José Luiz Almeida e Silva
Ao ouvir o ministro Manuel Pizarro, sobre a opção de transferir o CHO com muitos trabalhadores de um local com uma tradição e experiência de mais de 5 séculos, apetece-nos perguntar se tomaria a mesma decisão se o novo local fosse liderado pelos irmãos Barreiras Duarte?
O tema pode parecer descabido, face à quase totalidade dos municípios, sustentados por maiorias afins, julgar certa a nova opção.
Em nosso entender os dirigentes do Bombarral estão no pleno direito de reivindicarem a construção de uma infraestrutura que vai alterar de forma radical o perfil do seu concelho, aceitando esta “oferta” oportunista do seu partido, mas contudo estranha-se o sepulcral silêncio do Presidente do República e do Primeiro ministro, perante tão inusual decisão, que pode dar lugar a outras no país se se seguir a mesma regra de régua e esquadro.
Bastava fazer um exercício idêntico para outras regiões e infraestruturas, usando o mesmo argumento técnico, para se abrir uma caixa de pandora de contestação.
Caldas da Rainha, e as suas lideranças, fizeram tudo ao longo das últimas décadas para serem castigadas desta forma, quer pela reiterada ausência de sentido estratégico das decisões que foram tomando, como pela falta de instrumentos de planeamento e de sentido de futuro, quer de consensos locais sobre questões estruturais. A população também foi desinteressada e desinteressou-se por estes assuntos.
O projeto região Oeste está também em risco de se perder, como ideia comum dos municípios que a compõem, pela atuação atrabiliária e de pequenos interesses e vinganças. As pequenas facadas mútuas fazem perder desafios de longo prazo em que a região devia funcionar unida e mobilizada. Os pequenos líderes ganham no curto prazo e perdemos todos no longo prazo. ■