Registei com muito agrado o trabalho jornalístico, publicado no “Público”, do passado dia 15 de Julho, pelo jornalista caldense Carlos Cipriano, sobre a ameaça de desabamento dos emblemáticos pavilhões do parque. Eu próprio já por diversas vezes escrevi sobre o tema, bem como, enquanto activista político do Bloco de Esquerda, procurei através de propostas apresentadas, pelos deputados do meu partido, em sede de Orçamento de Estado, na Assembleia da República, contribuir para evitar o pior, que possa acontecer aos magníficos pavilhões do parque, da nossa cidade (propostas essas que já por duas vezes PS e direita chumbaram). O estado ruinoso dos monumentais pavilhões são uma afronta a todo o caldense que se preze.
Tendo consciência de que a completa sustentabilidade e reabilitação dos pavilhões (em boa hora mandados erigir, no século XIX, por esse notável homem público, com grandes serviços prestados às Caldas da Rainha, que foi Rodrigo Berquó) são uma obra complexa e cara, propôs o Bloco de Esquerda, como já anteriormente comecei por referir, que, em sede de Orçamento de Estado, se inscrevesse no OE uma relativamente pequena verba (qualquer coisa como 25o mil euros) para uma intervenção suficiente, mas urgente que garantisse a sustentabilidade daquele edificado. Mas esta proposta orçamental, que desde há dois anos consecutivos tem vindo a ser apresentada, pelo BE, foi, como disse, inexplicável e consecutivamente, chumbada, pela direita e pelo PS.
Espero que neste novo Orçamento de Estado, os deputados caldenses, na Assembleia da República, tenham um pouco de vergonha na cara e se unam na defesa dos magníficos pavilhões do parque, evitando a cada vez maior ameaça de desabamento, que, com tanto desleixo, caso nada seja feito, acabará por ocorrer. A premência de uma intervenção, do tipo da que defendo, é também referida no artigo de Carlos Cipriano que diz taxativamente o seguinte:
– “Um relatório do gabinete de Planeamento do Centro Hospitalar Oeste Norte, que tutela este património, diz que os pavilhões do parque apresentam ‘gravíssimos problemas estruturais, correndo o risco de ruir em vários pontos’. O documento a que o PÚBLICO teve acesso propõe uma intervenção estrutural, ‘que não condicione qualquer utilização futura mas que garanta a estabilidade do edifício durante mais 100 anos’”.
Espero, pois, que todos estes alertas não caiam mais uma vez em saco roto, evitando-se a muito lamentável queda de parte do edifício, que, como diz Carlos Cipriano, são “um verdadeiro ícone da cidade”. Caso nada se faça e o desleixo e a incúria continuem a fazer o seu caminho, como até aqui (com a responsabilidade ou cumplicidade de várias entidades responsáveis caldenses), estaremos, objectivamente, por via de tanta incúria e desmazelo, perante um frio e autêntico plano para a derrocada. Urge, pois, agir. Caldas da Rainha e a sua população merecem respeito.
Fernando Rocha
Deputado do BE na Assembleia Municipal das Caldas da Rainha
Os pavilhões do Parque
são um dos poucos Bilhetes de Identidade das Caldas, e quero dizer com isto, uma daquelas coisas que se olha e… não hajam dúvidas! É nas Caldas da Rainha, e mais nenhum lugar do mundo tem edifício algum parecido.
Será que esta genuinidade, não mereceria e não seria razão suficiente para toda uma população contestar, opinar, mobilizar?(população que ao contrário do Sr. Fernando Rocha, eu acho que nunca foi respeitada e tenho algumas dúvidas que mereça hoje ser respeitada até porque, não me lembro de ter dado provas, em tantos da minha vida, de merecer ser respeitada. Digo-o sem querer ofender os muito poucos que possivelmente merecem esse respeito.) Ele há uma quantidade de razões que se podem enumerar, e pelas quais esta população nunca emitiu, antes omitiu, tomadas de posição.
Possivelmente muitos serão aqueles que estarão contra o que aqui afirmo e encontrarão justificações para o contrariar e, de pouco servirá, da minha parte, dizer que se olharmos para esta cidade e, independentemente, ao que é inerente a ela, na natural evolução das cidades em todos estes anos, e que faz das Caldas uma bela cidade para se viver, se procurarmos identificar em quase 40 anos no que ela evoluiu, “fisíca”, culturalmente (ainda hoje me deixa atónito a afirmação de “Caldas, cidade de cultura”), e na mentalidade de uma população, eu colocaria nisso pouco mais de zero…
No que foi e no que perspectiva o seu futuro enquanto cidade (senão vejamos, o que e quem aqui se forma e se estabelece para além do que existe nas Caldas desde sempre e está mais em ruína do que sendo usufruído pela população) e, francamente… por muito que possa custar dizer isto mas afrontando a realidade do que uma cidade era, do que poderia ser, e do que é na realidade, as Caldas da Rainha no seu todo, em 40 anos, é um atraso de vida!