“O Chega nunca foi contra a imigração, o que exige é uma imigração regulada”

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Para o cabeça de lista pelo Chega em Leiria, a saúde é o problema crucial do distrito
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Gabriel Mithá Ribeiro candidata-se ao terceiro mandato por Leiria. Pró-Trump, diz que é preciso “esperar para ver” o impacto das medidas nas exportações para os EUA e crê que o Chega crescerá no distrito

Em 2022 o Chega obteve 8,02% dos votos no círculo eleitoral de Leiria e em 2024, 19,66%. Quais as expectativas para as legislativas de maio?
A expectativa é continuar a crescer. O sentimento das pessoas não mudou. Todos os fenómenos que explicaram o crescimento: a imigração, a falência do Estado, tudo o que imaginar, está na mesma. Portanto, vamos continuar a crescer no distrito e a nível nacional.

Elegeram dois deputados, a expectativa é manter ou aumentar esse número?
Queremos subir, seguramente, a percentagem de votação e o ideal seria eleger um terceiro deputado.

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O ano passado, e antes de ser eleito por Leiria, disse em entrevista que a sua primeira medida a adotar para o distrito seria ao nível da saúde. O que foi feito?
Lutámos na questão do novo Hospital do Oeste, com propostas, por exemplo, de tentar que o problema fosse resolvido, não de cima para baixa mas de baixo para cima, com as unidades de saúde locais ou familiares. Há também dificuldade de acesso a médicos de família e carências na Unidade Hospitalar de Leiria.
A saúde é o problema crucial do distrito. Nós não abandonamos essa causa e vamos continuar. Os objetivos concretos passam pelo reforço daquilo que funciona e acrescentar o que é necessário, seja através de um grande hospital ou em duas unidades menores, e nós relançámos essa discussão.
Mas quando nós temos um poder central que é instável, dificilmente resolvemos os problemas dos distritos, dos concelhos ou das localidades, porque Portugal não é Lisboa. Nós estamos quase ao nível da Primeira República. Houve eleições em 2019, 2022, 2024 e 2025, se formos fazer a média, está a dar menos de dois anos por cada Governo. Temos tido ideias concretas para várias áreas, posso até falar da imigração ou do ensino, relacionado com o IPL.

Falou da imigração e do ensino. Que medidas concretas defende, uma vez que são prioridades?
O Chega nunca foi contra a imigração, o que exige é uma imigração regulada. Estamos num distrito que está a ser atingido por problemas sociais por causa da desregulação da imigração. Os problemas associados, por exemplo, à insegurança alastraram pelo país e chegaram a uma região como Leiria, que era das zonas socialmente mais coesas, estáveis e seguras. A família da minha mulher é da Guia (Pombal), que eu conheço desde 1996 e hoje ouvimos coisas surpreendentes.
Não venham dizer que isso não tem a ver com a imigração. Nós sabemos que há pressão no SNS, nas escolas, na habitação, e é preciso regular. Uma parte destas pessoas vai-se integrar, mas outra não e vai criar guetos, como já há nas grandes metrópoles de Lisboa e Porto.

Ao nível do ensino referiu-se ao IPL…
Sabemos que se há instituições que têm garantido a coesão territorial, das mais eficazes são os institutos politécnicos. Aquando da revisão do Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior, uma das lutas do Chega em defesa aqui do distrito e do IPL foi exigir o tratamento igual entre universidades e politécnicos. Mas não faço essa defesa como se fosse um cheque em branco, faço-o porque tenho fundamentos do conhecimento para defender o ensino politécnico. Os institutos politécnicos, entre os quais o de Leiria, trouxeram um ensino empírico, ligado à terra. É preciso cruzar o saber teórico com o saber empírico e não podemos, se os dois saberes se complementam, ter decisões institucionais, administrativas ou políticas que privilegiem as universidades.
Mas também o ensino básico e secundário tem problemas, em termos de estabilidade social, de integração dos portugueses e dos imigrantes, e de base de coesão social. Nós temos um ensino desfuncional a nível nacional porque não se resolvem questões estruturais. Eu sou um defensor da autoridade dos pais, dos professores, da polícia. Uma parte dos problemas do sistema de ensino é desregulação de atitudes e comportamentos, indisciplina e violência.

O distrito de Leiria será afetado pelo aumento das taxas de entrada de produtos nos EUA, mas também pelo agravamento global das exportações, dizem os empresários. Qual a sua posição?
O Chega tem defendido políticas que Donald Trump também tem defendido e eu sou claramente pró-Trump, embora o partido tenha várias sensibilidades. Na questão das tarifas, eu não tenho dúvidas do direito do presidente Trump em fazer aquilo, pois são políticas proteccionistas da América. E tomara que nós, na Europa, tivéssemos juízo para fazer o mesmo.
É preciso esperar para ver. Se houver um embate, pode custar, mas nós podemos perder a curto prazo e ganhar muito a longo prazo. Quem nos garante que um embate forte entre os Estados Unidos e a China não é a oportunidade da Europa se aproximar da economia americana e termos aqui um grande Ocidente? Quem nos garante que países pequenos como Portugal que são fornecedores de pequenos serviços não passem a ocupar o lugar agora da China nos Estados Unidos? E nós sabemos o quão bom é o distrito de Leiria na exportação.
No imediato, há um discurso político excessivamente histérico em torno do presidente Trump, que me faz confusão.

Tem havido algumas divergências entre as concelhias do distrito e o deputado. Considera que tem condições para garantir o próximo mandato?
O próximo e todos os outros. Eu não vejo problemas nas concelhias, nem na distrital. Acho que isso é ficção, eu não vejo problemas internos.
Às vezes, o que pode acontecer são perspetivas diferentes, dentro de um mesmo partido, sobre os caminhos políticos que queremos e isso é saudável. Tenho a minha página, faço a campanha do partido num certo sentido, outros fazem noutro, e acho que até é complementar. ■

Parceria Região de Leiria / Gazeta das Caldas

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