Editorial: Bombarral II

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José Luiz Almeida e Silva

O que é que o município do Bombarral esperaria da reação das Caldas da Rainha? O que é que o Bombarral faria, no caso inverso, em que fosse transferido à boleia de uma decisão pública, uma infraestrutura que se situasse ali com mais de um milhar de trabalhadores e vários milhares de utentes?
É evidente que o principal resultado da prometida decisão pública é um forte e irreversível choque assimétrico no desenvolvimento de uma cidade e de um concelho, fundado à luz de uma infraestrutura central concreta!
Mas a decisão anunciada baseia-se nalguma lógica das exigências que existem para tal num horizonte de 20, 30 ou mais anos? E a contar-se com as transformações possíveis e esperadas no tipo de cuidados, do género societário público e privado, na existência de recursos humanos (cuja falta já hoje se verifica e tende a agravar-se), a lógica da decisão tomada hoje tem viabilidade nesse futuro próximo?
Anunciar para o futuro um hospital com todas as especialidades e áreas de serviço, quando muito provavelmente, com as inovações e novas estratégias de assistência hospitalar, isso é impossível e tecnicamente inviável, estamos perante uma fraude.
A realidade já existente hoje aconselharia prudência e sensatez, e prioritariamente estudar o novo paradigma hospitalar, que terá em linha de conta um novo sistema de saúde e de assistência médico/hospitalar, diametralmente oposto ao atual, porque a prazo incomportável e inviável.
Espalhar pelo país hospitais com todas as especialidades e serviços, mimetizando o modelo dos hospitais centrais, é a ilusão que levou o atual sistema já a falhar no presente. ■