Dora Mendes
técnica de museu
Regressei recentemente de uma viagem ao outro lado do mundo. Parti sem expetativas criadas, sem conhecer ninguém, de coração e mente aberta à experiência.
Parti também sem “bagagem”, deixando assuntos, rotinas, máscaras e tudo o que diariamente carregamos no nosso dia-a-dia. Engraçado como é eficaz essa estratégia de nada levar, abrindo espaço para tudo trazer… os dias parecem multiplicar-se e de repente dez dias parecem seis meses.
Se na ida fui despida, regressei vestida de mil cores, com uma bagagem cheia de sentimentos e experiencias, e uma vontade enorme de as partilhar. E também de regressar.
Escrevia, no regresso, que há muitos sítios que já visitei de onde não me apetecia voltar, pessoas que não queria deixar. Mas poucos foram aqueles em que me senti verdadeiramente em casa, em que me sinto chamada a voltar.
Trago paisagens ilustradas na memória, águas de um mar quente que me aconchegou o corpo, experiências incríveis que me fazem acreditar que o impossível é realmente nada (recordando aqui um grande amigo), mas acima de tudo trago sorrisos impressos em rostos, felicidade e simplicidade no viver.
Que se registe que não falamos de um país de terceiro mundo, quando temos na vizinhança, um, senão o maior centro de inovação tecnológica do mundo, pioneiro na economia digital. São regulares as pontes áreas que acontecem diariamente entre norte da Europa, Singapura, Austrália ou mesmo EUA, e Bali, fazendo encontrar nesta última um conjunto de pessoas que vivem naquele que é um paradigma cada vez mais actual e apelativo para muitos.
O mundo avança, as crises multiplicam-se, assistimos em pleno século XXI a guerras e crises humanitárias com as quais não queremos compactuar, sequer conviver… Expectamos um emprego, ou vários se possível, em que sejamos felizes e tenhamos tempo para viver e experienciar o mundo, ao invés de criarmos património e riqueza material. Não nos revemos nas políticas vigentes, não acreditamos nos programas governamentais de tantas promessas incumpridas e comportamentos inadequados. E estamos, finalmente, a largar um sentimento de orfandade que durante décadas vivemos sob a promessa de um pais, ou países, que cuidariam de cada um de nós em troca de uma participação social e vida em comunidade.
Não se trata de uma anarquia ou de fugir do sistema. Mas somente de não ficar à espera que alguém faça por nós, o que nos é dado por direito fazer: VIVER!
E o que trago de Bali, que não é de todo novidade porque também é uma realidade em crescente por aqui, é precisamente este novo paradigma, esta nova liberdade do FAZER. Uma liberdade que responsabiliza, que traz consigo uma entrega do EU ao risco inerente, ao sucesso ou ao erro, mas que acima de tudo se foca no futuro sem perder o prazer de viver cada passo no caminho.
“The most important measure of success is not status, power, or wealth. It´s how much freedom you have – and how much freedom you give. Choosing how to spend your time and share your ideas is a right. Using your resources to help others gain that right is a responsibility.” Adam Grant