Nova loja da Cooagrical no centro da cidade põe fim ao diferendo com a Câmara

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Gazeta das Caldas

IMG_5958A Cooagrical abriu no final de 2015 uma nova loja no centro das Caldas da Rainha, na rua do Sacramento. Esta nova loja, com cerca de 50 m2 de área comercial, devolve à associação de agricultores um espaço de venda ao público no centro da cidade e vem colocar um fim a uma contenda com a Câmara das Caldas, num processo com mais de 15 anos.

“É importante ter no centro da cidade um posto avançado para as pessoas que têm dificuldade de se deslocar à nossa sede, no Imaginário”, disse Mário Carvalho, presidente da cooperativa à Gazeta das Caldas. Permite ainda que a Cooagrical regresse ao formato original, “quando tínhamos a sede na Rua Miguel Bombarda”, acrescenta.
O leque de produtos expostos ainda está a sofrer afinações, consoante o que as pessoas vão procurando, mas nesta loja pode encontrar-se um pouco de tudo o que a Cooagrical comercializa nos armazéns do Imaginário. Tenta-se, no entanto, dar uma “visão mais urbana”, refere Mário Carvalho, com uma oferta mais dirigida ao consumidor, com produtos para animais de companhia, como rações, ou para a produção de consumo próprio.
Esse é até um mercado crescente. “Está a haver uma nova agricultura, das pessoas que fazem numa perspectiva de consumo próprio”, conta Mário Carvalho, não só por razões financeiras, mas também pelas preocupações “com questões como alimentos geneticamente modificados”, acrescenta.
Isso nota-se na procura, por exemplo, na venda de fermento para panificação, que tem crescido de forma muito significativa.
O presidente da cooperativa nota também a aposta que está a fazer com os cereais de produção dos seus associados, pela garantia de que não são geneticamente modificados. “Quem compra, valoriza isso pois apesar de ser um pouco mais caro as pessoas preferem e isso traz benefício para os nossos agricultores”, refere Mário Carvalho.
Há também a possibilidade de clientes e associados realizarem as encomendas na loja e solicitarem a entrega em casa ou nos armazéns. Na loja os produtores podem também realizar a declaração de produção no Sistema de Informação da Vinha e do Vinho, que é obrigatória.
A Cooagrical tem cerca de 5800 associados, principalmente nos concelhos de Caldas da Rainha e Óbidos, dos quais cerca de metade estão activos e têm relação comercial frequente com a cooperativa. Mário Carvalho diz que a agricultura é um sector em crescimento e refere que existem vários exemplos – como a Pêra Rocha, os morangos da Frutas Classe ou os sumos da Coppa – de que a produção no Oeste pode ser diferenciada pela qualidade e que a solução para a sustentabilidade pode estar no regresso ao sector primário.

Fim do braço de ferro com a Câmara

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A abertura da loja significa também um final feliz para o diferendo que a Cooagrical mantinha com a Câmara Municipal e que remontava a 1999.
Na altura, a Cooagrical tinha acabado de vender o edifício sede na Rua Miguel Bombarda à Caixa de Crédito Agrícola (CCA), mas a autarquia chumbou a construção do novo edifício sede da cooperativa num terreno na Lagoa Parceira, que a própria Câmara lhe tinha cedido nos anos 80.
O acordo de compra e venda previa que CCA integrasse na sua nova sede, a construir no terreno onde se situava a sede da cooperativa, uma loja com 45 m2 para a Cooagrical. Previa ainda penalizações pecuniárias caso a Cooagrical se atrasasse a entregar o edifício e à CCA, e se esta demorasse mais que o previsto a entregar a loja.
O processo para encontrar um novo terreno foi demorado e o prazo estipulado foi ultrapassado em cinco anos. Quando finalmente a Cooagrical conseguiu entregar o edifício à CCA, a instituição bancária fez valer o contrato para reclamar 580 mil euros de dívida, mas dispôs-se a perdoá-la se a cooperativa abdicasse da loja a que tinha direito.
A proposta foi aceite pela direcção e pelos associados da Cooagrical. “Não restou outra alternativa porque seria um grande prejuízo”, recorda o presidente da cooperativa.
A cooperativa responsabilizou, no entanto, a Câmara pela situação criada e interpôs uma acção em tribunal, por alegadamente ter provocado a situação com o indeferimento da construção no terreno que havia doado.
O diferendo foi agora ultrapassado, com a cedência da autarquia desta nova loja por um prazo de 30 anos. “É o sinal evidente de que a Câmara reconhece na Cooagrical e na agricultura um importante sector que está na base de todos os outros”, diz Mário Carvalho.
O presidente da instituição ressalva o papel importante do novo executivo municipal (liderado agora por Tinta Ferreira e não por Fernando Costa) pois só agora houve abertura para encontrar uma solução.
“A Cooagrical pode dizer agora que tudo o que foi estrategicamente pensado pela direcção naquela altura está cumprido e podemos partir para outros desafios”, concluiu Mário Carvalho.

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