Tudo isto para agradecer aos amigos que se preocuparam com a minha saúde, após desmaio, na minha rua, que assustou o meu “enfermeiro” de circunstância, José Carlos Faria, que tudo viu e me impediu de bater com a cabeça na parede.
Um especial bem-haja para o meu amigo médico José Gaspar Ferreira, que avisado pela minha amiga Margarida Araújo, chegou antes da ambulância e logo me tranquilizou.
As oito horas que passei na Urgência do Hospital das Caldas, a rebentar pelas costuras, é que não foram brincadeira.
Com excepção do médico que me atendeu…e bem!, o segurança e a enfermeira da triagem, que me enfeitou com uma bonita pulseira amarela, o atendimento subsequente foi um caos (des)organizado, digno de Kafka ou Marx (Groucho!), se não estivessem em causa a saúde e a vida das pessoas.
Pessoal com batas de diversas cores, não identificados, doentes a ter que “disputar” cadeiras rotas e espaço com as macas dos doentes graves.
Senhoras enfermeiras, presumo, a falar, alto e bom som, dos móveis que não receberam em casa porque as paredes não estavam pintadas…
Outra a dizer a uma doente, aparentemente grave, que: “se não quiser ser picada há outros à espera!”…
Quando protestei por excesso de tempo de espera para tirar sangue para análise, ouvi por duas vezes: “há doentes mais urgentes…se não quiser esperar pode ir embora!…
Quando fui à recepção (já só esperava o resultado das análises), para ver a minha mulher e o meu filho, acabados de chegar de Lisboa, tive que ouvir: não pode sair daqui!… se o fizer é à sua responsabilidade.
Enfim, sabemos que os meios disponíveis não podem satisfazer tudo e todos absolutamente, mas a desumanização, a insensibilidade, a rispidez a que assisti sobre idosos fragilizados, humildes no tratamento respeitoso, quase envergonhado: “Sra. enfermeira… sim… Sra. enfermeira… obrigado. Sra. enfermeira…”
não deveria ser a regra.
Há o Protocolo de Manchester (aqui não respeitado ) e há o Protocolo da Dignidade Humana que todos devemos respeitar.
Apesar do caos, não custa nada ser compreensivo para quem sofre, ou está sob a pressão da dúvida.
O meu caso era, felizmente, uma intoxicação alimentar.
Obrigado a todos… e desculpem qualquer coisinha…
Jorge F. Ferreira