Esta é muitas as vezes a pergunta que nos colocamos, de tempos a tempos, como que a modo de fazermos um ponto de situação sobre o tempo. O tempo que ocupamos para este balanço é importante, eu diria, derradeiro, para o nosso crescimento, o nosso desenvolvimento e a nossa sustentabilidade – seja de um modo de vida, uma opção tomada no passado, a pertença a algo.
A resposta a esta pergunta dá-nos feedback – de nós para nós – sobre a nossa identidade.
O exercício em si é aquele que traz valor às nossas ações e que nos permite perceber como estamos a caminhar. Se com ou sem sentido, se alinhados ou não com um propósito, em suma, mais ou menos próximos de um estado de alegria e felicidade.
Somos pouco afáveis connosco próprios. Na minha atividade como coach, principalmente, acompanho muitos casos de pessoas que, estando aparentemente bem, até com uma certa “qualidade de vida”, são altamente infelizes nos seus postos, nos seus cargos, nas suas atividades.
Dizem, na maioria das vezes, que são incrédulos quanto à sua mínima possibilidade de mudar. Se que vêem tristes, com o que fazem, com quem lideram, com uma “série” de gente. Eu acredito – sempre – que se trata de um momento. Que algo nelas muda, que é possível superar. Mas vejo, impacientemente, muita gente, a sentir-se inundada dessa tristeza, a viver de várias formas camuflada, todas elas em prol de um qualquer aparente bem – e aqui as coisas podem variar de nível e distribuir-se pelas mais variadas áreas. Desde o cuidado com a imagem à procurar de estilos de vida diferentes, encontro sempre algo.
Outros há que levam este “vício” com outra delicadeza. Por vezes até – curiosamente – roçando o pouco o rude e o brusco, aqueles que entram numa brincadeira. Que brincam a isto, àquilo e aos chefes. Que reinam lá no seu palco e que brincam com a própria brincadeira.
São gente de alguma sensibilidade estética, que lhes permite até brincarem ao estilo. Eu brinco, tendo estilo (“isto é só para inteligentes”).
Depois há os que amarguraram, que já não entendem as coisas, tal como elas são. Amarguraram por durante tanto tempo terem sido incrédulos. Aí há que ter cuidado.
E temos também outros “genes” – atenção aqui nada tem que ver com genética – que perduraram. Que entendem porque entendem, que se dedicam a entender. Acompanham as coisas e vão fazendo apontamentos. Como este que faço aqui.
E estes, às vezes aceitam que há quebras, que o mundo mesmo sem eles não vai acabar. Que há coisas que lhes (nos) pedem que não somos capazes de dar, ou não queremos. Que aceitam que nem sempre é para se ir à guerra, porque às vezes o mar está calmo. Que aceitam que há coisas que entendem, e outras que não entendem – e isso também é entender.
Não esticam, os braços, para tudo o que é viver atualmente nesta Terra. E é impressionante quanto há, quanto não há, tantas discrepâncias. A justiça ou injustiça é um tema delicado. Mas é bom lembrarmo-nos que ela está sempre presente e manifesta nos nossos desejos e anseios, assim como nas nossas ações. Neste exercício, responder ao para onde vamos é também um exercício individual. Quem sou eu? O que quero?
E depois de respondido a isso, saber: que forças eu tenho? E que lastros quero abandonar/deixar de parte?
Quem sou eu?
Uma pergunta tão simples, mas tão exigente. Tanto, que poucos a fazem ou vão fazendo.
Mara Castro Correia
Coach, consultora e psicóloga do trabalho e das organizações
maracastrocorreia@gmail.com