Diz o Papa Francisco na Exortação Apostólica “Cristo Vive” que “A Palavra de Deus diz que os jovens devem ser tratados «como irmãos» (1Tm 5,1)… Um jovem não se pode sentir desanimado, é próprio dele sonhar coisas grandes, procurar largos horizontes, atrever-se a mais, querer conquistar o mundo, ser capaz de aceitar propostas desafiantes e desejar contribuir com o melhor de si mesmo para construir algo melhor”
Foram estes sentimentos que encontrei nos alunos, nos professores e nos demais funcionários do Centro Social Paroquial durante este ano em que aí dei aulas de Religião Moral.
Meninos e meninas cheios de ânimo, cheios de sonhos, cheios de vontade de crescer e de fazerem a diferença num mundo tão dilacerado. Meninos e meninas bem orientados, com amor e carinho, por docentes e não docentes que partilham saber e, sobretudo a esperança de poderem iluminar o futuro com um coração transbordante de alegria.
A Alegria é um dom do Espírito Santo, ao qual damos pouca importância mas é um dom fundamental e estruturante do ser cristão. Podemos ver, em vários momentos da Sagrada Escritura, que a alegria é sempre mote para os grandes anúncios.
Faço aqui um desafio. Perguntemo-nos o que mais nos atrai, a alegria ou a tristeza?
O cristão é chamado a fazer apostolado a partir duma alegria contagiante, como espelho da graça de ter o seu ser impregnado de Deus. As grandes amizades nascem, muitas vezes, dum alegre sorriso que inspira confiança e compreensão.
Diz o povo e é bem verdade que “tristezas não pagam dívidas”, o cristão nasce da alegria maior, da Ressurreição de Cristo, que para nós venceu a morte e nos abre as portas dos Paraíso. Com este futuro como horizonte, não temos motivos, irmãos, para andarmos tristes. Acolhamos o dom da alegria e imitemos estas crianças do nosso Centro Social. Permitamos deixarmo-nos rodear por elas sentindo na sua ingenuidade o que Deus tem para nos oferecer e, porque o que Deus nos dá é para levarmos aos outros… levemos alegria!
No final de mais um ano lectivo os alunos, do primeiro ciclo, trouxeram ao Parque Dom Carlos uma peça de teatro sobre a fundação das Caldas da Rainha. Foi maravilhoso o que aprenderam sobre a importância da Fé, da Esperança e da Caridade na edificação de uma cidade. Perceberam que a Misericórdia que a Rainha Dona Leonor usou para construir o Hospital Termal e a Igreja do Pópulo é o pilar mais importante da vida de cada um.
Um menino deixou-me com os olhos rasos de água ao dizer: “Agora que conheço a história das Caldas da Rainha tenho muito orgulho em ser caldense e em ser cristão!”
Neste desabafo inocente e espontâneo realiza-se um comentário do Papa Francisco não só aos cristãos, sendo eles pais, catequistas, educadores, sacerdotes, como a toda a sociedade em geral: “os jovens estão projectados para o futuro e enfrentam a vida com energia e dinamismo. No entanto, por vezes, prestam pouca atenção à memória do passado donde provém, em particular aos numerosos dons que os pais e avós lhes transmitiram, à bagagem cultural da sociedade em que vivem. Ajudar os jovens a descobrir a riqueza viva do passado, fazendo memória e servindo-se deste para as próprias decisões e possibilidades, é um verdadeiro acto de amor”(CV 187).
Para contar das nossas raízes, o Parque encheu-se de pais, amigos, familiares, turistas… mas o mais bonito foi a alegria contagiante dos meninos que cativou quem passou, nos cânticos, nos pregões para vender produtos que cultivaram ou fizeram, nos sorrisos, nas gargalhadas… na ALEGRIA!
Margarida Varela
Professora de EMRC