David Leandro Ribeiro – Um antigo estudante de Coimbra… residente das Caldas da Rainha e líder do CDS na AM – II

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Esta é a segunda parte da outra faceta artística e cultural do advogado David Ribeiro, que nos deixou há semanas, que foi deputado municipal onde foi líder da bancada do CDS entre 1982 e 1985, candidato a Presidente da Câmara em 1985, como também foi deputado na Assembleia da República na III Legislatura

Luís do Nascimento Ferreira

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Em 2007, com o “Grupo Alma de Coimbra”, por ocasião do encerramento da Presidência portuguesa da União Europeia, foi aos Estados Unidos, tendo atuado em Washington e Nova Iorque.
Em 2007, também com aquele grupo, e em cerimónias alusivas a Portugal, atuou em saraus em Goa, Damão e Cochim.
Teve ainda digressões artísticas por Macau (atuando no Palácio do Governador e no Senado) e Hong Kong, e ainda em 2007, com o referido grupo, fizeram uma digressão por Timor, tendo atuado na capital Dili.
Integrando a Tuna dos Antigos Tunos da Tuna Académica, foi escutado em variações e acompanhamento à guitarra dos cantores, numa digressão por Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.
Em 2011, com o “Grupo Alma de Coimbra”, foi á Áustria e à República Checa, tendo aqui atuado nas cerimónias do 10 de junho (Dia de Portugal) numa receção oferecida pelo embaixador de Portugal em Praga ao respetivo corpo diplomático. Nessa oportunidade, os diversos diplomatas estrangeiros, não obstante o desconhecimento da nossa língua, expressaram à comitiva eloquente admiração pela (para eles) incomum melodia musical que haviam escutado, detendo-se em especial na guitarra do David, que, na ocasião, teve que os brindar com mais variações a solo…
Participou, também, em diversas serenatas de Coimbra transmitidas em direto pela Rádio Televisão Portuguesa (ainda nos antigos estúdios de Lumiar) e pela então Emissora Nacional e pela Rádio Renascença.
Referência a José Niza: No tempo do liceu, quando estudou no Liceu de Santarém, o David conheceu José Niza, logo aí se gerando um duo musical: David à guitarra, Niza à viola. Indo para Coimbra na mesma altura (Niza para Medicina), tocaram juntos, integrando vários grupos de fados e levando a outras paragens a música de Coimbra. José Niza celebrizou-se como inspirado compositor musical, sendo de sua autoria a música do “Cantar de Emigração” (este parte, aquele parte e todos, todos se vão, oh terra, ficas sem homens que possam cavar teu pão…).
Nesta peregrinação por memórias, que apetece não terminar… refiro a criação, em 1997, do “Grupo Jurídico do Canto e Guitarra de Coimbra”. Antigos cantores e instrumentalistas desde os tempos de Coimbra, criámos, em Lisboa, esse grupo constituído por advogados (daí a designação do grupo). David Leandro era o 1º guitarra do grupo, sendo Lopes de Almeida o 2º guitarra, e violas António Toscano (um decano do fado do fado de Coimbra, grande acompanhante musical de Luís Gois) e Levi Batista (outro decano que, na década de 50, conjuntamente com outros, gravou, em Madrid, com Luís Gois, o disco “Coimbra Quintet”, que veio a ser, durante anos, o disco português com maior venda no estrangeiro). Sou um dos cantores desse grupo, juntamente com Arménio Marques dos Santos e Rodrigues Rocha.
Inúmeras são as atuações do “Grupo Jurídico”. Entre tantas, refere-se: deslocação a Luanda, em 2000, no âmbito de um intercâmbio entre a Faculdade de Direito de Coimbra e a Universidade Agostinho Neto de Angola; atuação nos Claustros do Mosteiro dos Jerónimos (congresso internacional de advogados); atuação na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa (impulsionada pelo ex-Presidente Jorge Sampaio) para comemoração das greves académicas de 1962; atuação no Teatro Sá da Bandeira, no Porto, em espetáculo de solidariedade em benefício do Banco Alimentar contra a fome; atuação no Palácio da Bolsa do Porto; Diversas atuações no Casino Estoril, em comemorações alusivas à academia de Coimbra; atuação numa homenagem a Carlos Paredes; atuação no Teatro Sá de Miranda, em V. do Castelo, num longo sarau brilhantemente apresentado por Álvaro Laborinho Lúcio, antigo estudante de Coimbra, ex-ministro da Justiça, que pouco tempo antes cessara funções; atuação no Ministério da Justiça numa homenagem prestada pela então ministra da Justiça a Almeida Santos, que foi o primeiro ministro da Justiça da era dos governos constitucionais.
Fica na memória o júbilo das pessoas que nos ouviam e compartilhavam connosco o canto da “Trova do Vento que Passa”, de Manuel Alegre, magistralmente esculpida na guitarra pelos estudantes de Coimbra! Ao ouvir-se os primeiros acordes dessa peça executados pelo David, sabia-se que se ia ouvir a perfeição…
Só minorada pela saudade que dele sinto, porém confortando a irremediável ausência com a recordação da alegria por tantas horas de fraterna amizade pessoal e académica, concluo este brevíssimo resumo da vida do David, aludindo à participação pública que teve no nosso concelho: foi candidato à Câmara Municipal de Caldas da Rainha pelo CDS-PP, tendo sido também Deputado Municipal.
Ernest Hemingway, na sua obra “Por Quem Os Sinos Dobram”, diz que “nenhum homem é na vida uma ilha isolada; a morte de um deles é a morte de um pouco da humanidade, por isso quando ouvires os sinos dobrar, não perguntes por quem, pois eles dobram por ti, também”. Em sintonia com os sinos de Hemingway, dobra, em luto pelo David – e por nós, académicos de Coimbra- o sino da torre da velha Universidade de Coimbra! ■

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