NATAL 1974 – 2024

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José Luiz de Almeida Silva

Há meio século escrevia na Gazeta das Caldas o saudoso Alberto Lemos em editorial dedicado ao Natal: “Tempo de festa, de presentes, de alegria. E tempo de tristeza também para aqueles que, vendo o movimento festivo dos seus semelhantes, não podem partilhar da mesma sensação de felicidade. Árvore de Natal – Pai Natal – Presentes – Bolos – Boas Festas = NATAL.
Mas, será isto o Natal?
Que fizeram os cristãos do Natal? Que fizeram os homens do Natal?
Será o Natal a comemoração do nascimento de um Menino que nasceu há dois mil anos? Ou será antes a celebração da vinda ao mundo de um Homem que, afirmando ser o Filho de Deus, nos interpela e não nos deixa indiferentes, entre aceitá-lo ou rejeitá-lo?
Não será que a forma como celebramos o Natal é uma maneira muito cómoda que ao longo do tempo fomos cimentando de fugirmos à responsabilidade que ele nos exige?”
Na sua convicção religiosa Alberto Lemos, que, entretanto, nos deixou num infortúnio de um acidente rodoviário, equacionava na época questões que ainda hoje se mantêm perenes e atuais. Daí que o queiramos lembrar com esta referência tanto tempo depois, mas em que tudo parece igual, apesar dos anos passados e da evolução havida, no que respeita à questão central da vida do Homem no Mundo. O Natal de 1974 foi o primeiro vivido pelas gerações de então em liberdade e num regime democrático que se construía. Muitos objetivos foram conseguidos mas, em 2024, não se deve colocar a mesma reflexão que fechava o seu texto em 1974?
“A partir do que, não deveremos nós refletir sobre o que fizemos do Natal? E talvez tenhamos que chegar à conclusão de que o Natal nos impõe um sério compromisso, compromisso esse de nos empenharmos, cristãos e não-cristãos, na construção dum mundo outro que responda à sede de justiça que nos devora (ou devia devorar)”. Até sempre Alberto Lemos! ■

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