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Informo, para esclarecimento de quaisquer dúvidas, que a minha última crónica, publicada a 1 de Abril, era mesmo uma completa mentira. Esclarecido, vamos ao assunto. Inaugurado o novo espaço do turismo, poderia funcionar como um tónico para uma nova atitude perante as questões do turismo. Mas não. Vem isto a propósito da inexistência de informação nas unidades hoteleiras da cidade, sobre o que é possível visitar, exceção feita à programação do CCC, a única existente. Ou seja, sobre o que temos em matéria cultural, ambiental, desportiva, eventos, património, ou mesmo os elementares mapas da cidade… nada de nada. Curiosamente, existe informação de Alcobaça, Óbidos, Aljubarrota, do Festival do Chocolate, mas de Caldas, nada. O CCC, tem a informação da respetiva programação na maioria dos hotéis e é caso para perguntar por que não se articula a distribuição na globalidade e de uma só vez. Quem faz uma coisa, faria também a outra. Simples, funcional e barato. Pois, mas isso, somos nós a pensar. Quem pensa que isto se resolve com o “City Guide” e os códigos “QR”, está completamente enganado. A maioria das pessoas não está familiarizada, nem faz uso destas novas tecnologias e como tal, ou a informação está no sítio certo e vai ao encontro das pessoas, ou as pessoas não têm a informação e não vão visitar o pouco que temos para lhes oferecer. É verdade que podíamos ter turismo ambiental, mas não temos. Também somos uma cidade de cerâmica, mas não se informa ninguém por andam os ceramistas. Até temos todas as condições na Lagoa e no Paul de Tornada, para explorar essa vertente turística em crescendo em todo o mundo, que é a observação de pássaros, mas não exploramos coisa nenhuma. Sei que também temos um Hospital Termal, mas isso para já, não conta. Mas temos um Parque e uma Mata. Uma Praça única. Um Centro de Artes com vários Museus. Uma Rota Bordaliana e outra Ferreira da Silva. Um percurso com “estórias”, que um dia irá funcionar, espera-se. Até temos uma lagoa e condições para a prática de atividades náuticas. Temos eventos pontuais, aos quais poderíamos dar alguma dimensão, se os anunciássemos com a devida antecedência. Por exemplo, onde está a informação sobre a tal “Festa da Cerâmica”? Não está. Ou da Feira da Hortofruticultura? Nada disto está a ser divulgado. Aqui ao lado, em Óbidos, o festival Literário – Folio, que é em Setembro, tem programação definida e já foi apresentado há um mês. Pois. E isto é simples, basta copiar por quem sabe e fazer. Se não divulgamos aquilo que temos, quem vem de fora, se é que vem, não adivinha. Por outro lado, é urgente uma política integrada de turismo, que comece por uma definição clara do termalismo que queremos, como mola impulsionadora, não só de outras actividades económicas, mas também de outras actividades turísticas. Até ao momento, não se vislumbra uma única ideia estruturada, do que se pretende fazer em matéria de termalismo. É preciso perceber que a “Cultura”, é cada vez mais um produto turístico e não podem andar cada um para seu lado, à deriva, como “quintas” de seu dono, sem que exista interligação entre ambos. Como se não bastasse, temos por aí pequenas “coisas”, que aparecem cada uma por si, exatamente porque não existe uma estratégia, como se de um “produto” global se tratasse. Por si só, nenhuma tem impacto suficiente para se constituir como polo de atração de quem quer que seja. Com esta ausência de política integrada para o turismo, não vamos nunca atraír pessoas e desenvolver essa atividade económica, fundamental para o desenvolvimento socioeconómico do concelho e da região.
Rui Gonçalves