Foram criados 1000 novos alojamentos locais n o Oeste este ano

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Eduardo Miranda, presidente da ALEP, defendeu que o sector tem que profissionalizar a sua gestão para fazer face a um mercado altamente competitivo
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Ter uma oferta diferenciadora e profissionalizar o sector são os grandes desafios para o Alojamento Local. Foram estas as principais conclusões do segundo congresso do sector no Oeste, realizado no passado dia 4 de Dezembro no Cineteatro de Torres Vedras. Este é um ramo do turismo que está em franco crescimento e, só no Oeste, foram já registados 1000 novos estabelecimentos este ano.

A AIRO e a OesteCIM realizaram o segundo congresso do alojamento local para abordar estratégias para o sector

Este ano já foram criados mais de 1000 novos estabelecimentos de alojamento local no Oeste, segundo a AIRO – Associação Empresarial da Região Oeste, e a região está muito próxima de atingir os 5000 estabelecimentos no total. Trata-se de um crescimento de 25% no número de estabelecimentos, numa altura em que o ano ainda nem está fechado.
Estes são dados reveladores da importância que este tipo de alojamento tem para a actividade turística de uma região na qual dois dos 12 concelhos nem sequer possuem unidades hoteleiras.
Cristina Cavalheiro, dirigente da AIRO, disse na sessão de abertura do 2º Congresso do Alojamento Local do Oeste que há “desafios e dificuldades” a ultrapassar, assim como se torna necessário delinear “novas estratégias de venda” que conduzam à diminuição da sazonalidade, que ainda provoca uma quebra significativa nos meses de Inverno.
Com a OesteCIM a investir no turismo sustentável do ponto de vista estratégico para a região, Paulo Simões, primeiro secretário da comunidade intermunicipal, afirmou que esta é uma oportunidade que as empresas devem aproveitar. “Todas as cadeias de valor devem assumir esse modelo económico, com base na neutralidade carbónica”, disse, acrescentando que há uma tendência crescente nas novas gerações para a valorização deste tipo de filosofia.
Pedro Machado, presidente do Turismo do Centro, também trouxe alguns números significativos para o congresso. No Centro, há 8873 estabelecimentos de alojamento local contra 1024 empreendimentos turísticos convencionais e alguns dos concelhos com maior implantação estão no Oeste, como é o caso de Alcobaça, que está no top 25 do país. O sector tem “taxas de crescimento muito significativas, no ordem dos 25%”, salientou, e também está a captar investimento estrangeiro. “Existem 4012 registos em nome de promotores estrangeiros”, acrescentou.
O presidente do Turismo do Centro realçou que a região está com um rácio de crescimento acumulado em dormidas de 51% entre 2014 e 2018, contra 38,9% do país.
Pedro Machado acredita que o sector do turismo, e o alojamento local particularmente, podem contribuir para criar rendimento e emprego em zonas de interior e apresentou algumas das linhas orientadoras para o sector até 2030. O objectivo é passar das actuais 7 milhões de dormidas para 13 milhões, apostando no turismo patrimonial, cultural e gastronómico, no turismo espiritual (assente no conceito de bem-estar emocional) e religioso e ainda o enoturismo e o ecoturismo. Neste âmbito, Pedro Machado adianta que é fundamental a electrificação da Linha do Oeste, porque há cada vez mais “quem não queira viajar em meios de transporte poluentes”.
Pedro Machado referiu ainda que a região tem que ser capaz de gerar oferta diversificada e original, capaz de atrair nichos de mercado, dando como exemplo o apiturismo, que está em crescimento nalgumas zonas da Europa. Além da produção do mel, este produto aposta no ecossistema, nas histórias e cultura associadas.

PROFISSIONALIZAR

João Pereira, representante da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), disse que o sector precisa de qualificar os seus recursos humanos como meio de potenciar um serviço de qualidade.
Impulsionador da criação do próprio emprego, o alojamento local foi um dos responsáveis pela criação de postos de trabalho em plena crise, numa altura em que a taxa de desemprego chegou a atingir os 16%.
Agora é preciso dar o passo seguinte e qualificar a mão de obra. Esta é mesmo “uma das maiores queixas e factores de risco” para o crescimento da actividade, apontou João Pereira, o que tem levado, inclusivamente, “os empresários a procurar mão de obra noutros países”.
Eduardo Miranda, presidente Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP), também apontou este como um dos desafios para o sector, inclusivamente ao nível da gestão, tendo em conta que este é um mercado “altamente competitivo”.
Segundo o dirigente, a sazonalidade continua a ser um problema e os estabelecimentos deixam de ser sustentáveis quando têm médias de ocupação abaixo dos 30%, o que ainda acontece durante vários meses no ano.
Eduardo Miranda, que abriu o seu primeiro alojamento local em Óbidos, lamentou que a associação ainda não tenha realizado qualquer acção de formação na região Oeste, mas prometeu que isso irá acontecer no futuro.
Outro tema-chave do congresso foi a legislação e a fiscalidade. Paulo Simões, da OesteCIM, defendeu que é importante para o sector a criação de um guia do alojamento local, que de forma simples explique aos empreendedores o que fazer para cumprir os quadros legal e fiscal.
João Pereira, da AHRESP, disse que o sector já tem a regulamentação necessária, pelo que agora o que se pede é “estabilidade fiscal e legislativa”, assim como regulamentos municipais equilibrados e uniformizados no espaço territorial.

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