Há alturas mais apropriadas do que outras para nos questionarmos como comunidade, como cidade, como concelho: Quem somos? Quem fomos? O que queremos vir a ser?
Alguns dos autarcas impedidos de se candidatarem ainda (sempre?) uma outra vez aos lugares a que se acomodaram, dizem que são vencidos pela secretaria. Puro engano. Não há qualquer secretaria envolvida neste assunto. Trata-se de uma questão puramente democrática. É preciso dar lugar à democracia. Deixar-lhe algum ar para que respire. Não a sufocar inteiramente. O pluralismo e a alternância são fundamentais. Concordo com esta lei. Considero-a mesmo indispensável. Apesar dos dislates a que dará lugar ao ser aproveitada, em desespero de causa, para uma espécie de “dança de cadeiras” que só envergonha os autarcas nela envolvidos.
Há uma especificidade própria na origem desta cidade. As Caldas da Rainha nasceram à sombra de um Hospital. O que é desde logo um começo inusitado. Nos finais do século XIX quisemos tornar-nos uma estância termal, a exemplo de outras da Europa da época, mas tal desígnio não foi possível. Tivemos cerâmica, que fomos perdendo e que vamos tendo cada vez em menor grau. Tivemos comércio, que vemos decair diariamente. A História deixou-nos um património, a maior parte em ruínas, ligado ao Hospital Termal, do qual ninguém sabe muito bem o que fazer. Não pertence à Câmara, não pertence à população das Caldas, o Ministério da Saúde quer livrar-se dele. Ninguém parece ter uma ideia válida quanto ao rumo a dar-lhe.
Somos um concelho que desconhece a sua identidade própria, que não sabe o que é nem o que quer ser. Mas estamos na altura de reverter essa situação. Temos que debater o nosso futuro. Posicionarmo-nos perante ele. Um coletivo só se torna uma comunidade se souber pensar e pensar-se. Devemos saber colocar questões sobre nós próprios. Pormo-nos em causa. Partir daquilo que existe e que temos sido para criarmos novos modos de ser e de existir. Até porque a política (também) é a arte do possível.
Há momentos mais adequados à diferença do que outros. As circunstâncias são determinantes para que se crie um campo em que a diferença ocorra, se torne uma possibilidade, uma oportunidade. Nas raras ocasiões em que podemos fazer a diferença, no mínimo devemos questionar-nos: porque não? Fazer diferente: eis um bom lema para as Caldas da Rainha! E isso está nas nossas mãos, entre outras coisas, através do sentido dos nossos votos nas próximas eleições autárquicas.
É por isso que apoio a candidatura de Rui Correia, candidato independente pelo Partido Socialista. Porque esta é uma oportunidade de mudança, de fazer diferente, de ter uma visão e um desígnio para o concelho das Caldas da Rainha. Reconheço no Rui a capacidade, a vontade e a motivação necessárias para o exercício da função autárquica de um modo inovador, mais consentâneo com os novos tempos e os desafios que estes nos colocam. Sei do que falo porque vários são os contextos que me têm levado a trabalhar em equipa com o Rui, desde logo o profissional. Acredito nesta candidatura e na possibilidade de mudança que representa para todos nós. Faço por isso um apelo ao apoio cívico e à participação empenhada na candidatura de Rui Correia à Câmara Municipal das Caldas da Rainha e ao voto na lista que vier a encabeçar
Isabel Xavier































