ANNUS MIRABILIS – Dose e circunstância

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Diz um amigo que a diferença entre um medicamento e um veneno, depende apenas da dose. Na verdade, qualquer medicamento tomado de forma exagerada, pode ser prejudicial à saúde, ou mesmo fatal. Eu acrescentaria, à dose, a circunstância, lembrando que um medicamento tomado em momento e de forma errada, ainda que na dose certa para o indivíduo, pode ser contra-indicado e danoso. O mesmo ocorre com a sorte e o azar: os factores que determinam a sorte podem resultar em azar, se a dose e a circunstância não forem as apropriadas. Fácil? Não, muito difícil, porque é da natureza humana ter uma visão distorcida da realidade, ora reduzindo ora aumentando as suas proporções.

Esta é a razão pela qual a Confraria dos Sortudos estabelece que a adequação, o equilíbrio e o alinhamento, são condições essenciais de admissão na comunidade das pessoas bem sucedidas. Ao contrário, o exagero, o desajustamento e a precipitação, impedem a pertença à Confraria, até mesmo de gente boa e voluntariosa que, não querendo ou não conseguindo corrigir-se, jamais alcançará o estatuto de Confrade Sortudo. Como se percebe, sortudos e azarentos podem possuir os mesmos recursos e capacidades, mas está nas suas mãos usá-los de forma correcta e apropriada, confirmando o velho provérbio “a todos são dadas as chaves do céu, mas as mesmas chaves abrem as portas do inferno”.
A relação entre a sorte (ou o azar) e os factores que a determinam, deve ser considerada e respeitada por todos, sendo mais um problema de consciência e lembrança – mas também de interesse e aceitação – do que de conhecimento ou saber. Por outras palavras, quando se juntam determinados ingredientes de atitude e comportamento, o resultado mais provável, ou mesmo inevitável, será a sorte ou o azar, da mesma forma que um mais um é inevitavelmente dois. Na canção “A História do Mamute”, os brasileiros El Bando recordam esta relação de causa-efeito, cantando: “O mamute pequenino queria beber/tentava e tentava e não podia beber/um urso seu amigo tentou resolver/e seis litros de whisky fez ele beber…/(o que aconteceu a mamute?)/Cirrose, no mamute deu cirrose/Cirrose, no mamute deu cirrose”. Pois é, todos os dias vemos mamutes com azar.

 

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