Ao longo dos últimos anos, têm sido dezenas as palestras, colóquios, debates, oradores de todas as áreas, mais ou menos especialistas, técnicos, ou políticos, estudos, relatórios, tudo sobre Hospital Termal, termalismo, águas termais.
Na passada semana, mais duas sessões. Uma com o Secretário de Estado, que nos veio dizer que o turismo de “saúde, bem-estar e lazer”, está em crescendo na Europa e no mundo e que existem fundos comunitários para recuperação do património, que é nosso caso, desde que exista um projeto concreto e sustentável. Desde que haja projeto, há financiamento. Outra excelente jornada sobre termalismo, com diversos oradores, abrangentes de áreas distintas e a apresentação do Estudo Prospetivo, “Rainha das Termas 2035”, onde podemos antever quatro cenários possíveis para daqui a 20 anos e uma proposta de estratégia.
Após tanto e tão profundo debate, somos detentores de privilegiada informação sobre a matéria, está tudo dito e em muitos casos repetido, de tal forma que pouco ou nada mais há a dizer.
Como disse o gestor das termas de Caldas da Taipas, é bom ter os projetos prontos, para quando chega o momento de os apresentar, não perdermos a oportunidade. Mas nós não temos nenhuns projetos e nada nem ninguém nos impedia de os ter. O facto da concessão ainda não estar concretizada, não era impedimento de avançarmos com projetos, para que não perdêssemos tempo e a oportunidade.
Dado fundamental a reter, por várias especialistas e relatórios afirmado, o histórico edifício do Hospital Termal, não tem condições para se manter como tal. Como alguém disse no dia da apresentação do “estudo prospetivo”, como Hospital Termal, é “história”. Poderá ser Museu, se necessitarmos de mais um e soubermos como se sustenta. Escola de termalismo. E não temos já curso de termalismo a funcionar e bem, na cidade? Importa definir a utilização a dar-lhe, porque a sua urgente recuperação está diretamente ligada à futura utilização. Quando há algum tempo, alguém contava a um turista irlandês que tínhamos a piscina da Rainha, questionou se lá podia tomar banho, com a resposta negativa, perguntou se éramos loucos. É sintomático.
O que fazer daquele edifício, quanto custa, quem vai gerir, qual a rentabilidade. Eis uma questão.
Onde instalar o hospital, quem vai geri-lo, com que sustentabilidade, qual o modelo de gestão, quem paga. Todos sabemos que o Município não tem condições nem vocação para tal. Outra decisão.
Os Pavilhões do parque, essa fenomenal “peça” única de arquitetura, multifuncional, a necessitar de intervenção urgente, será o quê? Hotel termal, dizemos nós de forma consensual. De quem, como vai ser feito o projeto. Tudo por responder.
O tempo corre e nenhuma destas questões está decidida, apesar de quase todas estarem respondidas, umas diretamente, outras nas entrelinhas das palestras, colóquios, debates e relatórios.
O segredo está em sintonizar todo este fantástico património num conceito único, que no seu todo se concretize como a verdadeira alavanca da nossa economia, porque o Hospital termal e o termalismo, não são um mero “up grade” da cidade e do concelho, são sim o motor do futuro desenvolvimento socioeconómico.
A questão, é se queremos perceber o que está dito e agir em conformidade.
Esta, não é uma oportunidade. Esta, é a última oportunidade.
Uma decisão que não pode ser tomada à “portuguesa”, como também alguém lembrou.
Os dados estão lançados, a questão é se os queremos perceber e decidir em conformidade, deixando de lado ideologias, ideias feitas, ou romantismos ultrapassados, que não nos levam a lado nenhum.
Não há mais tempo a perder, porque já estamos atrasados, muito atrasados.
De uma vez por todas e uma vez na vida, nesta cidade e neste concelho, é obrigatório pensar estrategicamente, ter visão de futuro e não olhar apenas ao imediato, sob pena de liquidarmos definitivamente a “galinha dos ovos de ouro”.
As gerações futuras não nos perdoarão, se não usarmos esta última oportunidade de lhes legarmos o que por pouco deixávamos morrer.
Rui Gonçalves