suprir as necessidades de habitação. Para além disso, é preciso incentivar as pessoas que têm habitações que não estejam no mercado a colocá-las no mercado. Tem-se falado muito que Portugal precisa de construir mais e até tivemos a questão da polémica alteração à Lei dos solos que vinha incentivar a construção, mas o país não tem falta de casas. Existem cerca de 154 mil casas disponíveis que não estão no mercado de arrendamento, nem no mercado de habitação.

A causa animal é também uma das bandeiras do PAN. Que medidas defendem?
O problema da proteção e do bem-estar animal é crónico, mas o panorama é muito simples de traçar e a solução também é evidente. Em Portugal, a responsabilidade da proteção e do bem-estar animal é das autarquias locais, mas muitos municípios, inclusive aqui no distrito de Leiria, ou não sabem que essa responsabilidade é deles ou não querem saber, muito francamente. E em vez de termos as autarquias a auxiliarem no combate ao abandono e na proteção animal, temos as associações de proteção animal a fazer um trabalho hercúleo e a substituírem-se a um papel que é do Estado e das autarquias locais. O que é que é preciso para resolver esta situação? Garantir que as autarquias locais cumpram o seu papel.

Quais é que são as expectativas do PAN Leiria e também nacional nestas eleições?
Em 2019 tivemos quatro deputados, em 2022 tivemos um, no ano passado tivemos um novamente e este ano estamos otimistas que conseguimos voltar a ter o grupo parlamentar [quatro]. Esta candidatura surge para que as pessoas não precisem de votar sempre nos mesmos partidos e mostrar que há alternativa porque, apesar de nós sabermos que a eleição pelo distrito de Leiria pode ser algo longínquo, este trabalho é importante.

Parceria Região de Leiria / Gazeta das Caldas

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